Cesar Maia
1. A Batalha de VERDUN foi a
mais longa nas histórias das guerras. Ocorreu em 1916, de fevereiro a dezembro.
De um lado a linha de trincheiras da França e do outro a linha de trincheiras
da Alemanha, ambas com aproximadamente 1 milhão e 200 mil soldados cada. No
total morreram 1 milhão de soldados em proporções iguais. Depois de 10 meses,
as duas linhas estavam no mesmo lugar. Ficou conhecida como a Máquina de Trituração.
Os dois exércitos em batalha foram desintegrados com perda de cerca de 50% dos
combatentes: ninguém venceu a Batalha de VERDUN.
2. A batalha do impeachment de
Dilma é a versão política da Batalha de VERDUN. O presidente da Câmara de
Deputados constituiu uma sólida maioria parlamentar e posicionou-a inicialmente
com independência ao poder executivo e em seguida em franca oposição. O Procurador-Geral
foi mobilizado e passou a investigar Cunha, trocando informações com o MP da
Suíça, conseguindo, numa varredura, identificar seu nome por trás de uma
gestora de conta. A imagem de Cunha foi atingida, comissão de ética convocada.
Ele deu o troco, impondo derrotas sucessivas à Dilma.
3. O vice-presidente Michel
Temer, avaliando a dinâmica da opinião pública e do processo de impeachment,
passou a se credenciar como solução política para a crise, como uma alternativa
de governo de união nacional. Numa segunda fase, formalizou a ruptura com a
"carta desabafo". Em seguida, Dilma, com seu grupo, iniciou a
campanha Delenda Temer. Vazou decretos assinados por Temer que teriam também
infringido a lei de responsabilidade fiscal. E jogou a isca na boca de um
senador do PSDB que, ingenuamente, “suitou” para a imprensa. O senado votou
determinando ao TCU que faça essa auditoria. Simultaneamente, mais vazamentos
de uma hipotética "doação" a Temer. Temer perdeu a áurea de
alternativa consensual à crise.
4. A Câmara de Deputados impôs
uma contundente derrota e constrangimento à Dilma, oferecendo uma tramitação do
impeachment via chapa alternativa e votação secreta. A comunicação de Dilma
criou a batalha virtual Dilma X Cunha aproveitando o desgaste de imagem do
presidente da Câmara de Deputados. Nesse clima, o STF chamou a si a decisão
sobre o rito do impeachment. Um dos ministros situou claramente que o rito iria
além do abstrato e tinha o comportamento autoritário do presidente da Câmara de
Deputados -decidindo desde a mesa- a chapa alternativa e o voto secreto. O STF
desconstituiu a sessão da câmara que elegeu a comissão especial de avaliação do
pedido de impeachment.
5. Renan Calheiros demonstrou
que numa votação por maioria simples ele lideraria a decisão no Senado. Dilma,
em sua estratégia anti-impeachment, optou por se associar a Renan e exercer sua
influência para que a investigação sobre Renan guardasse -pelo menos- um tempo
de enquadramento maior que o de Cunha. O ministro-relator do STF na Lava-Jato
autorizou a busca e apreensão nas residências e escritórios de Cunha, mas não
de Renan. Apenas quebra de sigilo telefônico e bancário. Mas no fim de semana
denúncias contra Renan, em delação premiada, voltaram a colocá-lo na boca do
vulcão. O procurador-geral pediu ao STF a destituição de Cunha da presidência
da câmara e suspensão de seu mandato para não atrapalhar as investigações.
Ficou para fevereiro pós-recesso.
Título e Texto: Cesar Maia, 22-12-2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-