Carina Bratt
A NOSSA VIDA, toda ela, é feita de chegadas e partidas. De partidas e chegadas. Cada lugar que habitamos, cada pessoa que encontramos, cada experiência vivida, cada hora, minuto e até o segundo, nos molda de alguma forma. Inevitavelmente, um dia (sempre haverá um dia), seja hoje, ou amanhã, ele chegará e baterá na nossa porta lembrando o momento de partir.
Partir, ou ir, ou seguir em frente, a bem da verdade, pode ser, ou melhor, é uma palavra difícil de ouvir, como também de dizer e o mais importante: é uma coisa libertadora. Sinaliza o fim de um capítulo como também nos direciona para o início de um outro. Como um romance que estivéssemos lendo. Mesmo lado da moeda, às vezes se torna na chance de recomeçarmos, de mudarmos de caminho, de estratégia, para descobrirmos e de encontrarmos novas oportunidades.
Partir também significa deixarmos para trás,
o que conhecemos e amamos, como nossos pais, irmãos, esposos, filhos, enfim
todas as demais criaturas do nosso convívio diário que nos são caras e muitas
vezes insubstituíveis. Geralmente, amigos queridos, bem ainda lugares,
situações, memórias imorredouras e preciosas, sem falarmos que sinaliza também
enfrentarmos o incerto, o obscuro, o desconhecido e o mais importante e ao
mesmo tempo temeroso: convivermos com as incertezas, as ansiedades, as
sofreguidões e as controvérsias.
Se pararmos para pensar por alguns minutos, chegaremos a conclusão que todas essas impaciências e incredulidades, receios e titubeações, fazem parte do ponto nevrálgico para darmos de cara com as possibilidades de apreciarmos com mais acuidade e carinho o nosso presente e valorizarmos cada momento. Cada pedacinho desse NOSSO AGORA é o que objetivamente importa.
Nesse diapasão, quando o dia de partir chegar, e euzinha precisar viajar, quero levar comigo na bagagem do meu ‘eu’ as memórias dos momentos felizes, os instantes que passei com as almas que me tocaram o coração e me fizeram, de alguma forma, ser feliz. Quero partir de braços dados com a convicção de que vivi plenamente e que estarei pronta para o que vier a seguir. Minhas amigas da ‘Grande família Cão que Fuma, ’umas perguntinhas básicas:
Alguma vez vocês pensaram para onde irão no dia que partirem? Quais memórias levarão? Quais sonhos prosseguirão alimentando dentro dos seus interiores? Enquanto esse dia de partir não chega, vamos viver plenamente. Na hora derradeira, o melhor a fazer é ir embora com o coração e a alma cheios e alegria e gratidão. Mesmo sabendo que a partida é um tema profundo e complexo.
É como se fosse um ciclo natural da nossa vida e onde cada chegada traz consigo a promessa de uma partida. Penso que é essa dualidade que torna a vida tão rica, tão linda, tão bela e feliz, auspiciosa e repleta de infinitos significados. Tenho comigo que quando pensamos em partir, (se claro, der tempo) teremos em mente a ideia de mudança. De transformação. É como se estivéssemos deixando para trás, uma versão de nós mesmas, e embarcando no trem para uma nova estação, destinados a uma outra cidade.
Então, amigas e amigos da ‘Grande Família Cão que Fuma’. Diante desse quadro quando vocês pensam em partir, o que lhes vem à mente? Seria a emoção da mudança? A saudade dorida do que ficou para trás? Ou, grosso modo, tudo o que acima foi ventilado, ficaria em espera ou por acaso, um anjinho bom, alegre e saltitante desenharia em seu imaginário a expectativa do que ainda está por vir de uma maneira bem clara e amena?
Isso é o que torna ou o que faz a nossa partida em algo emocionante e ao mesmo tempo, assustadora, ao oportuno em que nos faz crescer e nos desafia a sermos mais fortes e crentes, perseverantes e felizes. No fim das contas, não importa onde, o amanhã, nos levará. Se daqui ou dali, de acolá, para não sei onde, o Pai Maior sabe todas as coisas e creio, seremos todas FELIZES E REALIZADAS.
Título e Texto: Carina Bratt, de Belém, no Pará, 25-5-2025
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