sábado, 28 de março de 2020

Um Homem

Passos Coelho faz falta. Faz falta na vida política, na vida social. Faz falta para nos mostrar que ainda há homens na vida pública. Faz falta sobretudo para lembrar a todos os homens o que é um Homem

José Maria Seabra Duque

Há algo de extraordinário em Pedro Passos Coelho. Poucos políticos suscitam tanto respeito, tanta admiração e, ao mesmo tempo, tanto ódio. Embora só tenha governado quatro anos, a verdade é que PPC marcou a política portuguesa como poucos.



É difícil descrever o que há de extraordinário no antigo primeiro-ministro. Se olharmos para o seu mandato não veremos nada fora do comum. Governou com o memorando da troika, aplicando um pacote de “austeridade” imposto por terceiros e acordado por terceiros. É verdade que o fez sem nunca se desviar do objetivo. Também é verdade que foi sempre honesto e corajoso na aplicação das políticas que lhe foram impostas. Cumpriu as suas responsabilidades. Aliás, talvez a sua frase mais memorável seja “eu não abandono o meu país” aquando da crise Vítor Gaspar/Paulo Portas. Fez política de forma educada, elevando o nível do debate político que tinha descido à lama nos tempos de Sócrates. Nunca fugiu do contacto com o povo, nem na altura de maior contestação social. Não procurou dominar a imprensa, a justiça ou a banca. Respondeu sempre diante do Parlamento e não da comunicação social. Governou para o bem do país sem pensar nas eleições. Tudo somado, fez aquilo que é suposto um Primeiro-Ministro fazer. E, apesar de no seu mandato o país ter enfrentado uma das suas maiores crises, entregou um país bastante melhor do que aquele que encontrou e assim ganhou eleições.

Nada do que fez como primeiro-ministro aparenta ser extraordinário. Mas a verdade é que o foi, ainda que não seja fácil explicar por quê. Confesso que só percebi realmente a excepcionalidade de Pedro Passos Coelho quando morreu Laura Ferreira, sua mulher.

Pouco sabemos da vida pessoal de Passos Coelho. Ele sempre foi discreto e a sua mulher ainda mais. Sabíamos que vivia em Massamá, que passava férias no Algarve. Que é um pai dedicado (segunda uma entrevista de Laura, foi uma das razões pelas quais ele a atraiu). Bom filho, bom irmão. Mas foi a doença da sua mulher que demonstrou quem realmente é Pedro Passos Coelho.

O vírus não deve dominar as nossas mentes

É importante que a parte da população que exige ruidosamente mais medidas de restrição, para quem a nossa existência se deve reduzir ao combate ao coronavírus, entenda que não há vida humana sem risco



André Azevedo Alves e Rodrigo Adão da Fonseca

O vírus pode dominar o nosso corpo, mas não devemos permitir que domine as nossas mentes. Em artigo publicado aqui no Observador, na semana passada, alertámos para o elevado risco que corremos se optarmos por enfrentar o coronavírus numa abordagem bélica. Risco que se colocará se tivermos como objetivo único e absoluto a capitulação do vírus, passando por cima do cálculo dos custos econômicos, sociais e de saúde pública das medidas drásticas implementadas e a implementar, e sem fazer a devida ponderação face às consequências, imediatas e mediatas, que tais medidas necessariamente vão causar.

Quem tem de liderar durante esta crise está perante um dilema no qual nenhuma das opções que venha a tomar deixará de ter consequências negativas, na linha do que a Teoria dos Jogos classifica de “no-win situation” ou “lose-lose situation”. Acresce que qualquer análise de risco resulta da ponderação entre o impacto e a probabilidade, comportando sempre o resultado projetado um grau de incerteza que, no caso do coronavírus, aumenta significativamente. Face ao limitado conhecimento científico existente à data, é impossível definir sem dúvidas substanciais quais as medidas certas a tomar, em cada momento.

Não sendo um exercício simples, há, porém, alguns aspetos nesta crise que não podemos deixar de considerar. É importante que uma parte da população que exige ruidosamente mais medidas de restrição, e que entende que a nossa existência, por caricatura, se deve reduzir apenas ao combate ao coronavírus, compreenda que não existem atividades sem risco, e que não há processos humanos onde o risco seja mitigável até à sua completa anulação. Desde logo, porque o custo de tal mitigação é na maior parte das vezes desproporcionado ou insuportável, mas também porque faz parte da natureza humana, e da nossa existência, assumir riscos. Nenhum de nós aceitaria uma proibição de circulação no período natalício apesar de nessa época haver um aumento significativo da sinistralidade automóvel. Como também nenhum de nós está disponível para ver os seus hábitos e costumes quotidianos escrutinados e controlados exaustivamente pelo Estado como forma de reduzir a mortalidade, por exemplo, ao nível das doenças cancerígenas ou vasculares cerebrais.

Governo proíbe temporariamente entrada de estrangeiros no Brasil

Medida vale para quem chegar ao país por aeroportos

Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro-AIRJ/Galeão-GIG. Foto: DR
André Richter

O governo federal editou hoje (27) uma portaria para proibir temporariamente a entrada de estrangeiros de todas as nacionalidades que chegarem ao Brasil pelos aeroportos. A medida tem validade de 30 dias. 

