Paulo Ricardo Paiva
Nossas "Forças
Armadas" são o resultado da sociedade indisciplinada, egoísta,
individualista, corrupta e muito bem representada pelos "políticos",
democraticamente eleitos por nós mesmos. Em verdade, o povo talvez nem queira
pensar nisso, nem queira pensar em nada. Do mendigo debaixo da ponte até o
megaempresário, cada qual está unicamente preocupado consigo mesmo. O Brasil
que se lixe!
O maior entreguista de todos
os tempos, Collor, com o apoio irrestrito do seu lugar-tenente no MRE da época,
Marcos Azambuja [foto], fez o que fez com os programas estratégicos de desenvolvimento
tecnológico de ponta, e nada, mas nada mesmo, lhes foi cobrado. Para que se
tenha uma idéia da entrega de soberania, seu governo passou a consentir o
desarmamento e controle, não só de armas nucleares, mas também químicas e
biológicas, abrindo mão do direito sagrado que tem a nação de dissuadir para
não lutar. E não há legislação penal, invocável, que criminalize nenhuma destas
ações de lesa-pátria. Somos um estado à deriva que “desabriga” uma sociedade
apática.
Se na prática o povo não está
nem aí para fazer reverter a nossa situação de país rico (hoje mais do que
nunca), mas absolutamente indefeso, cabe a atual comandante-em-chefe das Forças
Armadas assumir sua autoridade com decisão, fazendo denunciar as excrescências
representadas pelos diversos tratados ligados à diminuição ou desenvolvimento
de armas, como: o Tratado de Tlatelolco, a criação da Agência
Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares, o
Acordo Nuclear Quadripartite de Salvaguardas com a AIEA, a legislação para
controle de exportação desta qualidade de armas nucleares, o Compromisso de
Mendonza (nada mais nada menos do que a renúncia ao uso, produção, aquisição ou
transferência de armas químicas e biológicas). Que se diga, convocando a
Argentina para revisão do nosso acordo de salvaguardas, em prol de um outro que
contemple as aspirações de segurança e soberania plena dos dois países mais ameaçados
da latino-américa.
Como agravante ao descaso da
sociedade está a nos aguilhoar também a miséria moral. Uma grande parte dos
políticos desta hora, os anais públicos do Foro de São Paulo não deixam mentir,
apóiam as FARC, ilegais na própria Colômbia, as quais, comenta-se com lógica,
vivem da produção e da comercialização da cocaína. Seriam esses nossos
representantes declaradamente bandidos? Cidadão, perigo! Isso tudo está a
formar um mosaico, um vitral, um todo, um sistema, um conjunto consistente.
Assim, nossas
"Forças" não poderiam fugir do destino inglório de, apenas, estarem
inseridas neste terrível contexto. Elas e os fatos que poucos militares
comentam, expõem, analisam, denunciam, refletem perfeitamente a imagem de tal
conjunto. Graças à educação militar, alguns profissionais das armas ainda vêem
tudo isso com espírito crítico, mas não se sabe até quando haverá quem
critique.
Enquanto persistir o espírito
popular vigente, que é fruto de ene fatores a começar pela horrorosa falta de
educação, especialmente a cívica, e a liderança política negativa, desonesta,
vamos continuar na mesma. E a História mostra, com clareza meridiana: não cabe
aos militares o papel de tutores da Nação. Como sair disso? Provavelmente, se
não viermos a ser exceção no estudo da História Geral, por meio de purgação
sangrenta lamentável, interna ou externa, quanta infelicidade, desgraçadamente.
Creio ser um assombro a luta
de alguns poucos no sentido de abrirem os olhos da sociedade! Eles serão
mártires ou heróis desta luta insana! De qualquer forma, que Deus os ilumine
pela verdadeira guerra que fazem com as armas da crítica e do esclarecimento.
Se cometerem algum erro, que tenham a certeza, ele será irrelevante no contexto
dos bons combates que travam, pois seu alerta está sendo dado.
Título e Texto: Paulo Ricardo da Rocha Paiva, Coronel
de Infantaria e Estado- Maior, 23-10-2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-