sábado, 21 de outubro de 2017

Palestra de Olavo de Carvalho no encontro com Jair Bolsonaro e Jeffrey Nyquist em Nova Iorque

Conferência transmitida para o encontro com Jair Bolsonaro e Jeffrey Nyquist em Nova Iorque


Transcrição de Eduardo Bueno (não revista pelo autor).
Nota de Olavo de Carvalho: Não conheço o autor da transcrição.

Boa tarde a todos.

Muito obrigado ao André Khan e aos demais organizadores desse evento; obrigado ao Jair Bolsonaro e ao Jeffrey Nyquist por estarem presentes, e por fazer essa gentileza. Sobretudo, parabéns aos organizadores por não terem permitido a entrada de repórteres, porque a imprensa brasileira se transformou em um grupo de organizações criminosas, dedicadas especialmente à calúnia e à difamação. O mais curioso é que alguns tentam atingir o candidato Jair Bolsonaro através da minha pessoa, porque acham (sei lá de onde tiraram a ideia) que sou o ideólogo da campanha dele, a qual desconheço por completo (não tenho a menor ideia do seu programa político). Já declarei pessoalmente que irei votar nele, e isto por dois motivos apenas: primeiro, ele é um dos poucos (se houver outros) políticos honestos no Brasil, já que ser ladrão na política brasileira (no Parlamento, nos ministérios) se tornou uma obrigação moral – coisa que o Jair Bolsonaro tem descumprido vergonhosamente; em segundo lugar, porque ele é a única candidatura nacional. Eu até tenho uma certa apreciação pessoal pelos outros dois candidatos, Ciro Gomes e João Dória. Acontece que este repete, igualzinho, o discurso multicultural do poder globalista, e aquele já mostrou, já confessou, já admitiu publicamente estar vinculado ao Partido Comunista Chinês. Então, acabou: só há três candidatos, sendo dois “importados” – e, portanto, vou votar no candidato nacional. E isto é tudo o que sei do Bolsonaro – e é mais do que o suficiente para votar nele, não sendo preciso nem admitir como hipótese o votar nos outros dois.

Eu vou fazer a conferência em português, já que a maioria presente é de brasileiros. Mas farei algumas interrupções para que o nosso amigo Alessandro Cota traduza para o inglês, em favor do Jeffrey Nyquist.

O que irei dizer aqui não é novidade para a maior parte dos meus alunos. Em 1989, na Casa do Estudante do Brasil (uma organização carioca), fiz uma conferência, sob o título O Fim do Ciclo Nacionalista, na qual eu enfatizava que o traço predominante e mais constante da cultura brasileira era a busca da identidade nacional. Isto começa no tempo do Romantismo, no começo do século XIX, com aquilo que os autores de então chamavam de “busca da cor local”. Em 1870, um grande romancista brasileiro – o maior deles -, Machado de Assis, já assinalava a onipresença desse fenômeno no ensaio que publicou, intitulado O Instinto da Nacionalidade. Mais tarde, no ano de 1922, houve a chamada Semana de Arte Moderna, que foi uma revolução modernista no Brasil, mas de um modernismo marcado exclusivamente pela ênfase nacionalista, pelo abandono das ligações com a literatura portuguesa, pela afirmação do material folclórico e etnográfico nacional. Nos anos 1930, houve mais um surto nacionalista, com o chamado Modernismo do Nordeste, com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, entre outros. A maior parte dos grandes intelectuais brasileiros (como Joaquim Nabuco, Gilberto Freyre, Raymundo Faoro, dentre outros) teve, no problema da identidade nacional, o foco de todos os seus estudos, de toda a sua visão do mundo. Até um certo desprezo pela temática não nacional marcou a literatura e o pensamento brasileiros, ao ponto de romancistas que escreviam histórias que se passavam em outros países serem muito criticados por isto, como aconteceu com o grande romancista José Geraldo Vieira. Para que se possa entender a estranheza desse fenômeno, basta imaginar os americanos criticarem Ernest Hemingway por escrever histórias que se passavam na França, na Espanha, ou em Cuba; ou os ingleses criticarem Joseph Conrad porque suas histórias se passavam na África, na China, ou em outro lugar qualquer. Esta ênfase nacionalista brasileira chegou a ser caricaturada num romance de Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma: Policarpo era um entusiasta da nacionalidade a ponto de achar que deveria ser abandonada a língua portuguesa para se falar o tupi-guarani, a língua dos índios.

