Mario Hecksher
O Dicionário de
Política (Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino; 5ª edição;
Editora UnB) contém um texto de Cesare Pianciola que nos fala o seguinte sobre
o Socialismo:
“Em geral, o Socialismo tem
sido historicamente definido como programa das classes trabalhadoras, que se
foram formando durante a Revolução Industrial. A base comum das múltiplas
variantes do Socialismo pode ser identificada na transformação substancial do
ordenamento jurídico e econômico, fundado na propriedade privada dos meios de
produção e troca, numa organização social na qual:
· o direito de propriedade seja fortemente
limitado;
· os principais recursos econômicos estejam sob o
controle das classes trabalhadoras;
· a sua gestão tenha por objetivo promover a
igualdade social (e não somente jurídica ou política), através da intervenção
dos poderes públicos.”
Foram justamente essas ideias,
aparentemente maravilhosas, que fascinaram muitos milhões de pessoas durante o
século XX e parece que ainda continuam fascinando outros tantos, principalmente
na atrasada América Latina, neste início do século XXI.
Ao longo do tempo, muitos
teóricos estudaram as ideias socialistas e as interpretaram com inúmeras
variações. Alguns, de espírito revolucionário, procuraram aplica-las, certamente
na esperança que seus intentos resolvessem os problemas que observavam na
sociedade, supostamente provocados pelo que eles chamaram de Capitalismo, um
sistema econômico que teria surgido em consequência da Revolução Industrial.
Assim sendo, governos autodenominados socialistas foram estabelecidos em
diversos países.
Na aplicação de suas teses, os
governos socialistas, geralmente estabelecidos através de revoluções que
cerceavam de modo absurdo a liberdade e a vida das pessoas, atacaram fortemente
o direito à propriedade privada, principalmente dos meios de produção. Mas
jamais colocaram os recursos econômicos, dos quais se apossaram, sob o controle
das classes trabalhadoras ou promoveram a tão decantada igualdade social.
Ao contrário, os agentes dos
governos estabelecidos passaram a controlar os recursos econômicos, segundo a
sua vontade, e a promoção da igualdade social, sempre apregoada pela propaganda
governamental, nunca passou de grande embuste.
O resultado final de tudo isto
foi sempre o caos econômico. Provas desta afirmação podem ser facilmente
extraídas da falência da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e
da mudança de rumo da China comunista, esta obrigada a abandonar uma economia
de molde socialista e adotar princípios capitalistas, para poder se
desenvolver.
Portanto, o que se viu e se vê
é que o caos econômico, a pobreza e a falta de liberdade se instalam em todos
os países que insistem em pautar sua política e sua economia em matrizes
socializantes. Mais exemplos de fracassos, pretéritos e atuais, podem ser
citados: Coreia, Cuba, Venezuela e Argentina. E não se diga que a culpa destes
fracassos é dos Estados Unidos da América, apontado como culpado e vilão desta
triste história. Aliás, esta é a grande mentira da propaganda socialista,
repetida nos dias atuais até a exaustão.
No início deste século XXI,
não cabe mais discutir teorias políticas e econômicas de matriz socialista,
porque foi possível observar o desempenho dos governos que as utilizaram
durante os últimos 96 anos. Aqueles que têm algum conhecimento, espírito
crítico e raciocínio lógico, nada destacam que possa servir de bom exemplo e
que mereça ser seguido.
Portanto, o melhor caminho é
fechar essas ideias ultrapassadas, que contrariam a lógica e o bom senso, no
cofre do esquecimento e buscar outras saídas para resolver os problemas que
afligem o mundo.
Hoje, o socialismo é apenas
uma longa e trágica experiência que não deu certo!
Título, Imagem e Texto: Mario Hecksher, ABIM,
22-10-2015
O autor é coronel de Infantaria e Estado-maior do Exército (reformado).
É Mestre e Doutor em Estudos, Planejamentos e Aplicações Militares, pelo
Departamento de Educação e Cultura do Exército. É Professor Emérito da Escola
de Comando e Estado-maior do Exército e professor de Liderança Militar na
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).
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