A Toca do Lobo
O Rio de Janeiro está a um suspiro de deixar de ser uma cidade para se consolidar, de vez, como uma metáfora perfeita: a da rendição oficial e hipócrita. O que se desenha, de norte a sul, não é apenas um território "fatiado," é um buffet à la carte para o crime organizado, onde o poder real não apenas rivaliza, mas humilha o Estado. Fuzis de última geração, explosivos acionados por drones, "granadas improvisadas com precisão cirúrgica" — parecem detalhes de um press release de start-up terrorista, não de um problema social.
Nos últimos meses, a escalada
de poder desses grupos ganhou um verniz de profissionalismo. O arsenal se
sofisticou, os ataques às forças policiais viraram ações de marketing
estratégico e o domínio territorial é agora a única geografia palpável. Em
qualquer lugar que ainda tenha pretensão de ser nação, chamaríamos isso de
terrorismo.
Mas aqui, segundo órgãos
oficiais, é apenas um “problema social complexo,” um eufemismo que a elite
social e a grande mídia desenterram do armário para evitar chamar bandido de
bandido. É o famoso atestado de bom moço passado para quem opera com fuzil e granada.
A grande mídia, num espetáculo
de contorcionismo moral, não só alivia a barra como, em certas matérias, parece
que está narrando a ascensão de líderes comunitários injustiçados. O traficante
não é um criminoso; é um "empreendedor da miséria," uma "vítima
do sistema," um novo Robin Hood que distribui migalhas e medo.
Essa mesma inversão moral alcança o palco: redes sociais e plataformas de streaming — cúmplices de um novo show business bizarro — transformam sujeitos notavelmente imunes a qualquer traço de voz, ritmo ou talento musical em "astros pop." O currículo? Cantar abertamente os hinos do crime organizado para plateias de incautos e aclamadores, bancando a fábula de que a falta de lei é, na verdade, um estilo de vida cool e autêntico. O crime virou produto; o terror, entretenimento.
Take it easy, this is
Chipanzil.
Enquanto essa inversão dita a
narrativa, o presidente vem a público e oferece mais uma pérola: “traficantes
são vítimas dos usuários.” A frase, de um cinismo olímpico, encerra a inversão
moral de nosso tempo: a culpa é sempre do outro; o criminoso é o romântico
sintoma da desigualdade. A população — essa sim, a verdadeira vítima — vive
acuada entre a indiferença ensaiada dos gabinetes e o poder que cresce a cada
fuzil exibido.
Ontem, a pontual e desesperada
reação do Estado para tentar retomar o controle das ruas foi, previsivelmente,
massacrada por ONGs (sempre elas, operando com a precisão de um relógio suíço
da indignação seletiva) e, claro, questionada por tribunais que parecem mais
preocupados com a retórica dos "direitos humanos" dos bandidos do que
com o direito de viver em paz do povo que trabalha.
A balança da Justiça pende perigosamente para o lado de quem tem metralhadora e advogados poderosos e muito bem pagos. E, enquanto o poder se perde em discursos brandos e na romantização do crime, as facções se fortalecem com uma certeza indestrutível: ninguém terá a coragem cínica de chamá-las (e tratá-las) pelo nome certo: terroristas.
Texto e Imagem: A Toca do Lobo, 30-10-2025
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