domingo, 22 de outubro de 2017

Metafísica socialista

Vitor Cunha

As mesmas pessoas que, até ao mês passado, dariam a vida do primogênito (caso o tivessem) em sacrifício por juras de inocência de José Sócrates, agora, que fogem do ex-primeiro-ministro como um leproso foge dos abraços do Presidente da República, decidiram que a mais de centena de mortos nos incêndios deste ano foi consequência dos eucaliptos mutantes — dos que se tornam em árvores adultas em menos de três anos — que a Assunção Cristas “mandou” plantar.

Ignorando por completo a assinatura de um tal de António Costa, que ainda este ano anunciava 18 milhões de euros para “a melhoria da produtividade na plantação do eucalipto”, uma vez que “a produtividade média que temos por hectare é baixíssima e temos condições de a melhorar significativamente”, estes chanfrados profissionais a que o país mediático insiste em dar voz continuam a expiação dos pecados do governo com “o maior crescimento económico do século”.

Tal como Cristo, que, rezam as Escrituras, foi enviado por seu Pai para nos salvar do Pecado, é extraordinário — em todos os planos possíveis, incluindo o religioso — ver a ex-namorada de Sócrates — a jornalista que nunca viu, nunca desconfiou, nunca percebeu, nunca questionou — no rol dos messias que libertam o governo do peso do pecado. Para pessoas tão avessas ao Catolicismo, seria importante perceberem a lição completa antes de o assimilarem quando julgam que o denunciam: o caminho para a redenção começa pela confissão.
Título, Imagem e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 22-10-2017

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