Sob o manto da noite me aqueço, Ela é o amparo encontrado
Mais do que a morada com telhado
Que mostra no pulsar o seu avesso.
Escolher o desejo tem o preço
De ter o coração desabrigado.
Porém, na escuridade deste prado,
Outra felicidade entreteço.
Despe os ramos o vento de setembro
Até outro inverno elemental
Que acende o lume do madeiro.
Então acorda em pleno o céu que lembro,
Estraleja o ribeiro pelo vale,
Poema do desejo mais inteiro.
As Aves
Onde cantam nos cedros muitas aves.
As sílabas ecoam tão suaves
Que toda a linguagem é alada.
Bebe com distância o nada
E transmuda o lastro de horas graves
Por meio da fundura e das traves,
Para lá da altura aluada.
Por mais que muitos livros eu tresleia
Ou percorra a luz daquele veio,
A sombra tem o peso, muito séria.
Ela será o corpo da ideia
Enquanto no caminho devaneio;
Os pássaros, a alma da matéria.
Joel Henriques
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A luz passageira do dia
A morte
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