Toda esta ênfase nacionalista da cultura brasileira se traduz também na política, como a constante busca da afirmação e da independência nacionais. E o grande problema do Brasil é que ele desperta para o cenário internacional, e começa a ter alguma importância ali, precisamente na época em que as identidades nacionais estavam em refluxo. Já nesta época, nos anos 1980, havia regiões inteiras do Brasil que estavam sob ocupação de ONGs internacionais, em terras onde o ingresso de brasileiros era proibido. Logo, estávamos praticamente sob ocupação internacional, e não havia, de fato, na sociedade, uma reação suficiente contra isto.

Este é, então, o problema principal, para o qual desejaria chamar a atenção, especialmente do candidato Bolsonaro. Isto porque, no caso de ser eleito presidente (o que acredito que acontecerá), ele enfrentará, sendo um candidato nacionalista, um patriota voltado à defesa dos interesses nacionais, resistências medonhas do mundo inteiro. Por isto mesmo o encontro dele com o Jeffrey Nyquist é algo que deve ser celebrado, porque o Jeffrey é uma das pessoas que mais conhece este esquema globalista e a sua intervenção contra as soberanias nacionais.

A existência e o poder crescente do esquema globalista, voltado à destruição das soberanias nacionais, é um fato reconhecido pelos estudiosos das mais diversas orientações filosóficas e ideológicas que se possa imaginar. No meu debate com o professor Aleksandr Dugin (conselheiro de Vladimir Putin), nós dois estávamos de acordo quanto à existência, às dimensões e ao poder deste esquema internacional, e só divergimos na interpretação pessoal quanto ao esquema em si. O meu livro O Jardim das Aflições é, em parte, um estudo sobre a evolução da ideia de império no mundo, notando que a concepção de império vai se tornando cada vez mais vasta e mais abrangente. Pelas dimensões de hoje, o Império Romano é um território relativamente pequeno e limitado. Não deixa também de ser uma satisfação ver que um autor notoriamente comunista, como Antonio Negri, descreve o fenômeno atual do império global em termos bem parecidos com os meus. Em suma: o único lugar em que se nega a existência do esquema global de poder é a mídia brasileira. É evidente que o grau de incultura e de ignorância necessário para isto transcende as dimensões do próprio globo terrestre.

No debate com o professor Dugin, eu tentei explicar que não havia somente um poder global (negando, assim, a ideia dos “donos do mundo”), mas sim três esquemas globalistas abrangentes em disputa, que ora se combatiam, ora colaboravam uns com os outros. O primeiro e mais antigo é evidentemente o esquema islâmico, cuja existência remonta há mais de um milênio, com o sonho do Califado universal. O segundo é o esquema comunista russo-chinês, cuja formulação remonta às primeiras décadas do século XX; este esquema se caracteriza pela sua imensa flexibilidade estratégica. Por exemplo, no tempo da Primeira Guerra, o movimento comunista era francamente internacionalista, era já assumidamente globalista; depois da Segunda Guerra Mundial, este movimento descobriu que podia tirar proveito dos partidos e movimentos nacionalistas do terceiro mundo, jogando-os contra os poderes ocidentais, especialmente contra os Estados Unidos – e isto marcou profundamente a história brasileira, porque a esquerda nacional, especialmente a do Partido Comunista, sempre enfatizou mais o que chamava de “anti-imperialismo”, do que a criação do socialismo. Um dos candidatos nesta presente eleição, Ciro Gomes, ainda é representante deste velho tipo de nacionalismo de esquerda. Mas não se pode confiar na sinceridade de um nacionalismo incentivado pelo Partido Comunista Chinês. A partir dos anos 60, a esquerda internacional mudou completamente de discurso ideológico, ao praticamente abandonar a ideia da revolução proletária e da ditadura do proletariado, criando, no lugar, o discurso da proteção às minorias. Ao mesmo tempo, os grandes poderes econômicos de dimensão global (os megabilionários e suas megafortunas) descobriram que esse discurso em favor das minorias era um poderoso instrumento para a dissolução e destruição das soberanias nacionais. E isto criou a presente situação, na qual tem-se as grandes fortunas mundiais fomentando movimentos de esquerda, o que, evidentemente, cria também uma situação muito ambígua, em que há uma esquerda elitista e uma direita populista (nos EUA, tal situação é muito clara). E, aparentemente, esta será a situação que se repetirá no Brasil com a candidatura Bolsonaro contra os outros dois candidatos.

