O esmiuçar do comezinho

Alberto de Freitas

Ao saber de tiroteio (com feridos) no bairro do Cerco, no Porto, pensei na falta de policiamento de proximidade, motivo de insegurança das populações. Justifica-se urgência na admissão de pessoal, pensava, antes de assistir… bem, é melhor ir diretamente ao assunto:

Vereador José Sá Fernandes (BE),
o empata-túneis

Quinta-feira passada, em duas ruas da zona comercial do Bairro de Campo de Ourique em Lisboa, acumulam-se agentes da autoridade. Contei 16. Imaginei – como bom medricas – risco de ataque terrorista. Mas era temor injustificado, pois tratava-se de “filmagens” –  segundo informação de um graduado – que terminariam na terça-feira seguinte. À parte o problema da utilização de meios escassos, como são os agentes policiais (Domingo, filmagens interrompidas, eram 8, só para garantir o não estacionamento em 3 cruzamentos com, num total de 200 metros de rua), há o facto de os residentes e comerciantes não terem sido avisados. Isto, numa Autarquia com presidência do partido: “primeiro as pessoas” – Talvez porque quem trata do pelouro é o Zé, criatura da esquerda autêntica e, como tal, entrosado com o povo. Como o Zé é povo, escusa de avisar o dito povo, pois basta ele saber… como povo que é.

Para o filme de promoção da Toyota, os residentes não têm onde estacionar, os comerciantes não vendem, nem sequer se perde tempo a avisar as pessoas… as tais que estão sempre primeiro e a acrescentar um montão de polícias durante 6 dias, 24 horas por dia.

Sim, sei que se trata de um problema comezinho, mas retrata a realidade autárquica de Lisboa. Se fossem ultra-neoliberais fariam o mesmo? É provável, mas pelo menos não aturaríamos hipócritas.

Título e Texto: Alberto de Freitas
Edição: JP