A venda da Varig para a Gol foi, ao mesmo
tempo, a última esperança de sobrevivência da primeira empresa aérea brasileira
e um dos passos mais ousados de uma novata na aviação nacional.
A aquisição da Varig foi um passo
ousado para a Gol, que chegou ao mercado brasileiro em 2001 com um modelo
enxuto de operação, o chamado “baixo custo e baixa tarifa”. Na época, a Gol
anunciava a intenção de mandar duas marcas e dois serviços diferentes e via uma
oportunidade de avançar no exterior com nome Varig.
A Varig, que tinha 17 aviões e voava
para 18 destinos nacionais e internacionais, teria a frota dobrada, como
modelos Boeing 737 novos e 767 usados. Meses depois da compra, chegaram os
Boeing 767 para retomar as linhas internacionais da Varig. “Era um avião velho,
que não foi bem aceito pelo mercado. A compra da Varig não foi um bom negócio
para a Gol”, diz Nelson Riet, especialista em aviação e ex-diretor de operações
da Varig.
O próprio Constantino de Oliveira
Junior admitiu no ano seguinte, em declarações à imprensa, que a empresa errou
na escolha do avião. Ele consumia muito combustível e a Gol teve prejuízo com
as rotas internacionais. Os voos para Europa e América do Norte foram
cancelados em 2008 e a Varig manteve sua operação apenas na América do Sul. Em
2013, a marca saiu de cena completamente, com a aposentadoria dos aviões que
levavam sua marca nos voos da Gol.
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Constantino de Oliveira
Junior, durante coletiva de imprensa de anúncio da compra da Varig
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O CALOTE DO AERUS
Dez anos depois da venda da Varig,
aposentados e pensionistas que investiram no fundo de pensão da qual a empresa
fazia parte ainda esperam uma definição sobre pagamentos aos quais tinham
direito. O Aerus foi criado em 1982 pela Varig, Cruzeiro e Transbrasil. Quando
a Varig parou de operar, o fundo, com vários repasses atrasados, não tinha
reservas suficientes para pagar os benefícios de todos aqueles que tinham
contribuído.
“Pagamos durante toda a nossa vida
profissional para o Aerus visando a garantia de uma velhice digna. Entretanto,
ficamos numa situação de penúria. ” A frase é do comandante aposentado
Zoroastro Ferreira Lima Filho, que tem 86 anos e trabalhou na Varig durante 15.
“Foi tudo para o buraco. Sumiram com o dinheiro, a Varig tinha que depositar e
não depositava. Depois que ficamos sabendo disso”.
Em 2006, foi decretada a intervenção e
liquidação extrajudicial do Aerus. Dessa época até 2014, os aposentados e
pensionistas da Varig receberam apenas 8% do valor a que tinham direito por
terem contribuído com o fundo de previdência privada. “Foram 8 anos de
sofrimento. Muitos não tiveram condição de pagar plano de saúde, comprar
medicamentos. Muitos morreram sem ver restabelecido seu dinheiro”, lembra o
ex-comandante Lima Filho. Ele começou a contribuir com o Aerus desde a criação
do fundo, e se aposentou 4 anos depois.
(…)
Leia aqui
o Infográfico de O Globo, 28-3-2017
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