segunda-feira, 17 de junho de 2013

"O povo brasileiro não merece o nosso sacrifício. O povo brasileiro precisa passar pelo comunismo para aprender a tomar juízo."

Otacílio Guimarães
Eu estou aqui me preparando para uma viagem à Nova Zelândia quando recebo este artigo do General Valmir Fonseca Azevedo.  

Tive que parar para refletir nas sábias palavras do general Valmir. E resolvi digitar minhas impressões:

Eu fui uma testemunha da época da contrarrevolução e, como militar, participei da repressão ao terrorismo no nordeste. Me desiludi logo de início e já lhe contei esta história. A desilusão teve dois motivos. O primeiro, a leniência com que os comandantes militares tratavam os terroristas comunistas. As ordens eram para só atirar em última instância. Ora, bolas, se você está numa guerra, você tem que matar o inimigo antes que ele tente lhe matar. E eles queriam nos matar. Estou vivo hoje por muita sorte e graças ao treinamento que recebi no Exército Brasileiro.  

A outra desilução foi com o povo brasileiro que nunca agradeceu aos militares tê-los livrado desse nefasto regime comunista. As reações ao combate ao terrorismo não se fizeram esperar. De todos os lados, da imprensa, da população, dos empresários. Éramos olhados como se fôssemos bandidos sanguinários. Uma coisa nunca lhe contei mas lhe conto agora.

Eu servia em Recife e morava na Rua Sargento Wolf (que foi comandante do meu tio Miranda na campanha da Itália na 2ª Guerra Mundial). Era recém-casado e minha mulher estava grávida da primeira filha. Um dia, ao chegar em casa, encontrei-a em prantos. Havia recebido um telefonema informando que eu tinha morrido numa missão. Já estava de saída para o quartel onde eu servia para comfirmar a notícia. A partir daí, os telefonemas continuaram cada vez mais ameaçadores. Tive que levá-la para a Bahia, para a casa dos pais no interior e voltei para cumprir outras missões. Passei a morar no quartel onde ninguém poderia me ameaçar.  

Um dia fomos prender uns terroristas que estavam num aparelho em Boa Viagem e que haviam sido descobertos pela inteligência do exército. Era num prédio de doze andares, e eles estavam num apartamento no nono andar. Subimos pelas escadas. Eu bati na porta, enquanto dois soldados se posicionaram nas laterais. Alguém lá dentro perguntou: “Quem é?” Eu respondi: “É a polícia, abra a porta”. Uma rajada de metralhadora cortou a porta ao meio e por sorte não fomos atingidos. Um soldado meteu o pé na porta que se abriu e eu lancei uma granada lá dentro. Entramos em seguida e pegamos cinco terroristas escondidos na cozinha e no banheiro. Apenas um deles estava ferido pelos estillhaços da granada. Levamos todos para o quartel do Derbi e lá foram interrogados e o ferido tratado. O armamento que portavam era fabricado na União Soviética. Enquanto as formalidades legais se cumpriam, eu conversei com um coronel no comando, relatando o ocorrido durante a missão. Era a praxe. Em dado momento, ele me perguntou:

- Vocês foram recebidos à bala, por que não eliminaram essas porcarias?
- Porque a ordem que temos, coronel, é não atirar enquanto não formos mortos.  

Eu já estava puto da vida com toda essa história. O coronel então, num desabafo, me disse:
- Sabe, capitão, o povo brasileiro não merece o nosso sacrifício. Eu também já estou de saco cheio.

Gostei do que ouvi e no dia seguinte liguei para um amigo meu em Salvador. Falei:
- Preciso de um emprego porque estou deixando o exército.  
- Caramba, você gosta tanto do exército!
- Gostava, me arranje um emprego ai em Salvador que eu quero ir embora.
- Está arranjado, pode vir. Você vai trabalhar no Banco da Bahia.  

Entreguei o quepe, a farda e a pistola e fui para a Bahia trabalhar no banco. Antes, fui me despedir do coronel que me disse:
- Capitão, você está fazendo a coisa certa. O povo brasileiro não merece o nosso sacrifício. O povo brasileiro precisa passar pelo comunismo para aprender a tomar juízo.
Estas palavras calaram fundo em minha mente.  

Muitos anos depois, com o comunismo batendo às portas do Brasil, eu resolvi me auto exilar na Austrália. Hoje, aos setenta anos de idade, penso que foi a segunda decisão mais acertada da minha vida.
Sabe, o povo brasileiro precisa passar pela experiência do comunismo para aprender a tomar juízo.  
Um grande abraço e dê meus cumprimentos ao Gal. Valmir Fonseca, que muito admiro.
Título e Texto: Otacílio Guimarães, 17-06-2013

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2 comentários:

  1. Sinto dizer, mas sou - mais uma vez - forçado a dar razão ao Otacílio. A conclusão a que o comandante dele chegou foi a mesma a que cheguei quando o Gal. Golberi do Couto e Silva criou o mito Lula da Silva, teoricamente, para "dividir a oposição"...

    Alimentamos as cobras que agora procuram nos picar...

    Brasileiro é babaca mesmo e não sabe dimensionar o quanto tem a perder...

    VIANNA

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  2. Otacilio, concordo plenamente com tudo o que você disse em genêro, número e grau.
    Este povo precisa passar por isto para aprender.Você por acaso viu lá em Brasília os pedestres se encaminhando ao estádio com cartazes reclamando pelos gastos do governo ?
    Piada só pode ser porque manifesto se faz ' NÃO INDO AO ESTÁDIO ' boicotando o circo. São de uma ingenuidade atroz e revoltante
    Outra : Você notou que os estádios estão cheios a preços de R$ 200,00
    E nós ainda perdemos tempo com esses babacas.

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