Walter Biancardine
Chegamos perto em 2013 quando
roubamos os protestos da esquerda – “não é pelos 20 centavos” – e nos tornamos
donos dos movimentos de rua, mas ainda não havia Bolsonaro a catalisar a
demanda. Também tivemos caminhoneiros paralisados, que igualmente exibiam claro
viés conservador – à parte suas justas demandas – mas, igualmente, faltava-nos
o “líder”.
E veio Bolsonaro.
Desnecessário dizer que tivemos, ao menos, três momentos em que estávamos com
tudo nas mãos para – pela força do povo – obrigar os parlamentares a tomarem
decisões radicais e favoráveis a nós. Do atentado contra o ainda candidato,
passando pelo desmonte da Lava-Jato e culminando no acampamento em frente aos
quartéis – duração recorde que, por si, já exibia ao mundo que a derrubada do
sistema vigente estava próxima – tudo isso era nosso, Jair Bolsonaro liderava
inconteste e os prognósticos eram claramente favoráveis a nós.
Mas Jair Messias – à parte sua
indiscutível coragem física, bravura e patriotismo – não possui coragem cívica:
é um militar "enragée", treinado e doutrinado para seguir
regulamentos (as malditas “quatro linhas da Constituição”) e jamais conseguiu
entender que, nos casos em que os abusos de um governo ditatorial e opressor se
tornam insuportáveis, as leis vigentes não ajudam ninguém – pelo contrário, nos
aprisionam, eis que nos submetemos a jogar segundo as regras do inimigo.
É perfeitamente compreensível que ele não desejasse criar uma situação de exceção, tomando o poder e empreendendo salutar faxina ideológica no estamento burocrático – isso custaria sangue, dores, escândalos – mas não haveria escolhas, e o senhor Bukele está aí para provar isso. Ele nada fez, apavorado em ser chamado de “ditador” – que já o era, pela esquerda brasileira e global, então nenhuma diferença faria – e preferiu abaixar a cabeça, entregando o poder de forma submissa e tornando-se – junto com o resto do povo brasileiro – mera vítima da narco-ditadura comuno-globalista que hoje nos governa, que já matou, sequestrou, censurou, prendeu inocentes arbitrariamente e entregou o país nas mãos de traficantes de drogas e potências ditatoriais estrangeiras. Ele teve tudo nas mãos e não usou; Jair Bolsonaro não teve o “timing” para agir na hora certa – e agora, pouco adianta falar grosso abrigado sob o guarda-chuva de Donald Trump.
E nós, o povo?
O povo, como conceito, oscila
entre aquilo que a humanidade tem de mais desprezível ao sublime; do asqueroso
ao quase divino, da força invencível ao gado conduzido para o matadouro – e tal
se dá, além da decorrência da falta de lideranças, também e principalmente pela
herança cultural, costumes, cultura popular e índole. Pois esta é toda nossa
derrota.
Assistimos, inertes, as
narrativas esquerdistas destruírem (em boa parte) o antigo poder de Bolsonaro
sobre o povo, embora ele próprio – por sua indecisão, protelação e medo – tenha
colaborado involuntariamente com isso. As ambições são incessantes, os interesses
jamais estão satisfeitos e novos candidatos à ribalta de “condutores de povos”
surgiram, dividindo os conservadores por sua própria necessidade doentia de
“obedecer um líder”. Sim, bem a esquerda tenta ainda nos dividir, mas o maior
resultado é obtido por nós mesmos, em um processo autofágico de entregarmos
nossas responsabilidades nas mãos de alguém que possa – caso tudo saia errado –
assumir as culpas.
Jamais compreendemos um Olavo
de Carvalho – o verdadeiro ressuscitador do conservadorismo no Brasil – que se
valia de um vocabulário repleto de palavrões como forma de chamar atenção do
povo para o que ele dizia. Como fazer um energúmeno ouvir um filósofo? O
resultado é que, após sua morte, metade do Brasil se acha um “Olavo” e trata os
divergentes – dentro do próprio conservadorismo – a base de xingamentos e
ofensas, sem jamais ter atinado com a verdadeira intenção que o filósofo
possuía, assim agindo. E a divisão, autofágica como disse, só se agravou.
Temos hoje uma direita
conservadora dividida, extremamente belicosa entre si e covarde quanto a ações
concretas; cada conservador crê-se um Olavo de Carvalho e proprietário da
razão, nenhuma divergência é admitida e a coisa toma, cada vez mais, os contornos
de uma seita fanática que instituiu dogmas – cada um com o seu, particular –
cuja transgressão é passível de punição com palavrões arqueológicos e… memes.
Nenhum direitista lembra-se do
objetivo maior: derrubar o sistema. Nenhum direitista atreve-se a convocar
rebeliões nas ruas ou organizar alguma espécie de desobediência civil. Mas um
em cada dez direitistas se veem como “iminências pardas”, prontos a dar os
melhores conselhos do mundo ao líder – tão e desesperadamente ansiado por
todos. E esta carência de “líderes” é tão grave que, mesmo após os mais lúcidos
implorarem “não saiam dos quartéis”, bastou uma moça e dois sujeitos subirem no
caixote e mandarem todos para o Palácio, em Brasília, para serem prontamente
obedecidos. E mil e quinhentos brasileiros inocentes foram presos.
Também a nós falou “timing”. E
pior: falta-nos bom senso e coragem.
Não há como criticar a
ditadura atual, se somos tão covardes e mesquinhos quanto. Não há como criticar
Bolsonaro se, igualmente, estamos tal qual uns cegos em tiroteio.
E não há como criticar o autor
destas linhas se você, igualmente, nada faz.
Título; Imagem e Texto: Walter
Biancardine, Facebook,
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