O fechamento da fronteira aérea foi feito a partir de recomendações técnicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em função da pandemia do novo coronavírus (covid-19). 

A regra não será aplicada no caso de brasileiros que retornem ao país, imigrantes que moram no Brasil, parentes diretos de brasileiros e estrangeiros que são membros de órgãos internacionais. A norma também libera a entrada de quem estiver em trânsito para outros países, desde que o passageiro fique somente na sala de trânsito dos aeroportos, além de tripulantes de empresas aéreas. 

Na semana passada, o governo brasileiro tomou a primeira medida para restringir a entrada de estrangeiros.

A nova portaria foi editada pelos ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, da Casa Civil, Braga Neto, da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. 
Título e Texto: André Richter; Edição: Nádia FrancoAgência Brasil, 27-3-2020, 20h36

Ações para enfrentar coronavírus totalizam R$ 700 bi, diz Guedes

Recursos para autônomos terão impacto de R$ 45 bilhões

Wellton Máximo

As ações da área econômica para reduzir os danos provocados pela crise do coronavírus totalizam R$ 700 bilhões, entre antecipações de recursos, liberação de linhas de crédito e aumento de gastos públicos, disse hoje (27) o ministro da Economia, Paulo Guedes [foto]. Em vídeo postado nas redes sociais do ministério, ele declarou que apenas a medida de renda básica para os trabalhadores autônomos, aprovada ontem(26) pela Câmara dos Deputados, resultará em gastos de R$ 45 bilhões nos próximos três meses.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Nas contas do ministro, a liberação do Bolsa Família para 1,2 milhão de famílias e as antecipações do décimo terceiro salário para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), somadas à ajuda aos autônomos, garantirá praticamente R$ 100 bilhões em proteção para a população mais desprotegida.

“A determinação do presidente Jair Bolsonaro é que não vão faltar recursos para defender as vidas, a saúde e os empregos dos brasileiros. Nenhum brasileiro vai ficar para trás. Nós vamos cuidar de todos e começamos justamente protegendo os mais vulneráveis”, disse o ministro.

O ministro citou ainda a liberação de R$ 200 bilhões de compulsório (dinheiro que os bancos são obrigados a deixar depositados no Banco Central), de R$ 100 bilhões da Caixa Econômica Federal e de R$ 50 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ele mencionou a ajuda de R$ 88 bilhões para estados e municípios, anunciada no início da semana.

Segundo Guedes, se forem somadas as medidas listadas, que somam R$ 538 bilhões, mais as ações a serem anunciadas em breve, a ajuda chegará a R$ 700 bilhões nos próximos três meses. O ministro não especificou o quanto desse total corresponde a recursos novos, decorrente de aumento de gastos públicos, e o quanto decorre de antecipação de benefícios ou do adiamento de pagamento de tributos, mas disse que o dinheiro ajudará o Brasil a enfrentar o que chamou de “primeira onda”, caracterizada pela pressão sobre o sistema de saúde.

Motivações da vida

Nelson Teixeira

Nem sempre é fácil acordar com a motivação certa, mas não deixe que isso abale sua confiança.

Você, às vezes, desconhece sua verdadeira força, por isso lute para descobrir sua verdadeira missão. Pois assim, você vai saber o quanto é capaz e o quanto é forte.

Essa força já existe dentro de você, só é preciso despertá-la. Acredite em seu potencial e sua capacidade.

Quando sentir que está no fluxo da vida, em prol de sua missão, você vai redescobrir sua força!
Título e Texto: Nelson Teixeira, Gotas de Paz, 28-3-2020

sexta-feira, 27 de março de 2020

"Os falecimentos por infarto... serão classificados como causa indeterminada ou Covid-19". Será que é verdade? Fui pesquisar antes de postar


Leia na Folha »

[Viagens & Destinos] Caminhos da História - Rio Tinto: ”dos corpos dos guerreiros vai correndo sangue que se vai esvaíndo no riacho"


É nas margens do rio Tinto que Joel Cleto conta que o confronto final entre o exército de Abd al Rahman III e de Hermenegildo Guterres "será um longo combate, encarniçado e que irá durar muitas horas" e desse confronto "vai correndo sangue que se vai esvaindo no riacho que durante os dias seguintes irá correr tinto, tinto de sangue". É esta a origem lendária da designação do Rio Tinto.

O medo e a servidão

Jean-Baptiste Noé

“Provocar o medo é uma arma de desestabilização para atordoar o adversário.”


A epidemia do coronavírus não foi atribuída ao Brexit; é uma das raras catástrofes que o populismo não parece ser o culpado. Todavia, desde 2016, os comentaristas anunciavam que, se ele saísse da União Europeia, as dez pragas do Egito iriam se abater sobre o Reino Unido. O Tâmisa não se transformou em sangue e os gafanhotos não são abatidos na Cornualha.

O Reino Unido apresenta uma pequeníssima taxa de desemprego e continua a atrair os melhores estudantes secundários da França, que preferem cada vez mais continuar os seus estudos nas universidades inglesas.

A guerra civil ainda não eclodiu na Irlanda, e a Escócia não se separou do seu vizinho inglês. Se ainda é muito cedo para fazer um balanço do Brexit, forçosamente constatamos que todas as previsões catastróficas não se realizaram.

