Jeffrey Tucker
No fim de semana, fomos
brindados com uma exibição absurda de intimidação pelas alegações de que o
Wal-Mart México (prepare-se para um choque) pagou subornos a funcionários
públicos para ter o direito legal de fazer negócios no país.
Como se vê, para fazer um
negócio sério nos Estados Unidos requer vastas contribuições de campanha para
várias camadas de políticos eleitos, um exército de lobistas em Washington,
funcionários públicos aposentados em sua chapa e devoção do público à religião
cívica americana. Ocorre todos os anos e se reinicia a cada ciclo eleitoral.
Mesmo assim, é difícil saber
se você vai conseguir aquilo pelo que você paga.
É mais fácil e mais eficiente
no México. Você paga a propina diretamente. O tomador de decisão recebe o
dinheiro. Ele ou ela limpa o caminho para você fazer a coisa. O facilitador
tira a sua fatia. As pessoas em sua maioria mantêm suas promessas. O negócio
está feito.
Aparentemente, pagar suborno
nos Estados Unidos é um sinal de uma democracia saudável e funcionando; fazer a
mesma coisa no México, de uma maneira mais simples e direta, é uma violação
criminosa dos padrões de ‘boa governança corporativa’.
![]() |
Fila para a black friday |
Aqui nos EUA temos o 'The New York Times' "expondo" o fato chocante e, presumivelmente, medonho, de
que, durante vários anos, o Wal-Mart gastou US $24 milhões em pagamentos a
políticos, burocratas e porteiros no México, na esperança das pessoas que
empregam e das que precisam dos empregos trazerem bens e serviços a quem deles
precisa.
A exposição de tirar o fôlego
e de chocar escrita pelo NYT é como se esses repórteres intrépidos estivessem
expondo uma turba violenta envolvida em assassinatos para obter o que querem.
Nunca se percebe bem que o Wal-Mart seria muito melhor tendo usado essa
dinheirama toda para expandir seus negócios, contratar mais funcionários ou
otimizar seu inventário de estoques. O dinheiro usado para o suborno é uma
perda para qualquer empresa, um preço terrível a pagar para se fazer negócios
com o estado ou até apenas sob a sua ‘supervisão’.
Em qualquer caso, o monte de
informações foi cavado sobre o conteúdo de comunicações de empregados
descontentes. E isso é dificilmente incomum. É como o negócio é feito.
Independentemente disso, o NYT está em busca de sangue – não dos extorsionistas
que dirigem o sistema, mas de uma de suas vítimas, o Wal-Mart.
Na última contagem, havia 1.200 novas estórias sobre isso sendo transmitidas. A revista FORBES relata: "As Lojas Wal-Mart, provavelmente, enfrentarão a ira do Departamento de Justiça dos EUA para frear uma investigação interna sobre alegações de suborno em sua subsidiária mexicana". Tenho certeza de que as investigações do Congresso estão próximas, com todos os executivos nomeados sendo arrastados perante as comissões e assediados pelos reguladores.
A amarga ironia é que o DJ
americano vai transferir mais recursos do sistema mexicano para os EUA. Para
sobreviver, o Wal-Mart será forçado a gastar mais do que os US $ 12 milhões ou
mais que já gasta por ano em contribuições de campanha e a lobbies.
Toda a aplicação prática do
Ato de Práticas Corruptas Estrangeiras (APCE) faz aumentar a quantidade de
práticas corruptas domésticas. Na verdade, essa é a forma como o sistema 'deve'
funcionar. Verdadeiramente, se o APCE fosse realmente posto em prática como
está escrito, os negócios em todo o mundo chegariam a um impasse insuperável e
esmagador.
No bem conhecido sistema
mexicano, as pessoas chamadas de "gestores" se especializaram em
intermediar o negócio e a burocracia. Elas lidam com os inspetores, os
emissores de licenças ambientais, os burocratas, os funcionários e fiscais do
trabalho e os reguladores de zoneamento. Além do poder de fazer isso, os
‘gestores’ mantêm uma taxa de 6% para eles, apenas por uma questão de
convenção. Até mesmo cidadãos comuns usam essas pessoas para ficar na fila para
tirar alguma vantagem – tudo num esforço para encontrar meios não violentos de
contornar os burocratas.
Devido a essas barreiras
ridículas existentes, o sistema não chega a ser terrível. Para o empresário,
governos corruptos dos quais se podem comprar os modos de como prosseguir nos
negócios são muito melhores do que os "bons governos", que bloqueiam
todo o progresso.
O problema sobre o Wal-Mart é
que ele fez muito pior. Quando a empresa descobriu que isso estava acontecendo,
varreu o lixo para debaixo do tapete, ao invés de vir a público e denunciar
tudo. Sem brincadeira! Será que talvez a empresa tenha imaginado que isso a
mancharia e que os fatos a atacariam?
