Paulo Hasse Paixão
A agência de espionagem doméstica alemã suspendeu os métodos de vigilância autoritária sobre o partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), e a pressão da administração Trump pode ter desempenhado um papel significativo no processo.
O Gabinete Federal Alemão para
a Proteção da Constituição (BfV), a poderosa agência de espionagem interna do
país, tinha rotulado o
AfD como uma “organização de extrema-direita confirmada”, abrindo caminho para
a interdição do partido populista, antes de suspender essa designação na semana
passada. A principal razão apresentada para essa retirada foi o facto de o AfD
estar a recorrer da designação em tribunal e de a agência ter decidido esperar
pela conclusão desse recurso para decidir se mantém a sua conclusão oficial.
No entanto, vozes importantes
nos Estados Unidos, que são um importante aliado da Alemanha, criticaram
imediatamente a designação numa linguagem lapidar, com o Secretário de Estado
Marco Rubio a chamar-lhe “tirania disfarçada” e o senador norte-americano Tom
Cotton, presidente do poderoso Comité de Inteligência do Senado dos EUA, a
solicitar à directora da Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard (DNI), que
suspendesse a cooperação entre os Estados Unidos e a Alemanha em matéria de
inteligência.
De acordo com Cotton, as atividades
de vigilância politicamente motivadas das autoridades alemãs assemelham-se a
métodos utilizados por ditaduras, que são impróprios de um aliado democrático.
A este propósito Cotton declarou:
“Em vez de tentar enfraquecer o AfD utilizando as ferramentas dos Estados autoritários, o novo governo alemão poderia ser melhor aconselhado a considerar por que razão o AfD continua a ganhar terreno eleitoral.”
I asked @DNIGabbard to ensure that no American intelligence agencies cooperate with German authorities involved in surveiling domestic political opponents.
— Tom Cotton (@SenTomCotton) May 7, 2025
These police state tactics are more suited for Russia or Communist China, not Western Europe’s largest country.…
A posição da administração
Trump e de Tom Cotton sobre esta matéria espoletou uma ruptura drástica entre
os dois aliados e até mesmo uma ameaça à segurança nacional da Alemanha, o que
aumentou a parada na acção autoritária do estabelecimento globalista para
sufocar a oposição política. Actualmente, o AfD é o maior partido da oposição
no país e, pela primeira vez, ficou em primeiro
lugar nas sondagens do mês passado.
Alice Weidel, co-presidente do
AfD, disse que a pressão americana estava por trás da retirada do rótulo de
designação do AfD pelo BfV. Joachim Steinhöfel, um advogado que defende a
liberdade de expressão, disse à NIUS que a acção do BfV é “uma rendição completa
dos serviços secretos alemães”. Steinhöfel sublinhou ainda que a influência dos
EUA é vital, mostrando-se grato por esse exercício de influência:
“Também temos de agradecer
aos americanos por exercerem uma enorme pressão.”
A Alemanha recorre
frequentemente a parceiros externos para espiar os seus próprios cidadãos, uma
vez que tem leis de privacidade muito rigorosas. Pensa-se que a NSA é
especialmente activa na vigilância dos alemães. Por conseguinte, qualquer
retirada dos EUA do fluxo de partilha de informações poderia ser desastrosa
para o estabelecimento Alemão e o seu braço armado: os serviços secretos.
A retirada temporária da
designação foi muito bem recebida pelo AfD, uma vez que dá espaço ao partido
para respirar. Por um lado, uma votação sobre a proibição do partido tem poucas
hipóteses de avançar sem essa designação. Por outro, o BfV já não tem os meios
legais para vigiar todo o partido e os seus membros sem um mandado, incluindo a
leitura de e-mails e chats, bem como inundá-lo com informadores.
Assim sendo, os serviços
secretos alemães estão a ser forçados a repensar a sua política de vigilância,
à medida que as divisões políticas aumentam. No entanto, se o tribunal de
recurso concordar com o BfV e considerar que o AfD pode ser classificado como
extremista de direita, a interdição pode voltar a colocar-se. Não se sabe ao
certo quanto tempo demorará este processo de recurso, se meses ou mesmo anos;
no entanto, o coro crescente da esquerda alemã, bem como da União
Democrata-Cristã (CDU), para banir o AfD continua intenso.
Se isso acontecer, as tensões
entre os EUA e a Alemanha poderão atingir novos patamares de desagravo.
Título, Imagem e Texto: Paulo
Hasse Paixão, ContraCultura,
15-5-2025
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