Mais uma vez, muitos comentaristas e políticos sopraram o medo anunciando o pior, mas tudo isso não passou de vento.

O medo é uma arma política. Ele impede qualquer reflexão, qualquer distanciamento analítico; ele suscita paixões, radicaliza opiniões e joga o bode expiatório à condenação popular para ser degolado. O medo aniquila a especificidade das pessoas para criar grupos de massa em direção ao sentido imposto. Ele é o primeiro inimigo das liberdades e das democracias.

Na China, Xi Jinping tenta se aproveitar do medo causado pela epidemia para reforçar a centralização do poder e o controle das populações.  Em outros locais, é o medo do inimigo externo que justifica o recrutamento das massas e a militarização da juventude. O efeito da sideração impede toda e qualquer reflexão e distanciamento, resultando na ditadura da maioria: este novo despotismo já detectado com receio por Tocqueville.

A formação e a cultura são os anteparos do medo. São eles que nos evitam de cair no emaranhado da demagogia e da mentira, e asseguram a constituição de povos livres.

François Guizot já havia percebido este perigo da servidão. Só pode existir democracia num povo formado e educado; a abertura das escolas deve, portanto, preceder o início da lei do sufrágio universal. Daí a lei escolar de 1833, que favoreceu a criação de escolas em quase todas as vilas e aldeias de França.

Governo anuncia linha de crédito a pequenas e médias empresas

Medida atinge 1,4 milhão de empresas e 12,2 milhões de trabalhadores

Kelly Oliveira

O governo federal anunciou hoje (27) uma linha de crédito para financiar a folha de pagamentos de pequenas e médias empresas, como forma de apoiá-las durante a situação de calamidade pública em virtude da pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19). O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro foi feito no Palácio do Planalto com a presença dos presidentes do Banco Central, Roberto Campos Neto, da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano.

Foto: Carolina Antunes/PR
A linha de financiamento deve beneficiar 1,4 milhão de empresas, atingindo 12,2 milhões de trabalhadores. O crédito será destinado a empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil a R$ 10 milhões e vai financiar dois meses da folha de pagamento, com volume de R$ 20 bilhões por mês.

Segundo Campos Neto, a medida será operacionalizada pelo BNDES. O limite de financiamento é de dois salários mínimos.

Auxílio a autônomos
Ontem (26) o plenário da Câmara dos Deputados aprovou auxílio emergencial por três meses, no valor de R$ 600, destinado aos trabalhadores autônomos, informais e sem renda fixa durante a crise provocada pela pandemia de coronavírus. A matéria segue para análise do Senado e depois vai à apreciação do presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, divulgada nesta quinta-feira, o país registra 2.915 casos confirmados de covid-19 e 77 mortes causadas pela doença. A taxa de letalidade é de 2,7%.
Título e Texto: Kelly Oliveira; Edição: Juliana AndradeAgência Brasil, 27-3-2020, 12h07

Veja a íntegra do pronunciamento e da entrevista:


Aviões voltam a atender a capitais e outras 19 cidades brasileiras

Voos serão reiniciados amanhã e estão previstos até o fim de abril

Luciano Nascimento

A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) informou hoje (27), em Brasília, que as companhias Gol, Azul e Latam vão garantir voos para as capitais dos 26 estados e o Distrito Federal, além de outras 19 cidades do país. Os voos terão início amanhã (28) e estão previstos até o fim de abril.
A agência disse, ainda, que recebeu das empresas os últimos ajustes no redimensionamento da malha aérea brasileira, em razão da pandemia do novo coronavírus.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O planejamento teve início na última segunda-feira (23), quando as empresas se reuniram com representantes da Anac, do Ministério de Infraestrutura e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para detalhar o funcionamento da malha, para que nenhum estado ficasse sem pelo menos uma ligação aérea.

"Com a redução drástica de voos em março, em decorrência da pandemia do coronavírus, havia o risco de uma paralisação total do serviço. A malha emergencial é 91,61% menor do que a originalmente prevista pelas empresas para o período. Considerando a programação da Gol, Azul e Latam, a queda é de 56,06% das localidades atendidas, passando de 106 para 46. O número de voos semanais passou de 14.781 para 1.241", informou a Anac. 

Segundo a agência reguladora, os voos, com frequências semanais, serão distribuídos assim: 723 voos no Sudeste, 153 na região Nordeste, 155 voos no Sul, 135 no Centro-oeste e 75 voos para a região Norte. Desse total, 483 voos serão operados pela Latam, 405 voos pela Azul e 353 voos pela Gol.

Veja aqui os aeroportos que serão atendidos pelas empresas.

Título e Texto: Luciano Nascimento; Edição: Kleber SampaioAgência Brasil, 27-3-2020, 12h04

Pagamento de auxílio de R$ 600 segue para votação no Senado

Após o Senado, medida deverá ser sancionada pelo presidente

Agência Brasil

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite de ontem (26) o pagamento de um auxílio emergencial por três meses, no valor de R$ 600, destinado aos trabalhadores autônomos, informais e sem renda fixa durante a crise provocada pela pandemia de coronavírus. O próximo passo até a implementação da medida é a aprovação pelo plenário do Senado. Após o Senado, o texto ainda precisa ser sancionado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Só após essas etapas, o governo federal deverá divulgar o calendário de pagamento. 
 
