Este texto vai responder à questão
lembrando a obra de seu pai.
Fernando Holiday, do Movimento
Brasil Livre, também se pronuncia.
Atenção! Quem primeiro chama o
interlocutor de "merda" é o cantor; pior: fidalgo desde sempre, o filho de
Sérgio Buarque exige credenciais de quem fala com ele. O pai diria que o
comportamento de seu rebento é a cloaca moral do "homem cordial" de "Raízes do
Brasil"
Reinaldo Azevedo
Essa gente não quer mesmo que
eu tire férias, né? Eita ano que não termina! E que não vai terminar. Só em
2016, com o impeachment de Dilma Rousseff. Que virá! Vamos seguir. Será que
Chico Buarque é um merda? Eu vou responder neste texto. Fernando Holiday, do
Movimento Brasil Livre, se pronuncia num vídeo.
Está a maior onda na Internet
por causa de um pequeno bate-boca — muito menos grave do que gritaram os
coelhinhos do Bambi — entre Chico Buarque, acompanhado de alguns amigos
bêbados, e um grupo de rapazes que decidiu lhe fazer algumas cobranças
políticas. Creio que todo mundo saiba já do que falo. Se não souber, segue
aqui.
Volto
Será que Chico Buarque é um
merda?
Em primeiro lugar, todos
sabem, e o arquivo está aí, não endosso que pessoas sejam abordadas em
restaurantes, bares ou lojas em razão de sua posição política — a menos que
seja uma manifestação de simpatia, como vive acontecendo comigo, o que me deixa
muito feliz. Mais de uma vez, já escrevi aqui e disse na rádio Jovem Pan que
quem pretende cassar o direito de o adversário se manifestar é o PT.
Em segundo lugar, o tal
“merda” que tanto barulho fez precisa ser devidamente qualificado. Chico trata
seus interlocutores com evidente menoscabo e, num dado momento, a exemplo de
alguns outros pinguços que estão com ele, manda ver: “Você é um merda!”. Ao que
o outro responde: “Eu queria ouvir da sua boca: ‘Você é um merda’ E quem apoia
o PT o que é que é?”. E Chico responde: “Um petista!”. E ouve: “É um merda!”.
Embora eu insista que esse
tipo de abordagem, ainda que na rua, não me agrada, não há agressividade na
fala dos rapazes, mas indignação com as opiniões políticas de um sujeito que
usa a fama conquistada na música para fazer política. Logo, se ele colhe
reações políticas de seu discurso — não consta que seus interlocutores
estivessem ali para contestar os seus trinados —, isso está absolutamente
dentro do aceitável, desde que as coisas sejam ditas e expressas de modo civilizado.
E civilizada, convenham, a
conversa estava, até que Chico rompe o padrão para, segundo indica o vídeo,
chamar o outro de “merda” (1min08s). Sim, ele o fez primeiro.
O filhinho de papai
Em terceiro lugar, destaque-se
a arrogância do fidalgo, que começou a vida sendo incensado porque, afinal, era
filho de Sérgio Buarque de Holanda, o autor, entre outros, do clássico “Raízes
do Brasil”. É nesse livro que Buarque de Holanda, o pai, explica Buarque de
Holanda, o filho.
Segundo Sérgio, um dos traços
mais característicos da formação do Brasil é o chamado “homem cordial”, aquele
que não distingue o espaço público do espaço privado; que usa da condição
alcançada ou herdada na esfera privada para impor a sua vontade no espaço
público, de sorte que a lei do compadrio se sobrepõe às instituições.
Vejam lá com que sem-cerimônia
Chico exige credenciais de seus interlocutores. Diz um dos jovens, aludindo ao
fato de que o cantor, de fato, passa a maior parte do tempo em Paris: “Meu pai
também está em Paris. É gostoso Paris, né?”. E Chico, com a empáfia do
patronato descrito por seu pai: “Rapaz, engraçado, eu não tou te
reconhecendo!”. Aí diz o outro: “Você é famoso! Eu não sou!”.
Indagado, o interlocutor revela seu sobrenome, e o Chico do Sérgio o repete, com esgar de desprezo. O filho de Sérgio Buarque exige credenciais de quem fala com ele. O pai diria que o comportamento de seu rebento é a cloaca moral do “homem cordial” de “Raízes do Brasil”.
Indagado, o interlocutor revela seu sobrenome, e o Chico do Sérgio o repete, com esgar de desprezo. O filho de Sérgio Buarque exige credenciais de quem fala com ele. O pai diria que o comportamento de seu rebento é a cloaca moral do “homem cordial” de “Raízes do Brasil”.
