Vitor Cunha
As mesmas pessoas que, até ao
mês passado, dariam a vida do primogênito (caso o tivessem) em sacrifício por
juras de inocência de José Sócrates, agora, que fogem do ex-primeiro-ministro
como um leproso foge dos abraços do Presidente da República, decidiram que a
mais de centena de mortos nos incêndios deste ano foi consequência dos
eucaliptos mutantes — dos que se tornam em árvores adultas em menos de três
anos — que a Assunção Cristas “mandou” plantar.
Ignorando por completo a
assinatura de um tal de António Costa, que ainda este ano anunciava 18 milhões
de euros para “a melhoria da produtividade na plantação do eucalipto”, uma vez que “a produtividade média que temos por hectare é baixíssima e temos condições de a melhorar significativamente”, estes
chanfrados profissionais a que o país mediático insiste em dar voz continuam a
expiação dos pecados do governo com “o maior crescimento económico do século”.
Tal como Cristo, que, rezam as
Escrituras, foi enviado por seu Pai para nos salvar do Pecado, é extraordinário
— em todos os planos possíveis, incluindo o religioso — ver a ex-namorada de
Sócrates — a jornalista que nunca viu, nunca desconfiou, nunca percebeu, nunca
questionou — no rol dos messias que libertam o governo do peso do
pecado. Para pessoas tão avessas ao Catolicismo, seria importante
perceberem a lição completa antes de o assimilarem quando julgam que o
denunciam: o caminho para a redenção começa pela confissão.
Título, Imagem e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias,
22-10-2017
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