Maria Teixeira Alves
Ao ler a notícia do Expresso de que Isabel dos Santos foi a São
Bento, falar com o primeiro-ministro António Costa para este lhe dizer que
apoiava a sua entrada no capital do BCP – um encontro que terá tido como
objectivo pôr fim à longa contenda que existe entre a empresária angolana e o
BPI onde tem 18,6% directamente – lembrei-me dos velhos tempos. Isto é que é a
tradição nacional. O pai Estado resolve. Pois com este encontro António Costa
pretende resolver o impasse negocial entre os accionistas do BPI.
A isto associa-se o facto de
ter já havido um envolvimento político do Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa, apelando à oposição à espanholização da banca portuguesa.
Segundo o Expresso, o Presidente está concertado com o primeiro-ministro e o
governador do Banco de Portugal, para diversificar as fontes de capital accionistas
dos bancos. António Costa surge com um papel activo de exercicio de uma
magistratura de influência não oficial para que os accionistas espanhol e
angolano do BPI dessem gás a um entendimento.
Este é pois mais um sinal do
regresso da velha ordem. A ordem em que o Estado ajudava os grandes grupos.
Esta coisa de: "o
primeiro-ministro, António Costa, chamou a si este dossiê. E o Presidente da
República, Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou preocupação" é já o sinal de
um regresso ao passado. Aliás o PSD já veio questionar o Governo sobre a alegada intervenção em negócios da banca com Isabel dos Santos.
Estamos de volta ao velho
paternalismo do Estado, que remonta ao Estado Novo, e que não morreu com o
tempo, pelo contrário. Não admira que uma sociedade que não consegue viver sem
esse paternalismo nutra ódios profundos por Vítor Gaspar, Maria Luís Albuquerque
e Pedro Passos Coelho.
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