No entanto, seria um grande erro compreender a estratégia globalista em termos puramente ideológicos. As fontes do discurso globalista e multiculturalista são múltiplas e de diferentes origens ideológicas. Ou seja, a antiga ideia de um bloco ideológico monolítico de esquerda já está dissolvida. Esta mudança ideológica veio paralelamente com uma mudança estrutural do movimento comunista mundial. Já nos anos 70, um relatório, muitíssimo bem feito, da RAND Corporation assinalava a substituição da antiga estrutura hierárquica (a antiga linha de comando) do movimento comunista, por uma organização mais flexível, que chamaram de “redes”. Já não se tratava, portanto, de assegurar a unidade ideológica e disciplinar do movimento comunista, mas, ao contrário, de aproveitar, numa estratégia unificada, uma variedade de discursos ideológicos e de movimentos até conflitantes entre si. Isto equivalia a uma exploração estratégica e sistemática do caos ideológico. Para se ter uma ideia, o discurso globalista e multiculturalista tem fontes tão diferentes quanto as obras do próprio Karl Marx, as de Martin Heidegger, e as obras, sobretudo, de Rene Guénon (que formam, talvez, a mais corrosiva crítica da civilização Ocidental que alguém já produziu, embora ele fosse obviamente um homem conservador, de direita). Nos movimentos direitistas (tanto liberais, quanto conservadores), é possível ver que ainda existe muita ignorância a respeito do assunto, porque insistem em combater o movimento comunoglobalista com a mesma linguagem e a mesma retórica do velho anticomunismo.

Uma característica bastante disseminada do discurso globalista e multicultural é a exploração sistemática de qualquer tipo de insatisfação psicológica ou emocional existente, e não apenas da antiga insatisfação econômica dos povos. Destacam-se aí, evidentemente, as insatisfações de tipo sexual, que praticamente acompanham a humanidade desde a origem dos tempos. Por exemplo, todo movimento homossexual e transexual surge daí. E é evidente que este tipo de insatisfação se torna mais autoconsciente e mais pronunciado nas classes mais altas do que nas mais baixas. Se alguém estudar a história dos séculos passados, verá que a vida sexual da humanidade sempre foi muito pobre. Por exemplo, nos Estados Unidos, durante a época da ocupação do território, havia muito mais homens do que mulheres – portanto, a possibilidade de insatisfação era enorme. Mas à medida que a sociedade progride, e que o capitalismo cria uma riqueza abundante, as insatisfações de tipo emocional e psicológica começam a se destacar, justamente porque os problemas econômicos fundamentais estavam resolvidos – como bem o observou o filósofo espanhol Julián Marías, em um ensaio publicados nos anos 50, o qual morava, na época, nos Estados Unidos. Como essas insatisfações crescem, sobretudo, nas classes mais altas e nas mais letradas, é evidente que a esquerda internacional, na medida em que assume esta causa como sua, torna-se a representante das classes superiores. Isto quer dizer que houve uma inversão da composição sociológica da esquerda e da direita.

Sabe-se que, por outro lado, as insatisfações de tipo sexual são ilimitadas. Tão logo começa-se a prestar atenção nelas, quando já se está liberado da carga econômica e da carga do trabalho pesado, elas não têm mais fim. De modo que as reivindicações, as exigências, as queixas nesta área vão se alargando e crescendo à medida que o tempo passa. Isto tem um aspecto cômico na sigla dos movimentos que defendem tais interesses: LGBT (XPT…) – não há limites. Esses movimentos começaram com as reivindicações de certos direitos dos homossexuais, como o direito a um tratamento digno na sociedade, que é a coisa mais óbvia do mundo – e que ninguém nega. Depois houve a incorporação dos transexuais, com os quais criou-se um problema: todas as pessoas serão obrigadas a aceitar, como mulheres, os homens que se apresentem vestidos como tais – e, com isto, entra-se naquela famosa piada de Groucho Marx (“afinal, você vai acreditar em mim, ou nos seus próprios olhos? ”). Então, o sujeito vê um homem vigoroso (do tamanho de Arnold Schwarzenegger), mas que está usando um sutiã, e é obrigado por isto a tratá-lo por “senhora”. Assim, para evitar um desconforto para uma minoria ínfima, é criado um desconforto cognitivo intolerável para a maioria.

