Após ouvir relatos, Flávio Valle,
subprefeito da Zona Sul, diz que é necessário entender a “teia” criminosa nas
marmitas clandestinas
Amanda Raiter
Refeições para viagem de 12
reais, em média, com direito a frango assado e complementos podem ser suspeitas
e são. Em algumas, há até carne, um dos itens mais caros nos mercados.
Subprefeito
da Zona Sul, Flávio Valle, conta que, ao apreender 200 quentinhas
apreendidas este mês, colheu relatos que fizeram entender que, na verdade, há
uma teia criminosa, com indícios de que as quentinhas clandestinas podem conter
ingredientes obtidos em roubo de cargas. Ou seja,
não
é apenas o perigo da falta de procedência dos ingredientes, exposição a efeitos
climáticos como sol e chuva ou não ter condições ideais de armazenamento e
temperatura, riscos que devem ser evitados, se possível.
Segundo Valle, não existe
aquela figura imaginária de uma pessoa que vai a um atacarejo, nome dado aos
supermercados que vendem por atacados, e que esquentam o umbigo no fogão para,
no dia seguinte, vender na Lagoa. “Trata-se de uma indústria,
que produzem grandes quantidades para estas pessoas, que revendem nos pontos
pela cidade. É similar a uma milícia e há a preocupação de que este mercado
clandestino seja também criminoso. Olha o preço da carne e calcule se daria
para fazer uma quentinha de R$ 12 reais. Procedência deve ser de mercadoria
roubada, carga roubada”, afirma o subprefeito da Zona Sul, que atribui
a desordem à falta de fiscalização na cidade de cinco ou quatro anos atrás, na
gestão Marcelo Crivella.
Para que as operações deem
certo, a velha máxima de quanto menos gente sabendo é melhor, segundo Flávio. “Tentamos
não acionar muita gente para não vazar que haverá operação. O tamanho do
comboio, por si só, já chama atenção. É de suma importância e causa desemprego
em bares e restaurantes”, completa. Bairros como Lagoa, Ipanema e
Leblon são os que mais têm demando as ações. Porém, uma equipe
do DIÁRIO DO RIO flagrou quatro pontos de venda de quentinhas
em Copacabana, bairro que deve atrair turistas em peso, três deles
na Rua Rodolfo Dantas, que fica na lateral do Copacabana
Palace, e outro com placa grande em um trailer bem na esquina da Avenida
Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Inhangá, a poucos
metros de um restaurante. “Copacabana também entra no radar, mas precisamos ser
discretos, sem comboio grande, pois os vendedores fecham o carro. Então
optamos por fazer uma operação menor, porém mais eficaz”, justifica Valle,
que alega não acionar a Secretaria Municipal de Ordem Pública para
que haja mais flagrantes.
Título, Imagens e Texto: Amanda
Raiter, Diário
do Rio, 19-12-2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-