Paulo Ricardo da Rocha Paiva

Sua força terrestre, já faz
muito tempo, vinha atravessando um processo altamente despersonalizante, em
particular e principalmente, direcionado ao seu alto comando. Neste país, todas
as leis, regulamentos e estamentos vigoravam até o instante em que seus
dispositivos pudessem passar a incomodar a governança e sua politicalha, que
eram absolutamente alheias aos reais problemas de um povo que, malgrado o desgaste
material e revanchista por que passava seu exército, ainda o mantinha no topo
como a instituição mais confiável do seu país.
Eis que elementos da mais
baixa estatura moral, alguns até condenados pela justiça, são condecorados com
medalhas deste exército que, tantas vezes humilhado, sem que haja uma reação na
sua justa medida por quem de direito e dever, já estava sendo chamado, por isso
mesmo, de "brancaleone", mais precisamente pelos civis, justamente
aqueles tiranicamente estupefatos com a leniência que se estabelecera e o pouco
caso que, de uns tempos para cá, se passara a fazer a um auto respeito, até bem
pouco, mantido, ainda, como cláusula pétrea religiosamente observada pelos seus
comandantes.
O medo de "pisar no
calo" de quem destratava este exército é tanto que seu comando já pensava
em alterar (seria mais cômodo para não pegar tão mal) o regulamento das
comendas, incluindo parágrafo nos seguintes termos: -"Os dispositivos
constantes nos estamentos das medalhas militares devem ser respeitados, desde
que não causem melindres aos interesses da governança e dos políticos." Existiam
até militares deste desafortunado exército que pensavam não se dever dar tanta
importância a este regulamento da medalhística, na medida em que existiam
outros problemas nacionais mais importantes merecendo a atenção de seu comando,
como se honra e brio pudessem ser relevados por Instituição fincada nestes
princípios basilares, estes tão marciais nas suas essências e nos seus juízos
de valor.
O tempo não pára e, vendo a
banda passar, o comandante perdeu o bonde, com gravíssimas consequências para a
instituição e para o país, posto que, com suas atitudes e declarações dúbias e,
até então, sem mostrar ao que viera, escorou-se nos rapapés de alguns poucos
notórios, mas, incuráveis " pastores de ovelhas", não fazendo cessar
o processo revolucionário e desagregador reinante pelo qual passava a nação.
Pobre "país de meia verdade" que, junto com o seu exército
assimilador de vilipêndios, perdeu o seu tempo e o espaço que podia vir a
ocupar no contexto da comunidade internacional.
Enfim, que DEUS tenha
piedade...
Título, Imagem e Texto: Paulo Ricardo da Rocha Paiva, Coronel
de Infantaria e Estado-Maior, 27-9-2015
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