Carlos Lúcio Gontijo
Lançaremos neste dia 27 de
abril de 2012 o romance “Quando a vez é do mar”, nosso 14º livro. Confessamos
que o fazemos movidos apenas pelo dom divino que nos guia e que se coloca bem
acima da razão humana.
Não há estímulo algum para
despender esforço na edição de obra literária em país de tão baixos índices de
leitura, ainda que se incluam na apuração os livros didáticos e a Bíblia. Sem
dúvida alguma, se os levantamentos se baseassem somente em obras de literatura
e poesia os números se nos revelariam muito mais desanimadores.
Residimos hoje em Santo Antônio do Monte, onde mantemos o hábito de conversar com as pessoas, que são a
fonte e a matéria-prima de qualquer autor. Pois bem, por aqui encontramos (como
acontece em praticamente todos os municípios brasileiros) gente com curso médio
completo que nunca leu uma obra de poesia ou ficção na vida, ocorrência que se
daria se ele tivesse feito vestibular. Contatamos até jovem empresário que
jamais havia ouvido o nome de Bueno de Rivera, um dos maiores poetas do Brasil,
nascido em solo santo-antoniense.
![]() |
Igreja Matriz de Santo Antônio
do Monte
|
É por essas e outras que a
conscientização da população é meta de difícil alcance, uma vez que ainda
carecemos de escolas públicas de qualidade estendidas democraticamente a todos,
fator indispensável à consolidação de uma democracia de fato, na qual o povo
verdadeiramente poderá controlar o governo: primeiro não votando em candidatos
espertos ou simplesmente enganadores. E depois fiscalizando as ações de governo
através de mecanismos apropriados.
Contudo, enquanto não
conseguimos melhorar o grau educacional de nossa população, somos obrigados a
conviver com uma grande imprensa que, ao invés de noticiar os fatos, tem o
costume de usá-los como enredo, editando-os segundo seus interesses, que ganham
o status de verdade, por intermédio de repetidas manchetes.
Publicamos livros desde 1977,
passamos 32 anos dentro de redação de jornal e há anos produzimos artigos que
sempre tiveram o objetivo de construir ou alertar, quando a moda é desconstruir
e desancar alguém ou alguma coisa, sabe-se lá com quais intenções ou
propósitos.
O Congresso está aí com os
andamentos de mais uma famigerada CPI que, ao final, após a análise de uma
“cachoeira” de denúncias, servirá tão-somente para o redimensionamento das
falcatruas, mesmo com a punição de alguns parlamentares e autoridades pegos com
a boca na botija, pois pouco tempo depois nos depararemos com novos escândalos
perpetrados contra os cofres públicos sob a égide de outra forma mais
aprimorada de se apropriar da coisa pública.
Vamos dar um tempo em relação
aos artigos, ficaremos assistindo aos laureados escribas articulistas e suas
festejadas penas de aluguel (com louvor às raras exceções de praxe), que tudo
fazem em defesa dos pendores políticos de seus patrões. Nosso pensamento se
acha exposto em nosso site, através de nossos livros e alguns artigos de
opinião ali inseridos e que foram extraídos entre mais de 600 publicações em
jornais.
Durante toda a nossa
trajetória estudantil jamais contamos com a presença de algum figurão do mundo
das letras em nossa escola, o que implica o distanciamento entre o autor e o
leitor de primeiras leituras, quando é tão importante a proximidade como
materialização da palavra e do indispensável estímulo.
Enfim é isto: escolas ruins,
professores desestimulados e intelectuais descompromissados ou entregues aos
holofotes da mídia e seus nobres espaços gráficos, onde se nos apresentam como
incontestáveis donos da opinião, ainda que não sejam sequer exatamente as suas
e nem expressem os anseios das ruas, nas quais ecoam as roucas vozes que não
chegam aos ouvidos dos iluminados colunistas e articulistas, cidadãos
detentores de poder para comentar, criticar e reivindicar em nome da sociedade.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta,
escritor e jornalista
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