Carina Bratt
DESDE QUE SURGIRAM, os homens procuram transmitir suas ideia e conhecimentos às gerações futuras. Nem que sejam no tapa. Durante muitos anos, isso foi feito apenas oralmente. Mas, com a invenção fantástica da escrita, as informações passaram a ser registradas e, mais tarde, reunidas em forma de livro. Os primeiros opúsculos surgiram no Oriente, no segundo milênio antes de Cristo. Como o papel foi inventado muito depois, tudo se via gravado, ou melhor, escrito, em folhas de palmeira e de seda, também em placas de barro e tábuas de madeira polida.
Os egípcios usavam uma planta chamada papiro e, mais tarde, os gregos e romanos utilizaram a pele polida de carneiros, cabras ou bezerros, chamada de pergaminho. Afirmam os historiadores, que por conta desse evento, muitos fazendeiros e criadores sofreram perdas irreparáveis, uma vez que seus carneiros, cabras e bezerros sumiam sem deixar rastros visíveis. A primeira forma de livro que surgiu foi o livro em rolo. E o que eram os tais rolos? Pergaminhos ou folhas de seda, palmeira, papiro ou algodão escritos de um só lado (o outro lado dava coceiras nos dedos) e depois enrolados.
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Papiro de Ebers |
Para desenrolar, um verdadeiro caos. A coisa ficava mais complexa que as canetadas a bel prazer de um tal anticristo conhecido na época como Alexandre de Moraes, não o Grande, mas o Pequeno. Por volta do ano 300 (e, nessa época, diga-se de passagem, não existia o STF) as folhas de pergaminho passaram a ser dobradas e costuradas de um lado. Essa nova forma de livro chamada ‘códice,’ se fizera mais prática, notadamente na hora de ser guardada, carregada e folheada do que o livro em rolo. A produção de livros inicialmente foi pequena por algum tempo, pelo fato de serem escritos a mão e demoravam para serem prontos.
Foi dai que surgiu a moleza enfadonha, temerária e sem precedentes da nossa justiça como hoje a vemos no Brasil e mundo afora. Num dado momento, os homens procuraram inventar uma forma mais rápida e barata para produzi-los. Em 1045, o chinês Pi-Sheg, inventou o Congresso Nacional e o Senado. Por baixo dos panos, seus aliados criaram, na moita, um meio de imprimir baboseiras, ao invés de escrever as letras no papel. Quatro séculos a frente, o ourives alemão nascido em Mongúncia, batizado Johannes Gutemberger aperfeiçoou essa técnica, dando um grande tapa na fuça dos espertalhões o que impulsionou sobremaneira à imprensa.
Logo após o surgimento da imprensa, pintaram em cena os jornalistas, notadamente os fofoqueiros. Entretanto, somente trezentos séculos depois, os livros começaram a ser produzidos em grandes quantidades. Nessa época, surgiram em cena também os escritores. Alguns nomes, podem ser lembrados: Jorge Amado, Ariano Suassuna, Érico Veríssimo, José Lins do Rego, Paulo Coelho, Machado de Assis, Monteiro Lobato, Adelaide Carraro, Cassandra Rios, e tantos mais. O fato é que o emprego do papel extraído da polpa de madeira, barateou o custo da produção.
Mais tarde, coisa de dois mil anos, mais ou menos, apareceu em cena a linotipo (onde as pessoas não liam no tipo, mas liam o que estava escrito de alguma forma esquisita, ou seja, até em rolos de papel sanitário). A linotipo, enfatizando melhor o tema, permitiu que se fizessem as páginas escritas de um livro com mais rapidez e perfeição. Essa graciosa máquina criada pelo relojoeiro alemão Ottmar Mergenthaler, nascido em 11 de maio de 1854 (se vivo fosse, completaria 171 anos no mês que vem) compunha a escrita linha por linha de todo o texto. E não letra por letra, como a imprensa do barrigudo Gutemberg. Espero que as minhas amigas e leitoras da ‘Grande Família Cão que Fuma’ tenham gostado da história de como surgiu o livro, esse companheiro maravilhoso que hoje nos faz viajar por mundos e rincões desconhecidos.
Título e Texto: Carina Bratt, de Ribeirão das Neves, em Minas Gerais, 13-4-2025
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Carina, adoro seus textos. O de hoje foi muito instrutivo, a história desse nosso companheiro inseparável, o livro.
ResponderExcluirCarlos Motta