sexta-feira, 17 de outubro de 2025

A esquerda que grita ao passado e se cala no presente

Miguel A. Baptista

A esquerda gosta de carregar a dor da escravidão que os povos africanos sofreram. Carrega-a com fervor moral, como se fosse sua, como se o passado se purificasse à força de indignação retroativa. Essa dor, legítima, sem dúvida, nada devolve a quem foi escravizado. E, no Ocidente, a escravatura acabou há mais de século e meio. 

Convém recordar um detalhe que raramente entra nos manuais de virtude progressista: a esquerda teve pouco, muito pouco, protagonismo no abolicionismo. Os verdadeiros motores da abolição foram cristãos, evangélicos anglicanos, metodistas e quakers, que viam no ser humano um filho de Deus, único e irrepetível. Para eles, a escravatura era incompatível com a dignidade humana. 

Pois bem, os que hoje gritam contra a História são muitas vezes os mesmos que se calam, ou alinham, perante os ultrajes do presente. São cúmplices, por ação ou omissão, da opressão imposta às mulheres por fações islâmicas retrógradas que as confinam à sombra e lhes negam o direito de existir no espaço público. 

Hoje, ao votar contra a proibição da burka, a esquerda escolheu, consciente ou dissimuladamente. ficar do lado errado da História. Votou contra a dignidade e a favor da submissão. 

Shame on them. 

Título e Texto: Miguel A. Baptista, Corta-fitas, 17-10-2025

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