E quer saber a quais “nomes de
família” ele dá a graça de suas bobagens. Sai perguntando a cada um. Um
barbudo, visivelmente alterado pela consciência etílica, quer saber de “onde” é
um dos que conversam com ele. Ao ouvir um “não interessa”, o pançudo grita:
“Interessa! De onde cê é?”.
Há outras coisas até
divertidas no vídeo. Quando um dos rapazes lembra que Chico mora a maior parte
do tempo em Paris, o que é fato, ele diz, em tom de acusação, que o outro é
leitor da VEJA. Digamos que seja. Chico certamente gosta da imprensa de nariz marrom
que incensa tudo o que ele produz e escreve, preste ou não.
Nota: ele já fez músicas de
alta qualidade, sim. Seus livros, no entanto, são um lixo subliterário, e ele
só parou de ganhar Jabutis em penca depois que apontei a patuscada que fazia
dele um vencedor que nem precisa disputar. Ele me atacou num artigo. Demonstrei
por que seus livros são ruins. Ele enfiou o rabo entre as pernas. Fidalgo! Será
que Chico é um merda?
Irresponsável
Chico Buarque, incensado pela
imprensa também por suas ignorâncias, é um homem notavelmente autoritário. Sai
por aí, se preciso, a espalhar as mentiras mais asquerosas em nome da
ideologia. E, como se nota, não gosta de ser cobrado. Escrevi aqui, no dia 16
de setembro, um post sobre um vídeo que ele gravou com João Pedro Stedile, o chefão do MST,
em que ambos sustentam haver um plano de privatização da Petrobras. Vejam:
Fatos:
– Inexiste plano para privatizar a Petrobras — infelizmente!;
– o projeto a que se referem apenas permite que, caso a Petrobras não possa ser sócia de campos de exploração do pré-sal, abra mão dessa primazia;
– o projeto é vital para o pré-sal porque, pela lei atual, se a Petrobras não puder arcar com os 30% que lhe cabe na sociedade, nada se faz.
– Inexiste plano para privatizar a Petrobras — infelizmente!;
– o projeto a que se referem apenas permite que, caso a Petrobras não possa ser sócia de campos de exploração do pré-sal, abra mão dessa primazia;
– o projeto é vital para o pré-sal porque, pela lei atual, se a Petrobras não puder arcar com os 30% que lhe cabe na sociedade, nada se faz.
Mas Stedile e Chico mentem a
respeito com o desassombro de que só o esquerdismo e a má-fé são capazes. Será
que Chico é um merda?
Trono da empulhação
Chico Buarque quer defender as
causas mais estúpidas, violentas e antipopulares, mas acha um absurdo que possa
ser cobrado por isso — o que é repetido bovinamente por boa parte da imprensa.
Vejam as barbaridades praticadas nas escolas públicas de São Paulo. Por mais que
se possa censurar a Secretaria de Educação por não ter sabido expor direito as
vantagens da reestruturação, esta era e é necessária. É mentira, pra começo de
conversa, que haverá “fechamento” de escolas.
Não obstante, um grupo de 18
ignorantes disfarçados de artistas, liderados por Chico Buarque, produziu um
vídeo hediondo, com uma letra idiota, sobre uma causa estúpida. E tudo em
defesa das invasões. O autor da enormidade é um tal Dani Black, capaz de
escrever barbaridades como:
“A vida deu os muitos anos de estrutura do humano
à procura do que Deus não respondeu
“A vida deu os muitos anos de estrutura do humano
à procura do que Deus não respondeu
(…)
Ninguém tira o trono do estudar”.
Ninguém tira o trono do estudar”.
Procurem no arquivo deste
blog. Tenho um “IPI” infalível. O que é o IPI? Índice de Picaretagem
Intelectual.
Sei que estou diante de um
picareta sempre que ele transforma verbo em substantivo, um processo que a
gramática chama de “derivação imprópria”. Basta que alguém diga algo como “o
estudar”, “o brincar”, “o fazer”, “o reivindicar”, e eu logo me desinteresso e
olho para o vazio. É que não suporto “o empulhar”.
Sem contar que Dani Black —
quem é esse, caramba?! — Acha que a busca de Deus nada produziu de positivo
para a cultura, talvez nem a “Suma Teológica”… E o tal Dani e os outros 17
imbecis estão certos de que falam em nome da cultura e da educação.