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
A aprovação no Senado deve acontecer na próxima semana, já que hoje (27) não haverá votação. 

Inicialmente, o valor proposto era de R$ 500. Após negociações com o líder do governo, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), o Executivo decidiu aumentar para R$ 600. 

Em transmissão ao vivo pela internet realizada ontem, o presidente destacou que o auxílio é voltado aos trabalhadores informais (sem carteira assinada), às pessoas sem assistência social e à população que desistiu de procurar emprego. A medida é uma forma de amparar as camadas mais vulneráveis à crise econômica causada pela disseminação da doença no Brasil, e o auxílio será distribuído por meio de vouchers (cupons). 

Critérios para o pagamento

Os trabalhadores deverão cumprir alguns critérios, em conjunto, para ter direito ao auxílio:

- ser maior de 18 anos de idade;
- não ter emprego formal;
- não receber benefício previdenciário ou assistencial, seguro-desemprego ou de outro programa de transferência de renda federal que não seja o Bolsa Família;
- renda familiar mensal per capita (por pessoa) de até meio salário mínimo (R$ 522,50) ou renda familiar mensal total (tudo o que a família recebe) de até três salários mínimos (R$ 3.135,00); e
- não ter recebido rendimentos tributáveis, no ano de 2018, acima de R$ 28.559,70.

Culpa do Bolsonaro

Vanderlei dos Santos Rocha

Está corretíssimo.
O cara é corno, culpa do Bolsonaro.
Saidinha de banco, culpa do Bolsonaro.
Roubo do celular, culpa do Bolsonaro.

Corrupção, culpa do Bolsonaro.
Coronavírus, culpa do Bolsonaro.
Lockdown das cidades, culpa do Bolsonaro.

STF acabou com a federalização, culpa do Bolsonaro.
Assistencialismo por causa da quarentena, culpa do Bolsonaro.
Infraestrutura e empresas sem produzir, culpa do Bolsonaro.

Morte por comorbidades, culpa do Bolsonaro.
Falta de abastecimento, culpa do Bolsonaro.
Se policiais civis ou militares, caminhoneiros, bombeiros, funcionários da saúde, militares do exército ficarem doentes, culpa do Bolsonaro.

Se funcionários da rede elétrica, telefonia e águas ficarem doentes, culpa do Bolsonaro.
Se os parentes idosos de todos acima ficarem doentes, culpa do Bolsonaro.
Se os craqueiros não pegarem coronavírus, culpa do Bolsonaro.

Se a constituição de 1988 é uma merda, culpa do Bolsonaro.
Se a nula mula de nove dedos se eleger de novo, culpa do Bolsonaro.
Se mães matam filhos e filhos matam pais, culpa do Bolsonaro.

Se Jesus Cristo foi crucificado, culpa do Bolsonaro.
Se o Aerus não pagar, culpa do Bolsonaro.

Tudo é culpa do Bolsonaro, mas Nelson Rodrigues escreveu que unanimidade é burra.
Também é culpa do Bolsonaro.

Aliás, se fomos criados à semelhança de Deus, infelizmente é culpa do Bolsonaro.
Transformaram Bolsonaro em deus, culpa do Bolsonaro.
Acabaram de descobrir que os lbgt...+sopa de letrinhas, é culpa do Bolsonaro.

Fui, porque é culpa do Bolsonaro.
Título e Texto: Vanderlei dos Santos Rocha, 27-3-2020


[Para que servem as borboletas?] Descoronar o coronavírus…

Valdemar Habitzreuter

Quando a ameaça à vida está patente o instinto de todo ser vivente se manifesta com força. Aliás, o instinto é a própria força pela vida. É o conatus de Espinosa que faz com que cada coisa e vivente se esforça para subsistir em seu ser.

No homem o instinto se conjuga com a inteligência para realizar a forma mais adequada de continuar vivendo...

Pois bem, estamos, no presente, à volta com um devastador vírus que está ceifando vidas humanas. É assustador! Mas, temos as armas para derrotá-lo: instinto e inteligência.

O instinto sozinho é cego e fará bobagens pela preservação da vida; inteligência sozinha também é uma furada se não tiver o estímulo do instinto.

Então, tenhamos bem claro: nosso instinto quer preservar a vida, mas é preciso que a inteligência o guie para não se expor, cegamente, ao perigo e ser preso pelos tentáculos do coronavírus…

A ordem da inteligência é “ficar em casa”, e que o instinto de ir para a rua seja refreado para que possamos mais tarde coroar nossas vidas ao invés de deixar a coroa com o vírus… 
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 27-3-2020

Colunas anteriores:

[Aparecido rasga o verbo] Por todas essas criaturas de um dia

Aparecido Raimundo de Souza

SENHORAS E SENHORES, O NOSSO tema de hoje é sobre uma coisinha simples e insignificante, mas que, infelizmente, falta na maioria das pessoas (notadamente no coração), apesar delas se mostrarem conscientes quanto a sua real e verdadeira aplicação na praticidade do dia a dia.

