quarta-feira, 13 de agosto de 2025

A hipótese, mesmo que remota, de um acordo de paz, deixa a imprensa corporativa num pânico histérico

Paulo Hasse Paixão

Donald Trump vai se reunir com Vladimir Putin, na próxima sexta-feira, 15 de agosto, no Alasca


É impossível prever como terminará a cimeira, mas o facto de os dois líderes se encontrarem pessoalmente é um sinal de que o processo de paz pode estar a caminhar na direção certa. Quanto mais cedo esta guerra terminar, melhor, e as negociações poderão gerar progressos significativos e talvez até uma resolução.

Mas para a imprensa corporativa, a hipótese, mesmo que remota, de um acordo de paz, é uma possibilidade medonha. Repare em algumas das manchetes que têm surgido nos últimos dias.

“Trump corre o risco de parecer mais fraco do que Putin no Alasca — e no palco mundial.”
Mediaite

“Trump está a deixar Putin manipulá-lo, outra vez”
The Washington Post

“Trump está iludido se acha que o seu encontro com Putin é motivo de celebração”
The Telegraph

Na CNN, a cimeira já é um fiasco antes de acontecer.


A mensagem que os autores destes artigos e os produtores destes segmentos estão a tentar espalhar é que o envolvimento do presidente com a diplomacia é, de alguma forma, uma péssima ideia. O terceiro artigo citado, vindo do ávido e condecorado falcão de guerra John Bolton, diz isto sem rodeios. O encontro entre os dois presidentes pode acabar com a guerra, ou, pelo menos, com o envolvimento dos EUA numa guerra que nada tem a ver com os seus interesses e com os interesses dos americanos: Deus nos livre.

Qualquer líder responsável adoptaria a abordagem de Trump, que até já devia ter tido esta iniciativa mais cedo. Porque é que o presidente americano não pode falar com o seu homólogo russo? Joe Biden tentou a estratégia oposta, que correu super bem, não correu? Em vez de se dar ao trabalho de tentar envolver o Kremlin e pôr fim ao derramamento de sangue na Europa de Leste, a anterior administração optou por rejeitar Moscovo e usar a guerra para promover a sua histérica, estéril e perigosa agenda anti-Putin. Nunca comunicaram com os russos. Nenhuma reunião, nenhum telefonema, nenhuma conversa de bastidores. Isto levou a milhões de mortos e ao fortalecimento da aliança Rússia-China, mas a Casa Branca não quis saber. Tudo o que importava era gabar-se e dar-nos sermões sobre como isso provava a sua aparente superioridade moral.

E mesmo Trump tem dado sinais equívocos, ora admoestando Zelensky, ora insultando Putin;. ora garantindo mais dinheiro e armas para a Ucrânia (como se fosse sensato que um autoproclamado mediador da paz armasse um dos lados da contenda), ora suspendendo esse fornecimento. Está mais que na hora de uma nova abordagem.

Mais uma vez, não sabemos o que resultará desta cimeira. Talvez não resulte nada (é o mais certo). Mas não é esse o ponto. Quer se seja pró-Rússia, pró-Ucrânia ou nem uma coisa nem outra, uma análise honesta da situação mostra que vale a pena tentar a diplomacia. Deveria ter sido a primeira jogada de Washington depois de decidir que precisava de se envolver no conflito desde o início. Poderia ter salvado milhões de vidas. Esperamos que os eventos desta semana corrijam este erro.

Título, Imagem e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura,13-8-2025

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