terça-feira, 22 de julho de 2025

Sobre a ingenuidade de americanos e o fado de portugueses


Paulo Hasse Paixão 

Os americanos, muito americanos, Natali e Clayton Morris, do dissidente e recomendável canal Redacted, viveram em Portugal durante cinco anos. E celebram, no vídeo em baixo, com alguma e característica ingenuidade, a lei que o Chega!, a opinião pública e os acontecimentos em Espanha forçaram o PSD a fazer passar na Assembleia da República, e que, talvez surpreendentemente, restringe pela primeira vez o fluxo imigratório que está a transformar o país numa colónia muçulmana.

Não creio que esta lei vá mudar seja o que for, para ser sincero, porque vivo aqui há 58 anos e sei perfeitamente que quem manda neste país não são os políticos eleitos, mas o arco corporativo dos burocratas de Bruxelas e dos interesses empresariais. Porque sei bem que a agenda de Montenegro é copiada da agenda de Merz, de Starmer e de Macron e na capa de finíssima pele de camelo tem gravada esta máxima:

Quanto pior, melhor.

E de qualquer forma, o mal já está feito, porque enquanto os portugueses têm 0,2 filhos por cabeça, os paquistaneses têm quatro ou cinco. Daqui a vinte ou trinta anos a nação será não de Cristo, mas de Maomé. E não há nada que se possa fazer contra isso. Não há maneira logística (nem política) de deportar um milhão de estrangeiros, agora, ou cinco milhões, daqui a umas décadas.

Seja como for, não deixa de ser divertido ouvir o casal americano, que sigo regularmente e que deveras considero, elevar Portugal ao estatuto de país charneira no combate ao globalismo e André Ventura ao altar de redentor da coisa… Quero dizer: é divertido tanto como fantasioso.

Confiar em políticos a este ponto é como comprar um bilhete para o circo: vamos na expectativa do maior espetáculo do mundo, mas o elefante está magrinho, o leão está drogado, o palhaço rico é constrangedor e a trapezista vai à rede três vezes antes de conseguir cumprir com a acrobacia.

Ao André Ventura vai acontecer a desventura que acontece a todos os populistas razoavelmente bem sucedidos no Ocidente: quanto mais votos somar, menos populista vai ser. E tem até muito mais em comum com os liberais-leninistas do que seria de supor neste estágio em que ainda nem sequer chegou ao poder. Por exemplo: é um entusiasta da organização criminosa a que geralmente chamamos NATO e também está aflitinho por fazer a guerra à Rússia.

O segmento deste entretido clip sobre a CNN Portugal é igualmente hilariante, embora também aqui os Morris pareçam excessivamente optimistas quando dizem que os portugueses avaliam a coisa pelo que ela é – um grosseiro e insuportável e caricato instrumento de propaganda liberal-leninista. Tenho a certeza que  pelo menos dois ou três milhões de retardados neste país que seguem o canal com reverência religiosa.

E é assim.

Título e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 22-7-2025

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