domingo, 20 de setembro de 2015

Ópera do Malandro

Carlos Lira
Ontem fui ao teatro, ao teatro fui.

Inegável a genialidade de Chico Buarque de Holanda impressa na Ópera do Malandro. Foram duas horas e quarenta e cinco minutos de pura magia: o arrojo musical, o jogo de palavras, os atores, tudo, enfim, conferem a Chico o bem-posto adjetivo – O MOLIÉRE BRASILEIRO. Uma das personagens – FIXINHA – lançou Elba Ramalho no cenário musical brasileiro em definitivo. Você sai do teatro em estado de êxtase e... na saída do teatro entramos na vida real do que foi retratada nesta belíssima Ópera do Malandro – menores do crak, mendigos, a violência que impera na cidade do Rio de Janeiro.

Durante a apresentação, os que não estavam somente embevecidos com o espetáculo, os que meditavam sobre o enredo da peça se assustavam com as denúncias existentes com maior intensidade neste país governado pelo PT. Ao contrário do que se pensa, o roubo, a corrupção, o desvio de dinheiro estão retratados no mundo da prostituição e do contrabando inserido nesta obra mais viva que nunca.

É um direito do autor ser comunista – milionário e feliz, um comunista que esbanja sua riqueza em bares e hotéis parisienses; um comunista que vive em um apartamento numa região muito valorizada no Rio de Janeiro e, premiado com um terreno anexo à sua moradia, existe um campo de futebol para sua distração e dos convidados – um terreno milionário, por sinal.

Chico Buarque, o intelectual, o homem que denunciou o drama dos pobres viventes do tempo da ditadura e, agora, não consegue denunciar o mal que o PT fez ao Brasil. Por ser um petista convicto, ele podia proibir a apresentação desta peça mais atual que nunca à realidade brasileira. Está sendo um deslize de sua parte.

O momento mais eletrizante da apresentação é quando Geni e o Zepelin são executados – mudam os governos, a multidão clama por justiça – depois volta tudo de ruim existente neste meio à estaca ZERO. É o que está acontecendo no momento brasileiro. Depois de tudo – “joga bosta na Geni” – afinal o carnaval vem aí; o futebol e as enganações instituídas desde o tempo em que os índios se deixavam iludir com os espelhos e quinquilharias dos portugueses conquistadores. Vida que segue...
NB – Obrigado a Lamartine pelos convites.
Título e Texto: Carlos Lira, 20-9-2015


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