Aproveitando estes ásperos momentos, em que o mundo inteiro se debruça, estarrecido, sobre as garras fulminantes de um vírus letal, e, até agora incontrolável, o coronavírus, ou Covid-19, nada melhor  que aproveitarmos a ocasião tão propícia para discorrermos sobre a  ‘SOLIDARIEDADE’ e a ‘CARIDADE’.

A primeira foi, há tempos passados, contemplada pelo brilhante pensamento de Thomas Fulher, escritor inglês que viveu de 1608 a 1661. Ele asseverava que “a solidariedade deveria começar em casa e deixou isso bastante sedimentado em seu livro ‘Monsieur Ambivalence: A Post Literate Fable’ - mas que não deveria terminar lá”’.

Falando na mesma linguagem de Fuller, o francês Jean Baptiste Massilon aumentou a sua extensão, acrescentando que “a porta entre nós e o céu não poderia ser aberta enquanto estivesse fechada a que fica entre nós e o próximo”. Entendam, amados, que as pessoas confundem, talvez por burrice, ou falta de conhecimento (o que dá no mesmo), SOLIDARIEDADE com CARIDADE.

Devemos observar, que ambas caminham juntas, lado a lado, de mãos dadas. Todavia, existe uma distância abissal entre elas. Além de patentearem posições diferentes, embora interligadas entre si, vejam que loucura, não obstante estarem unidas como se fossem irmãs siamesas, diferem, dando a entender, uma outra conotação semântica completamente oposta.

Neste diapasão, solidariedade é quando entre nós e eles, não existe, ou seja, quando há apenas o nós. Vejamos, agora, por segundo, a Caridade. Esta, por seu turno, como bem lecionava o humorista Jaume Perich, era e continua sendo, até hoje, “a única virtude que, para se fazer genuína e inquestionável, precisará que prevaleça sempre, aconteça o que acontecer, a injustiça”.

Uma pequena parcela da sociedade, leva, a efeito, a solidariedade (ou o que ela acha ser solidariedade). Contudo, não a enuncia de modo sério, como deveria. Neste rodar dos trezentos e sessenta graus do carrossel, onde os cavalos continuam sendo os mesmos, ofertar esmolas dentro dos coletivos, ou comprar qualquer bugiganga de um vendedor que entra pela porta do meio, não deixará de ser um ato de solidariedade.

Esta postura se tornará vaga e divorciada de qualquer respingo do bom e mavioso sentimento da reciprocidade plena. Como assim? Vamos tentar explicar. As pessoas, às vezes, se prestam a propiciarem “agrados” por meros descargos de consciências, levadas, pelos escrúpulos de acharem que, podendo ajudar, não deixariam passar batidos pequenos gestos humanitários.

Coração aflito

Nelson Teixeira

Descanse o seu coração, independente dos problemas que você está passando no momento, eles vão passar.

Não fique aflito, pois nada como um dia após o outro.

Saiba que nossos problemas são do tamanho que podemos carregar e nada acontece em vão.

Nossos problemas acontecem com algum propósito, para nossa evolução e aprendizado. Então, mantenha seu coração em paz, pois sempre existe um novo dia.

Quando tudo passar você verá o quanto foi forte e capaz de superá-lo.
Título e Texto: Nelson Teixeira, Gotas de Paz, 27-3-2020

LIVE do presidente Bolsonaro, 26 de março de 2020 + Entrevista coletiva


Temas:
1 - Reunião com países do G20 animou as nações diante dos resultados positivos brasileiros iniciais na eficácia dos medicamentos Reuquinol e Hidroxicloroquina contra o covid-19.

2 - Reunião G20: precauções com idosos e grupos de risco, juntamente com a preocupação da empregabilidade para manutenção do bem-estar de todos.

3 - Ampliação do bolsa-família.

4 - Com a MP do 13º expirada por falta de votação, o Executivo estuda maneiras para volta deste recurso.

5 - Por determinação do Presidente, os laboratórios do Exército aumentam sua produção dos medicamentos promissores ao enfrentamento do coronavírus.

6 - O Ministério da Economia anuncia por três meses o valor de R$600 do pagamento de auxílio a trabalhadores informais no Brasil.

7 - O Governo Federal aciona a justiça para ampliar serviços essenciais para a população, hoje impedidos por alguns governadores e prefeitos.

8 - Com mais uma baixa do preço do petróleo no mundo, o Brasil este ano, baixou cerca de 40% o valor do diesel e gasolina nas refinarias.

9 - O Ministério da Defesa e a Caixa Econômica colocam seus navios hospitais e barcos agência a disposição em locais remotos e outras regiões no enfrentamento ao covid-19.

Bolsonaro apostou tudo – e quer saber, eu não o condeno!

Pedro Henrique Alves

O discurso de Bolsonaro foi ousadíssimo em todos os sentidos. Ele se apoiou em uma vertente de otimismo e visão de que a pandemia não é tão grave quanto se desenhava pelos infectologistas, órgãos oficiais e mídias.


