sábado, 25 de outubro de 2025

[Versos de través] Para merecer a poesia + Pastoral

Joel Henriques

Para merecer a poesia

A poesia não vem de uma torre
Mas da profundidade de um poço.
Por que motivo eu tanto a ouço?
Por que razão ainda ela corre?

A palavra que vem não se deduz
Da altivez da alma iluminada
Ou da estratosfera de um nada:
A água desde o fundo já é luz.

E nasce o seu fio de areia
No meio do deserto sem ninguém,
Mas bebo toda a água que vem:
Não é de quem merece, mas se abeira.

O antes e depois não a seduz:
A água desde o fundo já é luz.

Pastoral

Nos campos do Mondego
Há ovelhas;
Também carneiros e cordeiros.
Há presente, passado e futuro
Apesar do nevoeiro.
Nos campos do Mondego
Vislumbro tudo
O que na realidade
Pode haver.

De qualquer ideia extraordinária
Sobram palavras;
Formam períodos e capítulos.
Porém, sei, não a prendo
Com o meu grito.
Da ideia concretizada pouco há a dizer:
Os animais comem as ervas
E elas voltam a crescer.

Joel Henriques

Anteriores:
Um Deus + A Liberdade 
A Palavra + O Sol 
A Noite + As Aves 
A Estrela + A Casa 
A Flor + A Terra 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-