Pichações novas surgiram, enquanto antigas continuam degradando o patrimônio cultural, construído em 1817
Rómulo Cunha
Cinco meses depois do O
DIA mostrar a falta
de preservação do histórico Chafariz do Riachuelo, no Centro, o
monumento, símbolo de urbanização e progresso, segue esquecido.
Pichações novas surgiram, enquanto antigas continuam degradando o patrimônio
cultural.
Em março, a reportagem esteve na Rua Riachuelo e encontrou cerca de 20 pichações. Nesta terça-feira (26), novos desenhos e escrituras foram vistos, inclusive dificultando a leitura dos dizeres "O Rey por bem de seu povo M.F.E.O [mandado fazer e oferecido] pela Polícia - 1817."
O chafariz foi construído em 1817 por iniciativa do então Intendente-Geral de Polícia, Paulo Fernandes Viana. Na época, a cidade do Rio sofria com falta d'água devido a uma seca. As águas das nascentes dos Morros de Mata-Cavalos, Desterro e Santa Teresa ficavam em propriedades particulares, sem acesso para a população.
Depois de conseguir a doação
do terreno junto ao Tenente Coronel Cláudio José Pereira da Silva, Viana pediu
a construção do monumento para servir ao povo e aos animais que andavam pelo
antigo Caminho de Mata-Cavalos, a atual Rua Riachuelo, um dos acessos à Zona
Norte.
O chafariz é um dos mais
antigos do município, sendo tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan) em 1938. A estrutura não jorra mais água, mas
continua com sua cantaria, o tanque e as pilastras.
Manutenção
Como é um bem tombado, a
Prefeitura do Rio, através da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços
Públicos, afirma que a responsabilidade de manutenção do monumento é da União.
O órgão informa que mantém um orçamento anual para cuidado de estruturas de sua
responsabilidade, mas destaca que não pode interferir no Chafariz do Riachuelo,
que não está incluído no orçamento.
Um documento, datado do início
dos anos 2000, comprova que a propriedade do chafariz segue sendo da União. A
manutenção só pode ser realizada caso o Iphan solicite ajuda à prefeitura. Caso
isso ocorra, será feito um estudo para ver o auxílio seria possível no
orçamento.
Em março, o Iphan respondeu
ao DIA dizendo que, por se tratarem de mobiliários urbanos, os
chafarizes são de responsabilidade da prefeitura.
"O Iphan salienta que
cabe ao proprietário do bem cultural apresentar propostas de restauração, que
precisam ser analisadas e aprovadas pela equipe técnica do Instituto, dentro de
suas competências legais. Além disso, é responsabilidade do detentor adotar
medidas para coibir atos de vandalismo", alegou na época.
Questionado novamente, o Iphan
disse que foi informado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU) de
que o chafariz não pertence à secretaria nem à Prefeitura do Rio. Portanto,
atualmente, o órgão está realizando o processo de identificação do
proprietário.
"Uma vez finalizado o
processo, o proprietário será notificado. Cabe destacar que, conforme a
Portaria Iphan nº 420/2010, a conservação dos bens tombados é de
responsabilidade de seus proprietários ou gestores. Dessa forma, cabe à parte
responsável apresentar os projetos de intervenção, que serão analisados e
aprovados pelo Iphan", disse em nota.
Título e Texto: Rómulo
Cunha, O Dia, 27-8-2025, 6h; Fotos: Érica Martin/Agência O Dia
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-