Houve uma época em que coisa semelhante se observava nas reivindicações de tipo racial. Por exemplo, dizia-se que a associação da cor negra àquilo que é sinistro, perigoso fosse uma manifestação racista. Isto, não obstante eu ter demonstrado que o simbolismo da cor negra era exatamente o mesmo nas culturas africanas, especialmente na Ioruba. Também, nos Estados Unidos, certas palavras tornaram-se ofensivas: começou com a palavra nigger, depois também a palavra black se tornaria ofensiva – e assim a coisa vai crescendo. A promessa dos esquemas multiculturalistas e globalistas – de proteger as minorias contra qualquer tipo de desconforto psicológico, por mais evanescente que seja – cria certamente um desconforto psicológico para a maioria.

A adoção deste discurso leva naturalmente à adoção de incongruências mentais que raiam à psicopatia pura e simples. Por exemplo, hoje os grupos gayzistas e transexualistas, dentre outros, são aliados dos imigrantes (especialmente, islâmicos) na luta contra o Ocidente; o mesmo acontece com o movimento negro. Isto implica em que dois fatos têm de ser soterrados e tornados invisíveis. O primeiro deles é que as doutrinas racistas antinegros foram uma invenção islâmica, já no século XI, ao passo que, no Ocidente, não se vê surgir nenhuma doutrina explicitamente racista antes do século XVIII – o que foi assinalado por Eric Voegelin, na sua obra A História da Ideia de Raça -, porque o racismo ocidental já aparece com pretensões científicas; portanto, é impossível que ele aparecesse antes de haver um conceito pretensamente científico de raça. O segundo fato que tem de ser escondido e soterrado é que, em todo o contexto islâmico, o homossexualismo é considerado não apenas um pecado, mas um crime hediondo, o qual é punido com a morte. Do mesmo modo, um violentíssimo preconceito anti-homossexual vigorou em todo o mundo comunista durante boa parte do século XX. Eu pessoalmente cheguei a presenciar este fenômeno na Romênia, onde, apesar da queda do comunismo, ainda havia, e estava em vigor, uma lei que tornava homossexualismo crime (motivo pelo qual só fiquei conhecendo dois homossexuais lá, ambos brasileiros).

Isto tudo dá uma ideia da confusão proposital da ideologia multiculturalista, a qual, por sua vez, cria uma atmosfera totalmente diferente da do antigo comunismo doutrinário. Um dos elementos que se tornaram importantes dentro dessa ideologia foi a defesa da pedofilia, que surge quase ao mesmo tempo da gritaria universal contra os padres pedófilos. Estatisticamente, o clero católico é uma das comunidades no mundo em que existem menos pedófilos. Mas a defesa da pedofilia aparece já abertamente na década de 70. Em 1977, havia três pedófilos, presos na França, e praticamente toda a intelectualidade esquerdista se mobilizou em defesa deles. Louis Aragon (poeta oficial do Partido Comunista), Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Philippe Sollers – enfim, toda a intelectualidade esquerdista correu para defender os criminosos. Na mesma época, o mais famoso líder da rebelião estudantil de 1968, Daniel Cohn-Bendit , publicou um artigo no qual descrevia poeticamente as delícias de ser desnudado por uma garotinha de cinco anos. Nos Estados Unidos, o famoso Relatório Kinsey praticamente criou os novos padrões de conduta sexual, adotados desde os anos 1950-60; Alfred Kinsey (ele próprio, um pedófilo praticante), nas suas “pesquisas”, pagava criminosos pedófilos para que fizessem sexo com crianças menores de idade, e para que descrevessem as suas experiências. Não se pode esquecer que todas aquelas “pesquisas” foram financiadas pela Fundação Rockefeller – um dos pilares do globalismo hoje em dia. Também não se pode esquecer que a comunidade na qual se observou o maior número de casos de pedofilia no mundo foi entre os assistentes sociais da ONU, atuantes na África.

