Paulo Hasse Paixão
É difícil imaginar possível, mas Marcelo Rebelo de Sousa disse mesmo isto, aos tristes discípulos da “Universidade de Verão” (um eufemismo para centro sazonal de aniquilação de neurónios) do PSD:
Há nesta breve afirmação
tantas camadas de idiotia que é quase impraticável dissecá-las todas.
O patético e senil chefe de
Estado que temos esqueceu-se que a União Soviética já não existe, há coisa de
três décadas.
Ignora (ou finge ignorar) que
o atual estabelecimento russo é, ao contrário do regime dos sovietes,
tradicionalista, nacionalista, conservador e cristão.
Digo ‘finge ignorar’ porque o
que o inquilino do Palácio de Belém odeia realmente nos russos é precisamente
isso: o facto de constituírem a antítese do globalismo que ele representa, na
sua ínfima escala, fanaticamente.
O infeliz esqueceu-se também
da natureza do seu cargo, insultando e difamando um parceiro estratégico do
país que dirige, que por acaso até é uma das primeiras potências mundiais.
E a difamação é de tal forma
grave, de tal forma baseada em falsas
alegações, que há até altas figuras da vida política norte-americana que
neste momento correm o risco de ser judicialmente procuradas por terem fundado
a fraudulenta narrativa.
Se Portugal fosse apenas um
bocadinho menos insignificante, Marcelo teria desencadeado um sério incidente
diplomático, no mínimo.
O Presidente desta ridícula república é afinal o derradeiro teórico da conspiração, embora, para cúmulo da estupidez, tenha precisamente acertado numa das poucas teorias da conspiração que são demonstravelmente destituídas de base factual. É espantoso.
Mais a mais, e esquecendo até
a anacrónica e disparatada referência soviete, Marcelo Rebelo de Sousa
manifesta através destas inqualificáveis e ensandecidas declarações que não
está de todo a par da política externa da Casa Branca.
Para além do teatro político
do Alasca – que não levou a lado nenhum – que fez afinal Donald Trump para
“favorecer estrategicamente a Federação Russa”?
A NATO continua a apoiar, com
fervor jacobino e generosidade recordista, a causa ucraniana.
Os poderes instituídos em
Washington continuam empenhados em hostilizar a Rússia, com retórica
escatológica, ameaças sortidas – económicas e militares -, promessas de ódio
eterno e chorudos negócios de armas com a Europa, para que os globalistas daqui possam
armar os ucranianos à
custa das sua próprias economias.
Nem uma semana passada sobre a
cimeira de Anchorage, Trump incentivava Zelensky
a bombardear, com armas de fabrico norte-americano, o interior do território
russo.
Uma semana antes desse
encontro de soma zero no Alasca, e porque não gostou de dois posts de rede social
publicados por Dimitry Medvedev, o presidente americano mandou avançar
dois submarinos nucleares para as proximidades de Kaliningrad, o enclave russo
no Báltico.
Em Julho, ficámos
a saber que, num ataque de insanidade que transcende até o belicismo
anti-russo de Joe Biden, Donald Trump terá questionado o presidente ucraniano
Volodymyr Zelensky sobre a possibilidade de Kiev bombardear Moscovo e São
Petersburgo.
Enquanto ameaça constantemente
Moscovo com sanções
econômicas de amplitude astronómica, o magnata de Queens tem insultado
Putin com regularidade, chamando-lhe louco, mentiroso, falso e manhoso, entre
outros carinhos.
Será que, aos míopes olhos de
Marcelo, a promessa de paz que Trump fez aos seus eleitores, e pela qual tem
errática e contraditoriamente batalhado, constitui um favorecimento estratégico
da Rússia?
E, já agora, que interesse
para Portugal e para os portugueses vê Marcelo Rebelo de Sousa em hostilizar a
Rússia? Constitui o Kremlin uma ameaça para o nosso país?
Claro que não e ao contrário:
a verdadeira ameaça que enfrentamos é o próprio Marcelo Rebelo de Sousa e a
filosofia neo-liberal, leninista-globalista, de que é a imagem cuspida.
É excessivamente doloroso
tê-lo como representante político do meu país.
Título e Texto: Paulo Hasse
Paixão, ContraCultura,
2-9-2025
A verdade a que o povo tem direito…
"Marcelo é um passivo antiocidental"
Só o Ocidente é mau e tem uma história tenebrosa. A África e a Ásia não
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