Eros Grau passa um carão naqueles
professores da USP que foram à Faculdade de Direito do Largo São Francisco
mentir sobre a Constituição e a lei
Reinaldo Azevedo
Eros Grau [foto], ex-ministro do
Supremo, mais uma vez, toma uma atitude corajosa, deixando-se pautar pela
Constituição e pelas leis, não por chacrinhas e chicanas.
Em entrevista ao Estadão, Grau
disse com todas as letras o que sabem os sensatos: “O golpe é algo contra a
Constituição. E o impeachment está previsto na Constituição. Deve ser tratado
como uma coisa normal. Não é ilegal”.
Grau ficou irritado com a
patuscada protagonizada no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP por
petistas disfarçados de professores: “Desde que eu me aposentei e sai do
Supremo, há seis anos, eu nunca dei entrevistas, escrevi nada com conteúdo
político. Sempre me recusei. Mas, quando eu vi o que ocorria na Faculdade, eu fiquei
uma arara. Aquilo foi um absurdo. Aqueles professores da Faculdade estão fartos
de saber que não existe ilegalidade em se fazer uma investigação sobre o
presidente da República. Está previsto na Constituição. Foi uma manifestação
política de agressão à Constituição. Foi isso que me fez sair do meu silêncio.
Quem está pedindo que a Constituição seja cumprida não está dando golpe nenhum.
Golpe é descumprir a lei”.
Eis aí. Não custa fazer aqui
algumas observações. Grau é um homem com formação de esquerda. Durante a
ditadura, foi preso e torturado. Mesmo assim, no Supremo, na condição de
relator, votou contra a revisão da Lei da Anistia com um argumento
irrespondível também do ponto de vista técnico. O texto que convocou a
Assembleia Nacional Constituinte tinha a anistia como pressuposto. Há uma
diferença entre ser um jurista e um chicaneiro. Grau demonstrou que não era
ministro para se vingar, mas para fazer valer a Constituição e as leis.
Aliás, além de Grau, já
desmoralizaram publicamente a tese estúpida do golpe os ministros Dias Toffoli,
Celso de Mello, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia e ex-ministros Ayres Britto e
Carlos Veloso.
E o ex-ministro diz ainda: “Eu
acho que Michel Temer vai ter de ser o presidente. Essa vai ser a forma de
cumprir a Constituição. É o que a lei diz”.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo. VEJA, 28-3-2016
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