terça-feira, 19 de agosto de 2025

Barroso fecha os olhos para a censura e a perseguição política no Brasil

Leandro Ruschel

Barroso declarou, hoje, que não se aposentará e negou a existência de uma ditadura no país, afirmando que ditaduras seriam regimes com "tortura, censura e pessoas no exílio". 

Mas os fatos desmentem essa narrativa.

Um perseguido político foi preso por uma viagem que nunca realizou e passou dias em solitária, permanecendo meses encarcerado mesmo quando a acusação já sabia da inexistência da viagem. Outro réu morreu sob custódia do Estado, apesar de a própria Procuradoria ter solicitado sua soltura diante da fragilidade de sua saúde.

Há centenas de episódios de censura documentados — inclusive em vigor contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu assessor Filipe Martins. Jornalistas, escritores e influenciadores foram sistematicamente silenciados. Muitos precisaram se exilar. Durante o processo eleitoral, um documentário foi censurado previamente, e incontáveis manifestações políticas foram deletadas em massa das redes sociais por ordens sumárias, sem qualquer direito de defesa. Tudo isso foi exposto pelo X (antigo Twitter) em documentos entregues ao Congresso americano.

Mais grave: vieram à tona conversas entre o gabinete do ministro Moraes e assessores da Justiça Eleitoral para montar um fichamento ideológico que determinava, fora dos autos, quem seria solto e quem permaneceria preso — exatamente como ocorre em regimes de exceção.

Os julgamentos de 8 de janeiro mostraram ao mundo o desprezo absoluto pelo devido processo legal: negação ao juízo natural, advogados impedidos de falar, acusações apresentadas em bloco sem individualização de condutas e condenações desproporcionais. Uma jovem cabeleireira foi sentenciada a 14 anos de prisão por escrever, com batom, uma frase de protesto numa estátua.

Esse é apenas o resumo do resumo. Seriam necessárias centenas de páginas para relatar os abusos cometidos desde a abertura do inquérito das “fake news”, em 2019 — um verdadeiro Ato Institucional que concedeu poderes praticamente ilimitados ao Supremo, que passou a ser, ao mesmo tempo, vítima, investigador, acusador e juiz de seus críticos.

O ministro, cinicamente, nega os fatos.

Título e Texto: Leandro Ruschel, X, 18-8-2025, 22h31 

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