Vasco da Gama foi goleado pelo Puerto Cabello, da Venezuela, e se complicou no grupo G da Copa Sul-Americana
Altair Alves
O Vasco escreveu na noite desta quarta-feira uma das páginas mais vexatórias de sua história e provou que o pior jogo desta versão 2025 sempre pode ser o próximo. Dominado do início ao fim pelo modesto Puerto Cabello, quinto colocado na primeira fase do Campeonato Venezuelano, o time vive um momento dramático na temporada, simbolizado no resultado de 4 a 1 que expõe erros e diferentes culpados.
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Foto: Juan Barreto/AFP |
Ao se distribuir a culpa de um
fracasso histórico, a responsabilidade precisa começar na presidência.
Principal responsável pela montagem de um elenco repleto de carências depois de
duas janelas malsucedidas, Pedrinho optou ainda por arrastar as negociações com
Fernando Diniz.
Em entrevista no último
sábado, o presidente afirmou que entrou em contato com o treinador “assim que
fez o desligamento” de Fábio Carille. Onze dias depois da demissão, ainda não
houve acerto com Diniz. Nesse período, o Vasco empatou com o Operário em atuação
muito ruim, perdeu para o Palmeiras e foi goleado pelo Puerto Cabello.
Depois da derrota na
Venezuela, Vegetti, indignado, disse que espera que o resultado sirva “para
começarmos a crescer”. Que, ao menos, faça a diretoria entender a urgência
necessária para contratar um novo treinador.
Sob o comando interino do diretor-técnico Felipe, o Vasco teve certamente sua pior atuação em uma temporada que conta com diversas apresentações ruins. No jogo em São Januário, por exemplo, o Puerto Cabello ofereceu muito mais resistência ao perder por 1 a 0 do que a equipe vascaína ofereceu na cidade venezuelana de Valencia.
Na única vez em que levou
perigo à meta adversária, o Vasco fez seu gol na jogada mais manjada da equipe:
o cruzamento de Lucas Piton para a área. João Victor aproveitou e marcou. Pelo
chão, a equipe, inofensiva e apática, passou 98 minutos, contando acréscimos,
sem ameaçar uma vez sequer o time mais fraco do Grupo G da Sul-Americana.
Nos últimos anos, quando as
equipes brasileiras fracassam de forma retumbante em competições
sul-americanas, muitas vezes é possível atribuir o resultado a um fator
incomum, seja a altitude, uma expulsão ou uma grande quantidade de desfalques.
Não foi o que houve com o Vasco.
O time passou vergonha com
apenas um desfalque no time titular (um zagueiro), com 11 em campo do início ao
fim e num estádio sem altitude e sem pressão de torcedores. Coutinho e Vegetti,
inclusive, entraram em campo descansados, já que haviam sido poupados três dias
antes, contra o Palmeiras.
A convicção de que “a postura
nos jogos é inegociável”, defendida por Pedrinho em mais de uma ocasião desde
que assumiu a presidência, perdeu-se em algum momento no voo para a Venezuela.
Quem deixou isso muito claro foi Felipe.
Em coletiva na qual atribuiu a
responsabilidade pelo mau resultado exclusivamente aos jogadores, o técnico
interino disse 13 vezes a expressão “erros individuais” e 12 vezes a palavra
“atitude”. Felipe, aliás, entra na lista dos culpados. O time que o treinador
levou a campo foi superado desde o apito inicial. No intervalo, o interino não
mexeu e viu a equipe sofrer três gols nos primeiros 20 minutos.
Não que os jogadores sejam
isentos de culpa. É difícil explicar a postura dos 16 atletas que entraram em
campo com a camisa do Vasco no estádio Misael Delgado. Como virou rotina na
temporada, erros individuais simples decidiram a partida para o adversário.
Hugo Moura voltou a cometer
erro que deu origem a um gol sofrido pela equipe. Mateus Carvalho, Paulo
Henrique, Lucas Piton, Luiz Gustavo, Léo Jardim, Coutinho… A lista das atuações
tenebrosas na Venezuela é grande, como reconheceu Vegetti depois da partida: “A
culpa é nossa”.
Rayan foi o menos pior entre
os titulares. Dos que começaram no banco, Nuno Moreira entrou no segundo
tempo, contribuiu para uma ligeira melhora e tentou mais finalizações (três) do
que qualquer outro vascaíno.
Com a Sul-Americana tratada
internamente como prioridade, o Vasco agora se distancia da possibilidade de
avançar em primeiro na chave e, dessa forma, evitar o playoff contra um time
vindo da Libertadores. Da Venezuela, o time vai direto para Salvador, onde
enfrenta o Vitória no sábado, pelo Brasileirão. São sete jogos seguidos sem
vencer.
Como foi o jogo
O Vasco teve uma atuação
patética no primeiro tempo em Valencia, na Venezuela. Sem Nuno Moreira,
responsável por lampejos técnicos nos jogos mais recentes, Felipe povoou o meio
de campo e apostou na posse de bola e troca de passes. Mas nada disso ocorreu.
O Vasco foi um time com muita dificuldade de controlar o jogo, erros bobos e
dominado.
Como não tinha pontas, Vegetti
era obrigado a sair da área para receber a bola e, como de costume nessas
circunstâncias, contribuiu muito pouco, sem conseguir dar sequência às jogadas.
Ele é o atacante de último toque – o penúltimo ou antepenúltimo não é com ele,
já que normalmente a bola para no pé de um adversário. A primeira finalização
do Vasco saiu só aos 20 minutos, justamente com o centroavante: uma cabeçada
que o goleiro Luis Romero defendeu sem sustos.
A dupla Hugo Moura e Mateus
Cocão não se entendeu no primeiro tempo e protagonizou o lance deprimente que
abriu o placar da partida: Cocão errou passe de dois metros na frente da área,
e Hugo cometeu o pênalti derrubando Meza. A sorte do Vasco é que ao menos uma
bola levantada na área encontrou João Victor, que cabeceou para fazer seu
segundo gol na carreira e empatar a partida. O time comandado por Felipe foi
para o intervalo no lucro.
O segundo tempo reservou um
show de horrores ainda maior. A equipe venezuelana se deu conta que forçar o
Vasco a errar era o caminho mais curto para vitória, apostou na estratégia e
decidiu a partida em apenas 19 minutos.
O Vasco conseguiu a proeza de
sofrer gol de cabeça de um jogador de 1,59m de altura num lance em que Lucas
Piton não conseguiu dar conta do baixinho Padrón na dividida e Léo Jardim
hesitou na saída de bola. Em seguida, mais dois vacilos (com João Victor, Paulo
Henrique e Hugo Moura envolvidos) na saída resultaram no terceiro e no quarto
gols do Puerto Cabello.
Título e Texto: Altair Alves, Vasco Notícias, 8-5-2025
O Vasco tomou um gol de cabeça do Gerardo Padrón de 1,59 de altura kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk pic.twitter.com/xYNWms9FRi
— PES MIL GRAU (@Pesgrau) May 7, 2025
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