Tal vertente é seguida hoje por países como Estados Unidos, Holanda, Hungria, entre outros. Além disso, no discurso à nação, Bolsonaro mais uma vez mostrou como é assustadoramente incompetente no ato de se comunicar, e ainda que fale sobre algo relativamente correto e sensato, sob sua fala tudo soa um tanto quanto mais imprudente e bobo do que deveria; talvez nunca antes tivemos alguém tão tenebroso e desqualificado para se expressar― tirando a Dilma, aquela era insuperável. Parece-nos que o Presidente está eternamente num bate-boca de boteco. Profundamente lamentável para um chefe de Estado!

No entanto, como analista político, devo ir além dos defeitos óbvios do discurso ou do emissor para entender a ideia que permeia o discurso. Há uma questão séria na escolha governamental de Bolsonaro evidenciada no pronunciamento, e essa tal questão não pode ser sublimada atrás de um histerismo generalizado, ressentimentos jornalísticos ou vadiagens ideológicas; o pano de fundo merece ser justamente analisado.

Como adiantado acima, Bolsonaro escolheu um tom otimista frente à pandemia do Coronavírus e fez um pedido para que os estados voltem à normalidade, ainda que tenha pedido expressamente para protegerem os idosos. Bolsonaro, ao discursar dessa forma, apostou tudo, pois se os estados acatarem o pedido feito no pronunciamento, e os casos do COVID-19 aumentarem de forma alarmante e mortal, isso será praticamente o prego em seu caixão presidencial.

Pessoalmente me abstive em opinar sobre o assunto do vírus chinês, pois simplesmente não tenho capacidade intelectual para falar com assertividade sobre o tema de prevenção sanitária. Mas sobre política e análise da conjuntura social eu creio que tenha tal capacidade que anteriormente me faltou – e fato é que a mídia estava criando um clima gigantesco de pânico e terror, tem gente que está pensando que o apocalipse bíblico já começou, vídeos de pessoas estocando alimentos ou brigando em supermercados já se tornaram corriqueiros. O pânico social é o início mesmo de qualquer queda abrupta de sociedades, e quedas abruptas de sociedades significam morticínios, desgraças e toda sorte de imoralidades e cerceamento de liberdades.

quinta-feira, 26 de março de 2020

Uma imprensa livre na China poderia ter evitado a pandemia

Segundo denúncia dos Repórteres sem Fronteiras, o número de casos do coronavírus poderia ser 86% menor se o mundo tivesse sido avisado antes


Gabriel Oneto

A China é um dos países mais autoritários do mundo. De acordo com o Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) de 2019, a China ocupa a 177ª posição entre 180 países avaliados.

Segundo a RSF, é possível afirmar que, sem a censura e o controle impostos pelas autoridades do Partido Comunista, os meios de comunicação chineses teriam informado mais cedo a população a respeito do coronavírus. Essa conduta poderia ter poupado milhares de vidas no mundo todo e, quem sabe, até evitado a pandemia.

A Universidade de Southampton, no Reino Unido, publicou uma análise em que demonstra que o número de infectados poderia ser 86% menor se as medidas contra a epidemia tivessem sido tomadas duas semanas antes do dia 20 de janeiro. Utilizando a cronologia da crise, a ONG mostra como a censura ajudou na disseminação da pandemia pelo globo.

Em 18 de outubro, o Centro Johns Hopkins de Segurança em Saúde, com o apoio do Fórum Econômico Mundial e da Fundação Bill e Melinda Gates, realizou a simulação de uma pandemia de coronavírus, com o assustador resultado de 65 milhões de mortes em 18 meses.

Caso a internet na China não fosse terrivelmente censurada, as autoridades do país teriam se interessado por esse estudo, visto que ele se inspirou na epidemia de Sars (síndrome respiratória aguda grave), causada também por um coronavírus e que deixou mais de 800 mortos em 2013.

Em 20 de dezembro, a cidade de Wuhan já contava com 60 pacientes do coronavírus ainda desconhecido. Apesar da grave situação, os meios de informação não foram avisados pelas autoridades. Caso a pandemia não tivesse sido escondida no início, muitas pessoas teriam parado de visitar o mercado de Wuhan, local onde a doença teria feito suas primeiras vítimas, bem antes de ele ter sido fechado, em 1º de janeiro.

O diretor do departamento de gastroenterologia do Hospital Número 5 de Wuhan, Lu Xiaohong, começou a suspeitar que a doença era transmitida entre humanos em 25 de dezembro. Como a China impõe até penas severas de prisão a quem divulga informações a jornalistas, o médico não pôde alertar a imprensa, o que poderia ter levado o governo a agir antes para deter a doença.

Do vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar…

Helena Matos

Manuel Carvalho [foto], diretor do PÚBLICO: ”é imperioso que avise os que representam autarquias particularmente atingidas pelo novo coronavírus, como Salvador Malheiro, de Ovar, que rebater em público os dados da Direção-geral da Saúde é de uma enorme gravidade. Se desconfia dos números de infectados, que os esclareça com as autoridades competentes; se tem provas capazes de indiciar qualquer viciação intencional e dolosa dos resultados, que as apresente.”  O diretor do PÚBLICO não está de acordo com a atitude de Salvador Malheiro. Critique-o. Desanque-o. Encomende artigos de investigação para saber da fundamentação daquilo que diz o autarca de Ovar. Agora pretender que não se deve rebater a DGS em público é francamente algo que vindo do diretor de um jornal dá que pensar. E temer.

