Reinaldo Azevedo
A quantidade de desaforos que
o Brasil produz contra Israel dá o que pensar. Parece que a suposta militância
antissionista do governo petista assume tinturas, no fim das contas, de
antissemitismo. Aliás, vamos ser claros: o antissemitismo costuma se dizer
apenas um antissionismo por delicadeza eufemística, não é mesmo?
Qual é o busílis? O governo de
Israel decidiu indicar Dani Dayan para embaixador no Brasil. O Palácio do
Planalto, sempre por meio de Marco Aurélio Garcia, o ministro oficial dos
Desastres Exteriores, fez chegar àquele país o seu descontentamento, já que
Dayan, argentino naturalizado israelense, é considerado um representante dos
colonos da Cisjordânia e não tem simpatias pela criação do estado palestino,
defendido pelo governo brasileiro.
Vamos lá. O Palácio do
Planalto tem todo o direito de gostar deste ou daquele. E de não gostar também.
Mas, salvo engano, o embaixador de Israel no Brasil defenderá os interesses de…
Israel em nosso país — que é o que costumam fazer os embaixadores, ora essa!
Desde quando o representante de um estado é obrigado a abraçar a pauta daquele
país para o qual é enviado? Isso é uma sandice!
É claro que há protocolos
nessas coisas. Não é raro que dois países tenham dissensões, embora mantenham
relações diplomáticas. É evidente que não se vai enviar para o território com o
qual há um contencioso importante alguém que seja flagrantemente contrário a
qualquer forma de diálogo e que só acredite na linguagem do confronto — que vem
a ser o contrário da diplomacia.
Mas não é o caso. Ainda que o
Brasil tenha as suas opiniões sobre o estado palestino — e tem, claro!, o
direito a isso —, o representante de Israel em nosso território não tem de
comungar dos mesmos princípios. Considerações dessa natureza expõem o
primitivismo que hoje dá as cartas no Itamaraty.
Venham cá: o governo petista
compartilha todos os pontos de vista do embaixador do Irã no Brasil? As
opiniões dos embaixadores de Cuba e da Venezuela coincidem com as do Planalto?
Acho que, nos três casos, prefiro nem saber a resposta. Ou melhor: acho que já
sei.
O governo Dilma estrelou um
vexame no ano passado quando, diante da escalada da violência entre israelenses
e palestinos, emitiu uma nota em que censurou apenas Israel, ignorando os
agressores palestinos e suas vítimas — judeus, é claro!
O vazamento das restrições ao
nome do embaixador é mais uma das grosserias do governo brasileiro com um país
amigo, ao qual os petistas se opõem de maneira sistemática. Dizer o quê? Os
“companheiros” tratam aos pontapés a única democracia do Oriente Médio é a pão-de-ló
todas as ditaduras muçulmanas. Isso os define.
Ótimo artigo, colega.
ResponderExcluirRealmente são coisas nas quais se refletir.
Na minha opinião, só uma jogada bem tendenciosa, para agradar alguns grupos que estiveram reclamando e querendo boicotar produtos israelenses.