Haroldo P. Barboza
![]() |
Ilustração: Jarbas |
O corajoso depoimento da
Professora Amanda Gurgel (RN) em maio de 2011 corresponde a um retrato
(3x4) da realidade degradante da educação nacional. Reforça bastante meu texto
criado em 2003 (retratando algo que HOJE está bem PIOR) e que lhe convido a ler
em quatro capítulos (batizados de “capina” o que tem muito a ver com o pasto
onde habitamos).
Em outubro de 2011 a
Professora Vanessa Storrer (Curitiba) enviou excelente carta à revista
VEJA ilustrando algumas das causas que motivaram o meu texto abaixo. Que outras
vozes de credibilidade se reúnam para criarmos a grande cruzada de combate ao
vírus “corruptio impune”
que é MIL vezes pior que o da dengue, pois atinge a todos os habitantes deste
país e se não for combatido com convicção nos transformará num Braití (pior que
o original) em menos de quarenta anos.
Torcemos para que as imagens destas
bravas Mulheres possam contaminar outros colegas do Magistério para criar um
processo cívico nacional capaz de mudar a configuração desta área social que é
a alavanca fundamental para criarmos uma qualidade de vida compatível com os
impostos que nos cobram e desviam para suas contas bancárias. E que outras
entidades sociais (de zeladores de prédios a zeladores armados da pátria,
passando pelos defensores de animais abandonados, exceto ratos do poder) se
unam numa grande cruzada para resgatar nossa dignidade pisoteada pelos
bandoleiros do podre poder que se apoiam no Judiciário perigosamente já
contaminado.
Se o próprio Ministro
Gilberto Gil em 10-05-2005
declarou na saudosa Tribuna da Imprensa (RJ) que o "governo é omisso na área da cultura", talvez ele
tenha lido este meu artigo no final de 2003 que foi publicado no mesmo jornal! O que
demonstra que pouco tem sido feito neste sentido apesar dos esforços de
diversas entidades preocupadas (mas obstruídas) em oferecer oportunidades ao
nosso povo para melhorar sua qualidade de vida e elevar o conceito de nossa
pátria. As longas greves de meses da UERJ, do Colégio Pedro II (saudades) e o
de outros núcleos, que SEMPRE penalizam seus alunos com a perda de um ano
letivo “formando” legiões de “sem-esperança”, apenas corroboram o descaso com
que esta área social é tratada pelos “donos” ilegítimos do poder. Estas
declarações acima retratam duas heranças horripilantes que caracterizam a
cultura de nosso povo:
1 – Um participante do BBBB é
chamado de “gênio” quando elabora uma frase com cinco palavras (BBBB = Big
Bordel Brasil Boiada).
2 – O povo acredita no
resultado de eleições onde urnas-E não materializam votos para posterior
conferência.
Falência orquestrada da
educação e da cultura (Tribuna da Imprensa – RJ - 2003
As crises em andamento em
relação à Educação estão sempre na moda. Em vários momentos pipocam greves de
professores prejudicando a sociedade e impedindo que ela tome consciência de como
conduzir seus anseios. Escolas são interditadas por imposição de traficantes ou
de goteiras. Divergências salariais que deveriam estar sendo resolvidas nas
mesas das escolas, constantemente emperram na Justiça de forma premeditada para
esfacelar o ânimo dos formadores de opiniões, com a nítida impressão de que
foram programadas para causar um caos sem precedentes entre os jovens já sem
grandes esperanças mesmo quando portadores de seus diplomas. Na verdade, estas
crises vieram de longe em dois sentidos: tanto no nível como no tempo. A
prática da "ditadura sem valor" impera na maioria das entidades de
orientação estudantis e as decisões são tomadas pelas administrações sem
consultar alunos, pais, professores e funcionários de apoio.
Milhares de escolas básicas
públicas que deveriam ser exibidas na TV no horário nobre estão literalmente
caindo aos pedaços. Goteiras, janelas empenadas, vidros quebrados, instalações
sanitárias entupidas (risco de doenças), fios prontos para um curto, tacos
soltos, quadros pendurados com parafusos de menos, telhas com furos demais e
outras dezenas de mazelas. Outros agravantes para torná-las inviáveis: filas
desumanas das matrículas nas madrugadas frias, indicação de escolas longe das
residências dos alunos, merenda de baixo nível (a verba é desviada antes de
chegar às escolas), falta de livros nas bibliotecas, quadros negros (verdes ou
brancos) sem manutenção, falta de carteiras (dois ou três alunos em cada),
laboratórios cheios de baratas, traças e percevejos no lugar de camundongos
cobaias. Corte nas verbas de cursos de aperfeiçoamento dos professores e claro,
o congelamento de um salário imoral para quem tem o prazer (isto é o que ainda
as mantém em funcionamento) de ensinar. E por falta de condições (verbas e
material) não conseguem se aprimorar para dar aulas com uma qualidade mínima
para se formar um cidadão preparado para viver em sociedade e com conhecimento
adequado para lutar por oportunidades de trabalho decente, suprir as
necessidades da família e defender a pátria contra as raposas internacionais
que patrocinam esta degradação coletiva com a conivência das ratazanas que
gerenciam nossa pátria para manterem volumosos os celeiros de mão de obra
barata.
Mas estas mazelas não são
exclusividades do nível básico. Visitem as instalações do Pedro II, da UFRJ ou
da UERJ (passo por elas regularmente). O quadro de abandono é similar (ou
pior). E para garantir que o funcionamento seja inadequado mesmo que haja um
sacrifício elevado de mestres, funcionários e alunos, reitores impopulares são
colocados no comando (lembram-se do Vilhena?) para garantir que o ambiente de
entusiasmo não evolua. Dentro da Biblioteca Nacional (RJ) existem mais rebocos
caindo e ratos do que leitores! Dentro deste cenário, não é de surpreender que
nossos jovens se sintam desestimulados e os mais fracos de mente, afastados da
religião e com família desestruturada se tornem presas fáceis das drogas.
Pensam que isto é o pior? Pois
saibam que entidades de alto gabarito como IME, Agulhas Negras e outras, estão
reduzindo a pressão sobre as matérias para que consigam formar turmas com mais
de 10 alunos gabaritados, para encobrir a falência total do sistema
educacional. Elas também sofrem sabotagem para provocar a queda de qualidade de
seus serviços. Por isto já não temos patriotas como os valorosos lutadores de
50 anos atrás. No lugar do hino que poucos ouvem nas escolas, estão aprendendo
as letras que revelam que realmente estamos "dominados" por
"cachorras popozudas" e "soldados dos bondes". Nossos
ídolos não são (já foram?) os valentes patriotas que no passado tombaram por
uma pátria independente. Nossos jovens idolatram atletas botinudos,
apresentadoras de programas de auditório (ou mictório?) e artistas que exibem
suas partes íntimas durante o jantar da família mentalmente e moralmente fragilizada,
pois já não encontra sustentação na Religião, denegrida por templos com fins
lucrativos, prática elevada da pedofilia e silêncio de seus líderes
conceituados que não encontram espaço adequado para esclarecer a população
atônita.
Título e Texto: Haroldo P. Barboza, Rio de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-