Cesar Maia
1. A nova legislação abre no mês de março as "janelas"
para a troca de partidos pelos deputados federais e estaduais.
2. A insegurança entre os deputados em relação às eleições de 2018
nunca foi tão grande. Na medida em que as suas reeleições estarão
principalmente dependentes dos quadros regionais, a amplitude desta insegurança
nas atuais condições é muito maior que em eleições anteriores.
3. Tradicionalmente a taxa de renovação nas eleições para deputados
está na casa dos 40%. Nas eleições de 2018 esta taxa deve ser maior. Maior e
mais imprevisível.
4. Supondo que o "não voto" (abstenção+brancos+nulos) se
aproxime dos 50%, a primeira questão que se coloca é de onde e para onde irão
os não-votos. Na medida em que seja por
uma rejeição genérica aos políticos, não se pode falar de tendências. Todos
podem perder ou não. Mas se a rejeição
for focalizada, será diferente.
5. O discurso de renovação será generalizado. Os novos candidatos
ou novos partidos, ao sublinharem esta renovação, não terão a vantagem que
imaginam. Afinal, a baixa representatividade dos deputados não fixa na memória
o nome dos "veteranos", em geral e em especial daqueles que são
arrastados pelo voto de legenda.
6. As denúncias de corrupção política estão quase sempre
relacionadas aos políticos nas suas regiões. As redes sociais se encarregarão
de alertar sobre os seus nomes e seus casos.
7. Quando isso ocorre de forma concentrada numa certa região e num
ou noutro partido, a tendência será o amplo uso das janelas de março.
8. Numa eleição com alta taxa de não-voto, a faixa de propulsão
para o segundo turno tende a estar nos 15%. E sendo assim a importância de os
deputados carregarem o número e o nome de seus candidatos a presidente e a
governador pode ser decisiva para estes.
9. Surgiram diversos grupos ou movimentos defendendo a renovação e
-até- individualizando seus candidatos. Mas como já se demonstrou
embrionariamente em 2016, isso isola esses candidatos e não fortalece seus
grupos ou partidos.
10. Muito mais efetivo seria que esses grupos ou movimentos
defendessem propostas e projetos, e criassem um sistema de vinculação suprapartidário
com links de cobrança e garantias. Os candidatos que defendam essas propostas
autenticamente teriam vantagens e com isso se formaria esses grupos de baixo
para cima.
11. Nunca um verão político foi tão quente. Quem sabe as águas de
março poderão esfriar este quadro construindo um outono de mudanças.
Título e Texto: Cesar Maia, 12-12-2017
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