Subornar funcionários é ilegal
no México, assim como o é nos Estados Unidos. Mas, claro, que isso é apenas uma
fina casca brilhante a disfarçar o que está por baixo. Em qualquer lugar que
haja governo, haverá corrupção. Esse é o propósito das barreiras à empresa,
para extrair a riqueza daqueles que querem superá-las.
Será que vale a pena? É pagar
ou não fazer negócios, o que significa pobreza duradoura. Hoje, o Wal-Mart
México emprega 209.000 pessoas e é o maior empregador do país. A empresa
forneceu um exemplo fabuloso do mérito da iniciativa privada neste país, que
está finalmente se reerguendo economicamente. Trouxe alimentos, bens e serviços
para milhões de pessoas que de outra forma não os teriam. Fez mais em 10 anos
para o México do que todos os burocratas dos governos têm feito em cem ou mil
anos.
Por seu crime de trazer
desenvolvimento econômico para este país, a empresa deve ser denegrida,
espancada e obrigada a prestar reverência à classe política americana. Por que
o México deve desfrutar de tal generosidade, quando há milhões de burocratas
americanos que precisam fazer parte deste trem da alegria?
Pode-se ler milhares de
artigos acadêmicos sobre o problema da "corrupção" em países ao redor
do mundo e perder completamente o foco do ponto central. A maneira de eliminar
a corrupção é eliminar as barreiras às empresas. Por que isso não é óbvio?
Porque muitas pessoas imaginam um ideal utópico que não existe agora e nunca
existiu: um 'bom governo'. Eles imaginam que as regras do governo podem ser
aplicadas de forma imparcial com base na ciência ou o bem público.
É pura bobagem. Como Ludwig
von Mises escreve em 'Ação Humana':
"Infelizmente, os
ocupantes de cargos e seus auxiliares não são angelicais. Eles aprendem muito
cedo o que as suas decisões significam para os empresários, quer em perdas
consideráveis ou, às vezes, em ganhos enormes. Certamente, há também burocratas
que não levam propinas, mas há outros que estão ansiosos para tirar proveito de
qualquer oportunidade 'segura' de 'compartilhar' com aqueles a quem suas
decisões favorecem... A corrupção é um efeito regular do intervencionismo
estatal, onde o estado é o corruptor e a empresa, para sobreviver, é a
corrompida".
Mas aqui está a parte que me
incomoda tanto. De alguma forma, a iniciativa privada é sempre e em toda parte
a culpada por perpetuar a corrupção, quando a verdade é, obviamente, que a
culpa recai sobre os governos. A primeira é forçosamente corrompida pelo último
que é corruptor. Quem corrompe é não apenas quem paga como também quem diz o
que pode e o que não pode ser feito. É como assistir um assalto e culpar o
assaltado para andar com muito dinheiro no bolso. É como dizer a alguém que
enfrenta a exigência "a bolsa ou a vida" que deva sempre optar por
entregar sua vida, ou chamar de corrupto quando entrega todo o seu dinheiro ao
assaltante.
O pano de fundo aqui é nada
menos do que o velho e mofado ressentimento anticapitalista. As 'elites'
detestam o Wal-Mart por sua realização de ter colocado em exposição a realidade
incrível do capitalismo que nunca se ouve falar na escola: é o sistema que está
focado de forma maníaca no bem-estar da sociedade e a serviço do homem comum.
Quando se vai ao Wal-Mart não
se vêm operários e camponeses se rebelando contra o sistema, mas comprando
coisas que tornam suas vidas melhores. Parece algo bastante mundano, mas é como
a civilização é construída: uma troca econômica de cada vez.
As pessoas que se interpõem
nesse processo não merecem um centavo, mas a iniciativa privada é quase sempre
boa o suficiente para expeli-las da vida econômica de um país, ou de outro modo
a sociedade estará em vias de extinção.
Nos países socialistas, não
existem empresas privadas, e os substitutos estatais para elas só são capazes
de criar filas, desabastecimento, e divisão igualitária da miséria e da pobreza
na população, enquanto suas ‘elites’ em seus politburos têm tratamento
diferenciado e nababesco por fontes ‘especiais’ de fornecimento de bens e
serviços, quase sempre adquiridos nos países capitalistas desenvolvidos.
O Wal-Mart merece a nossa
simpatia, não a nossa condenação.
Jeffrey Tucker - Editor
Executivo do ‘Laissez Faire Books’ – Auburn, Alabama, EUA, 23 de abril de 2012
Tradução e Destaques: Francisco Vianna
Tradução e Destaques: Francisco Vianna
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-