Nelson Teixeira
Conta a lenda que certa manhã
o guerreiro mongol Gengis Khan e sua corte saíram para caçar.
Enquanto seus companheiros
levavam flechas e arcos, Gengis Khan carregava seu falcão favorito no braço,
que era melhor e mais preciso que qualquer flecha, pois podia subir aos céus e
ver tudo aquilo que o ser humano não conseguia enxergar.
Entretanto, apesar de todo o
entusiasmo do grupo, não conseguiram encontrar nada.
Decepcionado, Gengis Khan
voltou para seu acampamento. Mas, para não descarregar sua frustração em seus
companheiros, separou-se da comitiva e resolveu caminhar sozinho.
Tinham permanecido na floresta
mais tempo que o esperado e Gengis Khan estava cansado e com sede.
Por causa do calor do verão,
os riachos estavam secos. Não conseguia encontrar nada para beber até que,
enfim, avistou um fio de água descendo de um rochedo à sua frente.
Na mesma hora, retirou o
falcão do seu braço, pegou o pequeno cálice de prata que sempre carregava
consigo, demorou um longo tempo para enchê-lo e, quando estava prestes a
levá-lo aos lábios, o falcão levantou voo e arrancou o copo de suas mãos,
atirando-o longe.
Gengis Khan ficou furioso, mas
era seu animal favorito, talvez estivesse também com sede.
Apanhou o cálice, limpou a
poeira e tornou a enchê-lo. Após outro tanto de tempo, com a sede apertando
cada vez mais e com o cálice já pela metade, o falcão de novo atacou-o,
derramando o líquido.
Gengis Khan adorava seu
animal, mas sabia que não podia deixar-se desrespeitar em nenhuma
circunstância, já que alguém podia estar assistindo à cena de longe e mais
tarde contaria aos seus guerreiros que o grande conquistador era incapaz de
domar uma simples ave.
Desta vez, tirou a espada da
cintura, pegou o cálice, recomeçou a enchê-lo. Manteve um olho na fonte e outro
no falcão. Assim que viu ter água suficiente e quando estava pronto para beber,
o falcão de novo levantou voo e veio em sua direção. Gengis Khan, em um golpe
certeiro, atravessou o seu peito do falcão, matando-o.
Retomou o trabalho de encher o
cálice. Mas o fio de água havia secado.
Decidido a beber de qualquer
maneira, subiu o rochedo em busca da fonte. Para sua surpresa, havia realmente
uma poça de água e, no meio dela, morta, uma das serpentes mais venenosas da
região.
Se tivesse bebido a água, já
não estaria mais no mundo dos vivos.
Gengis Khan voltou ao
acampamento com o falcão morto em seus braços.
Mandou fazer uma reprodução em
ouro da ave e gravou em uma das asas: “Mesmo quando um amigo faz algo que você
não gosta, ele continua sendo seu amigo”.
Na outra asa: “Qualquer ação
motivada pela fúria é uma ação condenada ao fracasso”.
Nem sempre o que parece ser,
realmente é.
Título e Texto: Nelson Teixeira, Gotas de Paz,
18-3-2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-