Este complexo de reivindicações emocionais, que, por definição, não tem fim, é um dos elementos fundamentais do caos gerado propositada e estrategicamente pela chamada Nova Ordem Mundial. É claro que a adesão a esse tipo de discurso ideológico necessariamente reduz o nível de inteligência dos seus adeptos. Isto porque eles se acostumam com a incongruência não só entre afirmações distintas, mas com o total descompasso entre o seu discurso e a sua experiência real. O tipo de militância, seja ela formal, seja informal, que adere a essas ideias é observada, sobretudo, na classe média alta para cima, entre pessoas que têm algum tipo de formação universitária, mas que não chegam a ser intelectuais (são semi-intelectuais). A classe jornalística é um exemplo. Isto quer dizer que, nos últimos vinte anos, o jornalismo se tornou quase que inteiramente ficcional, o que torna quase impossível discernir nele entre o que é uma desinformação planejada, e o que é uma simples expressão da ignorância e confusão mental da classe jornalística.

E esta é a situação com que o candidato Jair Bolsonaro vai se defrontar não somente durante a sua campanha (como, aliás, já está se defrontando, haja vista a quantidade impressionante de mitos e lendas urbanas que circulam), mas, sobretudo, se ele for eleito. Situação similar é evidentemente encontrada pelo próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mas, no Brasil, há um fator agravante: mais de quarenta anos atrás, a adoção do método de alfabetização socioconstrutivista gerou uma geração sem fim de analfabetos funcionais. As últimas pesquisas revelam que 50% dos formandos das universidades (pessoas que estão no último ano, prestes a se formar) são analfabetos funcionais. E pode-se imaginar o que é um analfabeto funcional, recheado de insatisfações eróticas e emocionais, escrevendo sobre a candidatura Bolsonaro – tudo é absolutamente imaginário.

Mas este problema não afeta só a população universitária. Há vários anos, os estudantes brasileiros do ensino médio tiram os últimos lugares nos testes internacionais, e ficam abaixo dos alunos da Zâmbia, do Paraguai, da Serra Leoa, entre outros. Para ver como o analfabetismo funcional não afeta somente os estudantes, mas também os seus professores e dirigentes espirituais, em um dos anos em que os estudantes brasileiros tiraram o último lugar no PISA, o então Ministro da Educação pronunciou a seguinte frase: “Poderia ter sido pior”. Ou seja, para os alunos brasileiros, seria preciso criar um lugar especial, abaixo do último. Uma outra pesquisa recente, abrangendo quarenta países, demonstrou que em todos eles o QI médio da população havia subido ao menos um pouco – à exceção do Brasil, em que ele havia decrescido mais de vinte pontos.

É claro que a adesão a discursos tão incongruentes e absurdos só é possível mediante uma autopersuasão histérica. O psiquiatra polonês Andrew Lobaczewsk, no livro Ponerologia: Psicopatas No Poder, considerado um dos livros mais importantes do século XX, demonstrou que, quando uma elite de psicopatas (ou seja, de pessoas sem senso moral nenhum) chega ao poder, eles espalham em volta não a psicopatia, mas sim a histeria. É de se imaginar o que pode ser do destino de um país regido por psicopatas, com a ajuda de multidões de colaboradores histéricos. O que define o histérico é o fato de ele não acreditar no que vê, mas sim no que ele mesmo diz. Foi assim que eu vim a ser transformado em ideólogo de uma candidatura cujo programa desconheço.

Então, este é mais ou menos o panorama psicológico que Bolsonaro vai encontrar na Presidência. Eu afirmo que votarei nele porque não gosto dele o suficiente, pois, se eu gostasse, teria dito para ele ficar em casa e não se candidatar, ou, pelo menos, torceria pela sua derrota, o que não vou fazer. Era isto o que eu tinha a dizer. Muito obrigado a todos.
Texto: Olavo de Carvalho, Mídia Sem Máscara, 17-10-2017

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Um comentário:

  1. Poooxaaa!
    A que ponto chegamos!
    Se não for ladrão já esta bom.
    ...já que ser ladrão na política brasileira (no Parlamento, nos ministérios) se tornou uma obrigação moral ...
    Pobre país,triste povo!
    Paizote

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