Rodrigo Constantino
Na semana que passou, estive
preocupado em me proteger do devastador furacão Irma, enquanto o Brasil falava
da mostra “cultural” do Banco Santander. São imagens devastadoras também, ao
menos para o cérebro das crianças (e elas estiveram na exposição, sem limite de
idade). Tinha até pedofilia racista e zoofilia, um espetáculo de baixaria
promovido com recursos públicos da Lei Rouanet.
A arte sempre teve um tom
subversivo, e muitas vezes chegou a chocar. Mas eis a mudança na era
pós-moderna: hoje tudo que choca é considerado arte. O intuito é só chocar,
quebrar tabus, os poucos que restam. E se tudo é arte, nada é arte. Os
“artistas” passaram a chamar lixo de arte, e isso é a morte da verdadeira arte.
Inúmeros brasileiros se
revoltaram nas redes sociais, e milhares de correntistas do banco ameaçaram
cancelar suas contas. O MBL assumiu a liderança de uma campanha contra a
mostra, e o próprio Santander achou melhor encerrar a coisa, para desespero do
curador, um sujeito ligado ao PSOL, que defende a ditadura venezuelana.
Após a decisão do banco, teve
começo uma campanha de difamação da esquerda organizada. O MBL passou a ser
acusado de “nazista”, uma ofensa aos judeus vítimas de Hitler. Boicote
voluntário não é censura, e quem acabou com a mostra foi o próprio banco,
percebendo que o tiro saíra pela culatra em termos de marketing de imagem.
A seletividade hipócrita da
esquerda ficou exposta uma vez mais. O argumento de liberdade de expressão
artística é claramente falso. Basta algumas comparações para deixar isso claro.
Enfiar uma cruz no ânus em
praça pública é demonstração artística, mas desenhar uma charge de Maomé com
bomba no turbante é uma ofensa gravíssima que justifica um atentado terrorista
como resposta. Proibir com o uso do estado livros de Monteiro Lobato por
racismo é reparação às injustiças passadas dos brancos malvados, mas boicotar
voluntariamente uma mostra pornográfica com pedofilia e zoofilia bancada com
verba pública é censura nazista de reacionário obscurantista.
Como não perceber a
hipocrisia? O duplo padrão da esquerda salta aos olhos, e o destaque está no
denominador comum de toda essa marcha das minorias oprimidas: demonizar o homem
branco ocidental e o cristianismo. Alguém consegue imaginar a mesma turma de
“intelectuais” falando em liberdade de expressão diante de um quadro com um
Maomé gay sendo sodomizado por Trump?
Quando eu era moleque e fazia
alguma besteira, minha avó falava que eu estava “fazendo arte”, ou seja,
aprontando. É a “arte” que a esquerda faz hoje: só porcaria! E para atacar os
valores morais burgueses estão dispostos até a defender um banco internacional.
Vale tudo para destruir o Ocidente “patriarcal”.
Título, Imagem e Texto: Rodrigo Constantino, IstoÉ, 15-9-2017
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