quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Meses após denúncia de abandono e má conservação, histórico Chafariz do Riachuelo segue esquecido

Pichações novas surgiram, enquanto antigas continuam degradando o patrimônio cultural, construído em 1817

Rómulo Cunha 

Cinco meses depois do O DIA mostrar a falta de preservação do histórico Chafariz do Riachuelo, no Centro, o monumento, símbolo de urbanização e progresso, segue esquecido. Pichações novas surgiram, enquanto antigas continuam degradando o patrimônio cultural.

Em março, a reportagem esteve na Rua Riachuelo e encontrou cerca de 20 pichações. Nesta terça-feira (26), novos desenhos e escrituras foram vistos, inclusive dificultando a leitura dos dizeres "O Rey por bem de seu povo M.F.E.O [mandado fazer e oferecido] pela Polícia - 1817."

O chafariz foi construído em 1817 por iniciativa do então Intendente-Geral de Polícia, Paulo Fernandes Viana. Na época, a cidade do Rio sofria com falta d'água devido a uma seca. As águas das nascentes dos Morros de Mata-Cavalos, Desterro e Santa Teresa ficavam em propriedades particulares, sem acesso para a população.

Depois de conseguir a doação do terreno junto ao Tenente Coronel Cláudio José Pereira da Silva, Viana pediu a construção do monumento para servir ao povo e aos animais que andavam pelo antigo Caminho de Mata-Cavalos, a atual Rua Riachuelo, um dos acessos à Zona Norte.

O chafariz é um dos mais antigos do município, sendo tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938. A estrutura não jorra mais água, mas continua com sua cantaria, o tanque e as pilastras.

Manutenção

Como é um bem tombado, a Prefeitura do Rio, através da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos, afirma que a responsabilidade de manutenção do monumento é da União. O órgão informa que mantém um orçamento anual para cuidado de estruturas de sua responsabilidade, mas destaca que não pode interferir no Chafariz do Riachuelo, que não está incluído no orçamento.

Um documento, datado do início dos anos 2000, comprova que a propriedade do chafariz segue sendo da União. A manutenção só pode ser realizada caso o Iphan solicite ajuda à prefeitura. Caso isso ocorra, será feito um estudo para ver o auxílio seria possível no orçamento.

Em março, o Iphan respondeu ao DIA dizendo que, por se tratarem de mobiliários urbanos, os chafarizes são de responsabilidade da prefeitura.

"O Iphan salienta que cabe ao proprietário do bem cultural apresentar propostas de restauração, que precisam ser analisadas e aprovadas pela equipe técnica do Instituto, dentro de suas competências legais. Além disso, é responsabilidade do detentor adotar medidas para coibir atos de vandalismo", alegou na época.

Questionado novamente, o Iphan disse que foi informado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU) de que o chafariz não pertence à secretaria nem à Prefeitura do Rio. Portanto, atualmente, o órgão está realizando o processo de identificação do proprietário.

"Uma vez finalizado o processo, o proprietário será notificado. Cabe destacar que, conforme a Portaria Iphan nº 420/2010, a conservação dos bens tombados é de responsabilidade de seus proprietários ou gestores. Dessa forma, cabe à parte responsável apresentar os projetos de intervenção, que serão analisados e aprovados pelo Iphan", disse em nota.

Título e Texto: Rómulo Cunha, O Dia, 27-8-2025, 6h; Fotos: Érica Martin/Agência O Dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-