Constantino Sakellarides, ex-Diretor-geral de Saúde : “É aceitável que uma “garganta funda” na DGS venha a contrariar publicamente os seus dirigentes, uma e outra vez, a coberto do anonimato, e que a comunicação social lhe dê cobertura, como habitualmente?“ Não só é aceitável como é também esse o trabalho da comunicação social. Se os jornais restringissem o seu papel à transmissão dos comunicados da  DGS (raio de nome) não se tratava de imprensa mas sim de uma agência governamental de comunicação.

Enfim, há gente que com o corona passou do vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar… ao desviamos o olhar, tapamos os ouvidos e dispensamos a leitura, pois temos de apoiar o Governo que é de esquerda. E só porque é de esquerda, claro. Caso contrário estavam para aí rouquinhos de tanto gritar incompetência, negligência… isto para não irmos mais longe.
Título e Texto: Helena Matos, Blasfémias, 26-3-2020

O «vírus chinês» e as razões de Trump e Bolsonaro

A defesa da saúde física e mental da espécie humana a longo prazo beneficiará da manutenção da designação deste coronavírus como «vírus chinês», tal como o presidente norte-americano tem insistido.


Gabriel Mithá Ribeiro

Num ápice, o mundo está a subverter o vírus chinês de patologia física (de gênese biológica) em patologia mental (resultante da propagação de ideias e crenças distópicas). O lado mental da pandemia sobressai a cada dia dada a evidência crescente da ciência propriamente dita não ter tido tempo de se afirmar face a um vírus desconhecido até 2019. A toque do fortíssimo impacto mundial das tecnologias de informação e comunicação, a ideologia e a política foram remetidas para o âmago do fenômeno pandêmico, as maiores condicionantes dos processos mentais coletivos.

No que concerne às consequências da propagação no tempo e no espaço dimensão biológica, a pandemia não acrescenta novidades em relação ao que tem acontecido ao longo dos séculos. Novidade é passarmos a considerar, como nunca no passado, a dimensão mental das pandemias, uma das heranças mais nefastas do século com a qual é tempo de romper.

Pouco ou nada aprenderemos com o vírus chinês se, enquanto sociedades e civilizações, não investirmos desde já nos pressupostos morais (refletidos no dilema entre atribuir primazia à saúde coletiva ou à sobrevivência socioeconômica coletiva cujo desfecho prático ninguém honestamente conhece) e nos consequentes pressupostos intelectuais (refletidos no dever de autonomizar o lugar da ciência do lugar da manipulação política da ciência) associados à pandemia como condição da busca da serenidade mental coletiva, mais não seja porque as atitudes e os comportamentos, dos individuais aos coletivos, desempenham papel crucial nos momentos em que os riscos são inevitáveis.

Como ninguém tem certezas da direção correta para além das suas certezas ideológicas e políticas e, por isso, a tolerância à diversidade dada a diversidade de pessoas e espaços revela-se, no imediato, a regra de ouro. É já muito evidente que será apenas dentro da cabeça de cada um de nós que subsistirão os maiores riscos pandêmicos a médio e longo prazos. Nesse sentido, se o debate público marginalizar os pressupostos referidos, as sociedades e o mundo podem ir ultrapassando as pandemias do momento, mas dificilmente conseguirão romper com surtos de retornos cíclicos. É esse salto qualitativo que temos de exigir uns aos outros como condição de uma nova vitória civilizacional.

O mundo não teria desembocado num estado de desorientação mental sem precedentes, em primeiro lugar, se a opacidade e demais disfuncionalidades das ditaduras e regimes atuais de génese comunista tivessem sido histórica e socialmente exorcizadas, o que nunca aconteceu. Em segundo lugar, se a autorresponsabilidade individual e sobretudo coletiva – de cada comunidade, povo ou país – tivesse sido imposta enquanto inevitável princípio moral universal.

O atual vírus chinês na sua dimensão mais significativa, a mental coletiva, mais não é do que uma nova estirpe do já secular vírus mental comunista. Foi o último que historicamente transformou a autorresponsabilidade coletiva num fardo reservado apenas reservado ao Ocidente, o que desequilibrou no último século a ordem moral do mundo. Não é possível conjugar o ideal moral de responsabilidade com o ideal de vitimização.

Saúde libera mais R$ 600 milhões para ações de combate ao coronavírus

Além disso, R$ 400 milhões foram enviados aos estados neste mês

Aécio Amado

Mais R$ 600 milhões estão sendo liberados para estados e municípios a fim de reforçarem o plano de contingência para o enfrentamento da pandemia de coronavírus (covid-19). Além disso, R$ 400 milhões já haviam sido enviados a todos os estados este mês.

A orientação do Ministério da Saúde é que cada estado defina com as prefeituras os valores destinados a cada município. O dinheiro poderá ser utilizado em ações de assistência, inclusive para abertura de novos leitos ou custeio de leitos já existentes nos estados e municípios.

“Nós vamos repassar R$ 600 milhões aos municípios de acordo com a pactuação local. Cada estado vai fazer hoje a sua divisão, de como vai fazer a alocação dos recursos”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta [foto].

