Telmo Azevedo Fernandes
Américo Aguiar, formalmente Bispo de Setúbal e Cardeal, não passa uma semana sem evidenciar de forma escatológica e triste para católicos e não crentes que se trata de uma figura talhada para o showbiz, os holofotes das televisões e os corredores palacianos da politiquice e da classe dirigente, mas não para Pastor da Igreja.
Como seria de esperar,
erradamente, o próprio entende que a sua missão é envolver-se no quotidiano das
instituições do nosso país, dos partidos, do governo, das autarquias ou do
Parlamento, dedicando tempo e energia a causas seculares e não à pastoral e à
evangelização.
O senhor Aguiar dirá palavras
bonitas que estamos habituados a associar a um verdadeiro sacerdote, mas a sua prática
e ação é a de alguém que vê a Igreja Católica como um espaço de debate e
opinião e que não se importa de desviar a religião das verdades eternas em direção
aos assuntos deste mundo, que só podem ser objeto de polémica porque estão fora
do domínio da fé.
Nota-se que é muito mais agradável para o Sr. Aguiar dedicar-se às causas abstratas da paz no mundo, das alterações climáticas, da habitação ou das vítimas da opressão capitalista do que trabalhar humildemente nos caminhos da caridade ajudando indivíduos concretos, reconhecíveis e muitas vezes indesejáveis que a Providência colocou no nosso caminho. É mais agradável para o Sr. Aguiar e é muito mais gratificante para o seu ego gigante.
Conforme assinalou o
extraordinário e saudoso filósofo britânico Roger Scruton, «a atenção do mundo
é mais facilmente captada pelo homem com uma causa, do que pelo homem que
cumpre meramente o seu dever.» O verdadeiro sacerdote trabalha em silêncio,
longe da publicidade que gravita em torno dos de pouca fé. O seu dever é para
com o pecador individual, por quem deve renunciar à sinalização de virtude da
sua preocupação com a justiça socia abstrata.
A incompetência apostólica de
uma Igreja dedicada aos assuntos mundanos é confrangedora e subverte a essência
de uma verdadeira religião que é a de salvar as nossas próprias almas. Esta
heresia está muito em voga nos atuais meios sociais progressistas e ativistas,
zona de conforto para o Sr. Aguiar.
Mas convinha que alguém em
posição de autoridade dentro da hierarquia da Igreja fizesse ver ao Sr. Aguiar
que o papel apostólico de um sacerdote é apresentar a fé ao descrente e no
mistério da condição humana e da universalidade da Igreja, oferecer respostas
às questões da vida prometendo a redenção e a salvação individual.
A minha crónica-vídeo de
hoje, aqui:
Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo
Fernandes, Blasfémias,
16-7-2025
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