Helena Matos
Há algum tempo desenvolvi um
hábito: na leitura matinal dos jornais vou ao site do JN. E espero. Espero. Mas
nada. Como bem se percebe espero para ler o diretor daquele periódico explicar, comentar, negar… enfim fazer
qualquer coisa que explique a sua concepção de jornalismo-esfregona, porque
valha a verdade quem quer ser general prussiano ou português vai para a tropa.
Mas enfim ou o Afonso Camões não escreve ou eu não lhe encontro a prosa. O que
não quer dizer que não encontre umas coisas equivalentes.
Como este texto de Ana Catarina Mendes [foto]. Quem o ler acreditará que Ana
Catarina Mendes tem estado em Marte nos últimos dois anos e lá de Marte viu os
incêndios em Portugal. Tristinha resolveu mandar para a Terra donde não lhe
chega qualquer notícia um texto. A bem dizer uma redação comovida. Chama-se
essa redação “Futuro nascido das cinzas” porque de tudo há que tirar uma lição: ardeu-lhe a
casa? Ardeu-lhe a terra? Pois olhe é todo um Futuro nascido das cinzas que tem à sua frente. Abstenho-me de comentar o
futuro das vítimas e dos seus familiares pois Ana Catarina também mal os evoca
porque é o futuro que a espera.
Ana Catarina Mendes garante
que o Governo vai fazer “aquilo que tem de ser feito. Com determinação e com
condução política firme.” Mas cara Ana Catarina porque não o fez antes? Ana
Catarina coitada está em Marte e não sabe o que aconteceu. Nunca ouviu falar
das alterações na Proteção Civil, do SIRESP… Aliás Ana Catarina aponta um
culpado, ou melhor culpadas: as alterações climáticas. Diz Ana Catarina que “as
alterações climáticas têm de ser consideradas no plano de ação para que não se
repitam as tragédias deste ano. Portanto Pedrógão foi o
resultado das alterações climáticas? E qual a parte das alterações climáticas
que levou o Governo a ignorar os avisos da meteorologia em outubro?
Além das alterações climáticas
Ana Catarina tem outro culpado: o CDS e a Direita. Escreve Ana Catarina: “Com
o país ainda incrédulo com a tragédia, a Assembleia da República discute e vota
hoje uma moção de censura apresentada pelo CDS/PP. É curioso que seja
protagonizada por um dos rostos mais responsáveis pelo estado a que chegaram as
florestas portuguesas, por quem fez parte do Governo que mais cortou na
prevenção e combate aos incêndios. Este é um momento de respeito por quem ainda
chora e não para explorar a tragédia para proveito político próprio. É a
Direita que temos. Contributo negativo para o momento que todos, coletivamente,
vivemos.”
Nem sei que diga Ana Catarina.
Realmente não se compreende. Eu até acho que se devia era apresentar uma moção
de censura ao CDS por perturbar “o momento que todos, coletivamente, vivemos” e
conspurcar o “Futuro nascido das cinzas” que Ana Catarina anuncia num
estilo arrebatador: “É tempo de reconstruir e de construir. O caminho está
traçado e a estratégia definida pelo Governo. Este é o tempo de avançar.”
Cara Ana Catarina avance que
vai por bom caminho. Pela parte que me toca vou experimentar olhar para umas
courelas onde tudo ardeu e dizer que vai ser um “Futuro nascido das cinzas” O que a Ana Catarina não diz é que destas cinzas
nascerão outras cinzas. Mas aí a culpa vai ser do clima que afinal não mudou e
da Direita. Da Ana Catarina e daqueles que a acompanham no retiro em Marte é
que nunca será.
Título e Texto: Helena Matos, Blasfémias,
24-10-2017
Quem sabe esclarecer?
Helena Matos
Estou perdida no gigantismo
das revoluções na floresta levadas a cabo por este Governo. Pelas minhas contas
já vamos em duas, pois no sábado passado “a maior revolução que a floresta
conheceu desde os tempos de D. Dinis” anunciada pelo ministro Capoulas
Santos deu lugar à nova maior revolução que a floresta conheceu
desde a anterior maior revolução que a floresta conheceu desde os
tempos de D. Dinis?
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