segunda-feira, 21 de março de 2016

O estoiro brasileiro

Luís Naves
No Brasil, alastra a contestação às elites políticas e oligarquias económicas, num movimento que pode levar o regime a mudanças drásticas. A corrupção do PT, partido que esteve no poder na última década e meia, é inaceitável. Apesar de tudo, foi surpreendente ver como a nossa comunicação social amestrada procurou nos últimos dias branquear o maior escândalo político de que há memória numa democracia (corrupção em larga escala, incompetência, nepotismo, obstrução à justiça, desfaçatez, cinismo, hipocrisia).

Lula e o PT apoderaram-se de riquezas públicas, compraram votos e distribuíram o bolo pelas clientelas que os iriam manter indefinidamente no poder, isto enquanto faziam o discurso cínico da defesa revolucionária dos direitos dos pobres. Tudo isto não tem ponta que se lhe pegue, mas há uns comentadores que preferem culpar os juízes, colocam reticências à eventual destituição da presidente (vamos lá com calma), descobrem golpes de Estado e detectam milionários nas multidões que ocupam as ruas. São os mesmos que reclamam sempre pelo direito à indignação, que pedem a demissão imediata de governantes locais e apontam o dedo à mínima irregularidade de um político que lhes desagrade.

É evidente que o Brasil terá de superar a obstrução à justiça, livrar-se dos bandidos, destituir a presidente Dilma (que não governa e nunca reparou nos milhares de milhões que saíam da Petrobras). O Brasil precisa de reformar a sociedade e o sistema político, isso não será nada fácil. Tal como a Argentina se livrou dos peronistas, os brasileiros conseguirão livrar-se do PT, mas é preciso não subestimar a maldade e a estupidez desta gente: é a própria democracia que está em perigo, sendo necessário escolher entre a actual farsa e o esforço de reformar o sistema. Não escrevi antes sobre a crise brasileira, pois havia na blogosfera nacional autores mais lúcidos do que eu, a fazer o serviço público que os jornais não quiseram fazer, nomeadamente Francisco José ViegasRui a.Eduardo Pitta e Luís Menezes Leitão, entre outros. 
Título e Texto: Luís Naves, Fragmentário, 21-3-2016

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