O Planalto, em consonância com o
presidente “de facto”, decidiu, como afirmei nesta manhã, optar pelo leilão:
está distribuindo fatias do governo a quem quiser votar contra o impeachment
Reinaldo Azevedo
Ai, ai…
Lula, ora vejam, não é ministro
de coisa nenhuma. Hoje, ele é apenas um ex-presidente investigado. Mas está
concedendo entrevistas a veículos estrangeiros. Não! Não é para tratar da crise
política, de seus desdobramentos, do eventual fim da era petista. Isso até
faria sentido.
Não! Ele está é tratando de
miudezas mesmo. Acha, por exemplo, que o Planalto pode segurar parte do PMDB e,
como diz, construir a governabilidade.
E, para não variar, dá a si
mesmo como exemplo: “Quando eu ganhei as eleições, em 2003, em um primeiro
momento o PMDB não me apoiou, mas uma parte do PMDB na Câmara me apoiava, uma
parte do PMDB do Senado me apoiava, e nós conseguimos governar”.
Bem, cumpriria lembrar aqui
que as circunstâncias eram outras, mas me parece ocioso a esta altura.
O Planalto, em consonância com
o presidente “de facto”, decidiu, como afirmei nesta manhã, optar pelo leilão:
está distribuindo fatias do governo a quem quiser votar contra o impeachment.
E tenta ainda esvaziar a
reunião do Diretório Nacional do PMDB, marcada para esta terça, que deve votar
pelo desembarque. O governo tenta arrancar dos ministros peemedebistas o não
comparecimento ao encontro e o compromisso de trabalhar em suas respectivas
bases contra o impeachment.
Críticas a Moro
Na entrevista coletiva, Lula
fez críticas ao juiz Sergio Moro. Segundo ele, é competente e inteligente, mas
foi picado pela mosca azul.
Disse isso, claro!, naquele
seu tom piedoso: “O juiz, por mais que seja juiz, não foi correto ao fazer
divulgação de coisas privadas. Não contribui com a democracia. Deus coloque a
mão na cabeça dele”.
Seria bom Lula deixar Deus
longe dessas histórias do capeta. Afirmou ainda que o juiz não pode ter lado.
A entrevista do petista é
parte de uma estratégia de difamação da Operação Lava Jato mundo afora para
tentar caracterizar o impeachment de Dilma como um golpe. NOTA: A DENÚNCIA QUE
TRAMITA NA CÂMARA TRATA ESSENCIALMENTE DAS PEDALADAS FISCAIS.
E não faltou, ora vejam,
críticas à imprensa, que estaria tentando criar um clima parecido com aquele
que levou à rápida deposição de Hugo Chávez em 2002. O golpe militar durou 47
horas.
A comparação é um despropósito
absoluto. Embora o delinquente venezuelano já caminhasse para a ditadura
aberta, o que se viu lá foi uma quartelada. No Brasil, as instituições
funcionam plenamente, e os militares estão longe da política.
Lula e Dilma, eles sim, estão
tentando transformar o impeachment numa batalha campal. Lula e Dilma, eles sim,
querem simular um clima de guerra civil. Lula e Dilma, eles sim, pretendem
empurrar o país para o impasse institucional. Lula e Dilma, eles sim, perderam
os limites de seu papel político: ela, formalmente, investida do cargo; ele,
ocupando a Presidência “de facto”, de forma ilegal. É, em todo caso, uma
liderança que arregimenta seguidores.
Isso é prenúncio de que haverá
dificuldades pela frente. O PT não se conforma com o triunfo do aparato legal
pelo qual se elegeu. Esse é o partido que pediu o impeachment de Collor, de
Itamar e de FHC. Como se nota, dada a lista, não era necessário que o
adversário cometesse crime para que o partido tentasse derrubá-lo. Bastava ser…
adversário.
Quando eles estão no poder, no
entanto, nem o crime escancarado justificaria o impedimento.
E é por isso que há muitos
anos cravei algumas máximas sobre os petistas: “Seus adversários são sempre
culpados, mesmo quando são inocentes; eles próprios são sempre inocentes, mesmo
quando culpados”.
Ou mais: “A divisa de um
petista é ‘aos amigos, tudo, menos a lei; aos inimigos, nada, nem a lei’”.
Assim, o único norte moral do
petismo é a… amoralidade!
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