terça-feira, 24 de outubro de 2017

E, portanto, a senhora veio de Marte fazer essa redação tipo candidata a miss após os incêndios?

Helena Matos

Há algum tempo desenvolvi um hábito: na leitura matinal dos jornais vou ao site do JN. E espero. Espero. Mas nada. Como bem se percebe espero para ler o diretor daquele periódico explicar, comentar, negar… enfim fazer qualquer coisa que explique a sua concepção de jornalismo-esfregona, porque valha a verdade quem quer ser general prussiano ou português vai para a tropa. Mas enfim ou o Afonso Camões não escreve ou eu não lhe encontro a prosa. O que não quer dizer que não encontre umas coisas equivalentes. 

Como este texto de Ana Catarina Mendes [foto]. Quem o ler acreditará que Ana Catarina Mendes tem estado em Marte nos últimos dois anos e lá de Marte viu os incêndios em Portugal. Tristinha resolveu mandar para a Terra donde não lhe chega qualquer notícia um texto. A bem dizer uma redação comovida. Chama-se essa redação “Futuro nascido das cinzas” porque de tudo há que tirar uma lição: ardeu-lhe a casa? Ardeu-lhe a terra? Pois olhe é todo um Futuro nascido das cinzas que tem à sua frente. Abstenho-me de comentar o futuro das vítimas e dos seus familiares pois Ana Catarina também mal os evoca porque é o futuro que a espera.

Ana Catarina Mendes garante que o Governo vai fazer “aquilo que tem de ser feito. Com determinação e com condução política firme.” Mas cara Ana Catarina porque não o fez antes? Ana Catarina coitada está em Marte e não sabe o que aconteceu. Nunca ouviu falar das alterações na Proteção Civil, do SIRESP… Aliás Ana Catarina aponta um culpado, ou melhor culpadas: as alterações climáticas. Diz Ana Catarina que “as alterações climáticas têm de ser consideradas no plano de ação para que não se repitam as tragédias deste ano.  Portanto Pedrógão foi o resultado das alterações climáticas? E qual a parte das alterações climáticas que levou o Governo a ignorar os avisos da meteorologia em outubro?

Além das alterações climáticas Ana Catarina tem outro culpado: o CDS e a Direita. Escreve Ana Catarina: “Com o país ainda incrédulo com a tragédia, a Assembleia da República discute e vota hoje uma moção de censura apresentada pelo CDS/PP. É curioso que seja protagonizada por um dos rostos mais responsáveis pelo estado a que chegaram as florestas portuguesas, por quem fez parte do Governo que mais cortou na prevenção e combate aos incêndios. Este é um momento de respeito por quem ainda chora e não para explorar a tragédia para proveito político próprio. É a Direita que temos. Contributo negativo para o momento que todos, coletivamente, vivemos.”

Nem sei que diga Ana Catarina. Realmente não se compreende. Eu até acho que se devia era apresentar uma moção de censura ao CDS por perturbar “o momento que todos, coletivamente, vivemos” e conspurcar o “Futuro nascido das cinzas” que Ana Catarina anuncia num estilo arrebatador: “É tempo de reconstruir e de construir. O caminho está traçado e a estratégia definida pelo Governo. Este é o tempo de avançar.”

Cara Ana Catarina avance que vai por bom caminho. Pela parte que me toca vou experimentar olhar para umas courelas onde tudo ardeu e dizer que vai ser um “Futuro nascido das cinzas” O que a Ana Catarina não diz é que destas cinzas nascerão outras cinzas. Mas aí a culpa vai ser do clima que afinal não mudou e da Direita. Da Ana Catarina e daqueles que a acompanham no retiro em Marte é que nunca será.

Título e Texto: Helena Matos, Blasfémias, 24-10-2017

Quem sabe esclarecer?
Helena Matos

Estou perdida no gigantismo das revoluções na floresta levadas a cabo por este Governo. Pelas minhas contas já vamos em duas, pois no sábado passado “a maior revolução que a floresta conheceu desde os tempos de D. Dinis” anunciada pelo ministro Capoulas Santos  deu lugar à nova maior revolução que a floresta conheceu  desde a anterior  maior revolução que a floresta conheceu desde os tempos de D. Dinis?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-