Como prosador, Chico é uma
lástima, mas ele já soube produzir boas letras, até ser derrotado por uma
“mulher sem orifício” — seja lá o que isso signifique e que não possa
eventualmente ser remediado com Citrato de Sildenafila, Tadalafila, chá de
catuaba ou reza braba. É claro que o autor da bela música “Soneto” é capaz de
reconhecer uma letra ruim — embora seu soneto tenha se atrapalhado um pouco no
ritmo, com a irregularidade das tônicas: os versos ora são sáficos, ora são
heroicos, ora não são nada. Mas Chico é um letrista, não um poeta, como dizem.
Prepotentes
O dado mais encantador dos nossos artistas “progressistas” é sua alastrante ignorância. Acham que podem se posicionar sobre qualquer assunto que diga respeito à sociedade, expelir regras, posicionar-se, entrar na rinha política, mas se negam a ser cobrados. Quando isso acontece, agem como Chico Buarque: “Seu merda!”. Ou, pior ainda do que isso, apelam ao famoso “Sabem com quem está falando?”. Ou não foi isso o que Chico fez, mas de modo espelhado: “Quero saber com quem estou falando…”?
O dado mais encantador dos nossos artistas “progressistas” é sua alastrante ignorância. Acham que podem se posicionar sobre qualquer assunto que diga respeito à sociedade, expelir regras, posicionar-se, entrar na rinha política, mas se negam a ser cobrados. Quando isso acontece, agem como Chico Buarque: “Seu merda!”. Ou, pior ainda do que isso, apelam ao famoso “Sabem com quem está falando?”. Ou não foi isso o que Chico fez, mas de modo espelhado: “Quero saber com quem estou falando…”?
Todos sabem que o movimento de
invasão das escolas nada tinha a ver com estudantes. Trata-se de uma inciativa
liderada pelo PT — particularmente por uma de suas milícias: o MTST, comandado
por Guilherme Boulos —, com um claro propósito político, partidário e
ideológico. Será que Chico Buarque é um merda?
Abaixo, publico uma edição que
o Movimento Brasil Livre fez do vídeo dos ignorantes engajados, com comentário
de Fernando Holiday, um dos coordenadores. Volto depois.
Encerro
Holiday chama de “playboys” os
que abordaram Chico. É o único pequeno trecho de sua abordagem de que discordo.
Nem sei se são. E se forem? Quando “playboys” se opõem à roubalheira, seja a do
PT, seja de qualquer outro, acho isso positivo. Prefiro esses aos playboys e,
sobretudo, “playmen” que passaram a puxar o saco do PT para ter o privilégio do
Bolsa Juros, do Bolsa Subsídio, do Bolsa Desoneração, do Bolsa BNDES, do Bolsa
Rico…
Chico Buarque, que jamais fez
uma mísera crítica a ditaduras de esquerda, tornou-se uma das faces visíveis da
justificação de um governo criminoso. Do alto de sua sapiência, diz que, se
seus interlocutores acham o PT bandido, ele, Chico, acha “o PSDB bandido”. Tem
o direito de achar. Mas também tem o dever de apontar onde está ou esteve o
banditismo. Não duvido que haja ou tenha havido bandidos no PSDB e em qualquer
legenda. A questão está em definir quando a bandidagem se torna um sistema de
governo.
É possível que ainda volte ao
assunto. Dito isso tudo, acho que vocês já têm mais elementos para responder:
será que Chico Buarque é um merda?
Ele deixou claro, de modo
arrogante, que nem sabia com quem estava falando. Mas nós sabemos muito bem com
quem estamos falando.
Ademais, o mais laureado, nem
importa se justa ou injustamente, dos ditos “artistas brasileiros” deveria é se
envergonhar de apelar a coisas como a Lei Rouanet para divulgar a sua obra. O
subsídio — porque é disso que se trata — à obra de Chico, ora vejam, poderia
virar remédio ou leitos nos hospitais do Rio — não na Zona Sul, onde ele solta
seus trinados.
Chico, em suma, é o homem que
seu pai lastimou em “Raízes do Brasil”.
Será que Chico Buarque é um
merda?
O jornal português, Público,
alardeou:
Muito bom o que diz o Fernando!
ResponderExcluirParabéns!
Eu gostaria de falar sobre a lei Rouanet.
ResponderExcluirEla não paga os artistas num todo com recursos públicos, como alardeiam alguns comentários na nuvem.
Ela isenta de impostos de algumas formas um projeto cultural apresentado, e financia em 80% outra parte do projeto cultural.
Uma das fontes dos recursos é 3 % das loterias da CEF.
Eu não aprovo renúncia fiscal de projetos culturais e artísticos.
Seria de muito melhor alvitre se o governo isentasse de impostos os contribuintes que adquirissem materiais culturais, artísticos e educativos.
fui,