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Segundo ele, a partir desta quinta-feira (26), os estados devem informar o ministério sobre os municípios com atendimento de maior complexidade. “A partir disso, a gente repassa o recurso para que os municípios utilizem da melhor forma possível no que houver necessidade”, explicou o ministro.

Didier Raoult et le milieu médical parisien : histoire d'une détestation réciproque

Etienne Campion

Le conflit entre Didier Raoult et Yves Lévy, l'époux de l'ex-ministre Agnès Buzyn, représentant du milieu médical parisien, est avéré. Ces rivalités ont-elles pu retarder la prise en considération des travaux du professeur marseillais ? Récit.



Il est l'homme dont tout le monde parle. Celui qui suscite toutes les théories, même les plus complotistes. Ce mardi 24 mars, il a encore créé l’événement. Alors que le gouvernement a donné son accord pour étendre les essais cliniques sur la chloroquine, dont il dit qu'elle soignerait le coronavirus, le professeur Didier Raoult s'est mis en retrait du Conseil scientifique, et s'en explique à Marianne : "Je parle toujours au président de la République et respecte les institutions, mais nous ne sommes pas sur la même longueur d'ondes avec le Conseil scientifique, qui souhaite attendre six semaines pour avoir les résultat des études cliniques sur la chloroquine..."

La polémique sur les possibles bâtons dans les roues reçus par le professeur marseillais des plus hautes sphères de l’État va enfler. Forcément. Et si cela avait pu ralentir l’émergence d’un potentiel traitement du Covid-19 ? Sur les réseaux sociaux, dans des chaînes d'e-mails qu'on se transmet d'un rapide copier-coller, la relation entre l'iconoclaste infectiologue et le couple Agnès Buzyn-Yves Lévy, longtemps aux commandes du ministère de la Santé et de l’Inserm, agite les fantasmes. Non, la chloroquine n'a pas été classée comme vénéneuse parce qu'il fallait faire taire le médecin franc-tireur. En revanche, il ressort de l'enquête de Marianne que les rapports entre le scientifique et le milieu médical parisien confinent effectivement à la détestation. Ce qui ne facilite pas les rapports de travail.

DES CRITIQUES ANCIENNES CONTRE L'INSERM

Chez Didier Raoult, il n'y a pas que le style - à mi-chemin entre Panoramix et Gandalf - qui est iconoclaste, il y a aussi la pensée. Toutes les sources interrogées l'affirment : l'homme de 68 ans méprise les "médecins parisiens donneurs de leçon" autant que le "système" de recherche médicale qu'ils incarnent. Le Marseillais, qui ne cultive pas la modestie et se targue d'être le numéro un mondial dans sa catégorie selon un classement du site "Expert scape", a un "goût prononcé pour l'irrévérence et l'affrontement", souffle l'un de ses proches. Le cocktail adéquat pour ne pas s'entendre avec Yves Lévy, PDG de l'Institut national de la santé et de la recherche médicale de 2014 à 2018, époux de l'ex-ministre Agnès Buzyn et sommité si représentative du milieu de la recherche médicale parisienne. Car l'Inserm, pour Raoult, c'est l'establishment médical par excellence. Qu'il exècre.

Os exterminadores do futuro

Mandar todo mundo ficar em casa por meses é um plano assassino. Mais letal que o pior cenário imaginável para a epidemia do coronavírus. E agora?

Guilherme Fiuza

Foto: Gerd Altmann/Pixabay

O governador de Nova Iorque disse que as pessoas devem se preparar para viver confinadas em suas casas por meses. “Distanciamento social e conexão espiritual”, formulou Andrew Cuomo, numa coletiva sobre o combate ao coronavírus. Aí surgiu num telão Robert De Niro mandando todo mundo ficar em casa porque ele está “de olho”. Volta para o governador – e o vemos rindo da tirada do astro de Hollywood. Tudo normal.

Já que a massa catatônica assiste a esse estranho ritual se imaginando diante de um homem sensível e diligente que está ali endurecendo sem perder a ternura para salvar vidas, alguém tem que fazer o serviço sujo de estragar o transe: Sr. Cuomo, isso não vai acontecer. O mundo não viverá meses de confinamento doméstico nem se estourar uma guerra nuclear.

Mas vamos ficar no caso do coronavírus, que ainda não provocou uma guerra. Nove meses de confinamento populacional, como chegou a admitir o governador de NY – projetado para o mundo todo –, significa contratar uma tragédia humanitária muitas vezes maior que a da atual epidemia. Vamos repetir, para que não haja engano: uma tragédia MUITAS vezes maior. Quantas vezes maior? Peçam para algum assessor graduado do Sr. Cuomo (que saiba fazer conta) montar a estimativa. Não vale o De Niro.

Essa conta começa mais embaixo – em latitude e em escala social – com os mais pobres. Em países distantes como o Brasil, por exemplo, as cidades fantasmas já estão gestando a devastação – entre as pessoas (muitas pessoas) que não podem consertar um cano ou pintar uma parede pela internet, que não têm para quem vender seus biscoitos na rua ou na praia, para quem, portanto, a tradução de roumeófice é barriga vazia. Não têm rede de proteção social, não têm grana pro remédio da mãe doente, que vai morrer amanhã, ou talvez hoje, fora das estatísticas.