Vitor Cunha
Antigamente, quando nos
indignávamos com alguma coisa, ainda tínhamos o site das petições electrónicas
para extravasarmos a frustração. Hoje em dia, após a monção de manifestos de
economistas incomodados e jarretas avulsos, as exigências para que o mundo mude
à nossa feição são atividades que já não encaixam entre gatos do Facebook e
mais uma lambidela ao nosso Querido Primeiro pelos precários dos Truques da
Imprensa Portuguesa. Vai daí, entram os palhaços, que sempre quebram a
monotonia do trapezista-líder e o desconforto de ver o contorcionista Centeno a
esmigalhar os ossos que possam restar.
Jeroen Dijsselbloem, pessoa de
nome que traduzirei por “flor de diesel”, disse umas coisas, umas palermices dentro do género socialista que, num dia
qualquer, pareceriam banais se ditas por um daqueles comentadores de gesso com
molde Adão e Silva que ornamentam as televisões. Porém, nem hoje é um dia
normal, nem as esganiçadas portuguesas — refiro-me ao dr. Carlos César,
naturalmente — estão para deixar passar em branco a existência de concorrência
na traulitada. Diz-nos o dr. César, então, que o flor de diesel “é
o tipo de criatura que não faz falta na União Europeia”, isto por oposição ao
tipo de criatura que faz muita falta, como, permita-se a concessão à modéstia,
o dr. César.
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'Ego ferido', ilustração: Henrique Monteiro |
Já as malucas do Bloco, talvez
por falta de diagnóstico, talvez por verem pilas coloridas em tudo que seja
ajuntamento molecular, decidiram que o flor de diesel é um
preconceituoso, racista, xenófobo e sexista, características que, em abono da
verdade, dizem muito mais sobre quem as identifica do que sobre o alvo da
caracterização. O meu conselho para os bloquistas é que, se forem apanhados na
desgraça de gastar tudo em bebida e sexo, aleguem ter sido tudo em sumos detox
e homens moçambicanos, para não caírem na malha do preconceito xeno-sexista.
Perante catástrofes desta
dimensão ainda há gente que se preocupa com coisa pouca, como a dívida pública
ou próximo resgate. São também estas as criaturas que não fazem falta nenhuma à
União Europeia.
Repôr a verdade
ResponderExcluirPara quem ainda não leu, ou andou a ler os miseráveis e mentirosos cabeçalhos da maioria dos jornais portugueses, eis as verdadeiras palavras e correctamente traduzidas, que o ministro das finanças holandês proferiu:
"“Na crise do euro, a Europa, mostrou solidariedade para com os países em crise. Como socialista que sou, a solidariedade é para mim extremamente importante. Mas quem a pede, tem também deveres. Não posso gastar o meu dinheiro todo em bebida e mulheres e depois disso ir pedir a vossa ajuda. Este princípio vale para o nível pessoal, local, nacional e também europeu”.
Após isto, cada um é livre de entender e analisar estas palavras como bem quiser. Mas o que não se deve aceitar, nem ser conivente, é com a mentira, e a manipulação, a que a maior parte da nossa CS recorreu, ao atribuir ao ministro holandês, palavras e frases, que ele manifestamente não falou.
Rui Mendes Ferreira
Dijsselbloem lamenta se alguém se sentiu ofendido, mas não se demite
ResponderExcluirGoverno holandês continua a apoiar “firmemente” Dijsselbloem