Cesar Maia

2. A partir dessa mudança, os meios de comunicação medem e divulgam
seus resultados de circulação e audiência somando as duas versões: física e
digital. Para se ter uma ideia, no primeiro semestre de 2015, a versão digital
da Folha de SP correspondeu a 44% de sua circulação total e a versão digital do
Globo a 37%.
3. Com certeza, a audiência das TVs segue o mesmo caminho, até
porque dá ao telespectador a opção de assistir o programa quando quiser,
passando de tele a apenas espectador digital. Nos filmes e documentários isso
já é uma realidade, incluindo canais ou empresas especializadas.
4. Se do ponto de vista estatístico a soma da circulação/audiência
física e digital é correta, do ponto de vista da opinião pública não o é. Não o
é especialmente nos jornais e revistas. Se é verdade que o leitor digital pode
multiplicar uma ou outra notícia de seu maior interesse, mas levando em conta a
amplitude e diversidade do jornal/revista, a situação é muito diferente.
5. O acesso físico aos jornais/revistas se dá de três maneiras: por
compra nas bancas, por assinatura, por leitura do jornal/revista por quem não
comprou. Nos três casos o leitor não é único. Em sua residência, em seu
trabalho, etc dão acesso a outras
pessoas. Ainda há o multiplicador da capa do jornal/revista de quem faz sua
leitura na própria banca. E a permanência por dias da versão impressa em
diversos locais. Quantas pessoas leem os jornais de dias anteriores? Isso para
não falar nas revistas nos consultórios, escritórios, salas de espera,
cabeleireiros...
6. Na versão digital, além de o leitor ser solitário, o que foi
lido desaparece no momento seguinte à leitura. Dessa forma, a probabilidade da
contaminação e formação de opinião pública através das versões físicas é muito
maior. E ainda mais pela versão e interpretação pessoal que o leitor multiplica
através da leitura de leads, de boxes, de manchetes e de fotos.
7. Portanto, a simples troca de versão impressa por versão digital,
que vem ocorrendo inclusive em relação a grandes jornais mundo afora, tem
efeitos de opinião pública diferenciados. Dobrar a circulação incluindo a
versão digital não é – de forma alguma – dobrar a influência do jornal junto à
opinião pública.
8. Apenas como exemplo. Um jornal com cem leitores e com um
multiplicador de leitores de três impacta trezentas pessoas. Um jornal com cem
leitores sendo metade digital impacta 50 x 3 = 150, 150 + 50 = 200. Ou seja
perde um terço do impacto junto à opinião pública.
9. Bem, e ainda por cima a perda de faturamento, pois com
conhecimento disso tudo, as agências e as pessoas não estão dispostas a pagar
na versão digital pela publicidade o que pagam na versão física.
Título e Texto: Cesar Maia, 24-9-2015
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