terça-feira, 28 de março de 2017

[Aparecido rasga o verbo] Cibele Dorsa, seis anos depois

Aparecido Raimundo de Souza

Transcreveremos, abaixo, a carta da atriz e escritora CIBELE DORSA, nossa amiga, que resolveu, de repente, virar estrela. Minha linda, onde você estiver agora, esperemos de coração, que fique bem e continue em PAZ! 

À guisa de explicação:
A atriz e escritora Cibele Dorsa, aos 36 anos escreveu vários textos antes de cair (ou melhor, de se jogar) do sétimo andar do Edifício Real Parque, onde morava, no Morumbi, zona Sul de São Paulo, na madrugada do dia 26 de março de 2011, ou seja, há seis anos passados.

Em um trecho da carta, ela deixou uma mensagem para o amado, Gilberto Scarpa, que morreu dois meses antes, ou mais precisamente no dia 30 de janeiro, caindo do mesmo local. Leiam, abaixo, senhoras e senhores, trechos dessa carta escrita por ela, onde a nossa jovem amiga fala do amor pelo namorado morto e, o mais intrigante, de sua dor pela perda. Ela menciona o pai de Viviane, sua filha de oito anos, do casamento com o cavaleiro Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, que atualmente é casado com a bilionária grega Athina Onassis.

Dorsa é autora do livro “5:00 horas”, publicado pela Editora Saraiva, onde conta, em detalhes, o acidente que sofreu e quase a levou a óbito, depois de ficar por quase um mês internada. 

O texto:
“... Viver sem o Gilberto é para mim uma sobrevida desumana. De todos os homens que passaram por mim quem me fez mais mal foi sem dúvida alguma, o Doda, pai da filha que nem mais contato pude ter, e quem mais me fez bem, em vida, foi o Gilberto. Viver sem meus dois filhos e sem o amor da minha vida me dilacera por inteiro, é como se eu estivesse acordada passando por uma cirurgia cardíaca, sinto meu coração sendo cortado, um bisturi elétrico que não para nunca. Não aguento mais chorar, quando não estou soluçando de tanto chorar, fico com lágrimas calmas, mas, elas não cessam, nunca! Não aguento mais viver, ou melhor, sobreviver. A comida não desce, sinto um nó na garganta, estou ficando cada dia mais magra, sinto minha pele se descolando do meu corpo. (…) Minha cabeça não consegue pesar menos que 10 toneladas, eu não tenho mais paz, a cena da morte do meu amor me atropela constantemente, lembro do corpo do Gilberto no meio da rua, mas, os olhos estavam abertos e eu achei que ele pudesse me ouvir… Falei muito com ele acho que ele deve ter ouvido, mas, falei tarde demais. Eu disse que me casaria, que teria o filho, que ele não poderia morrer, molhei o rosto dele de tantas lágrimas e, nada de conseguir que ele se salvasse. (…) Estou sofrendo mais dor agora do que quando sofri o acidente de carro. Agora não tem morfina, não tem nada que acalme essa dor, nada que faça parar essa sensação de perfuração no meu peito. Ainda por cima, o Doda parece nunca cansar de me humilhar, ele não se satisfará nunca mesmo. É o pior homem que já conheci em minha vida, um lobo em pele de cordeiro...”

Cibele Dorsa

À sua família:
“... Mãe, Carla, Tio, Pai e Bruna, Maciel e Dantino, me perdoem… Não deu, tentei por quase dois meses, mas, a dor é infernal. Estou indo em paz e feliz de estar me retirando, não se preocupem, tenho certeza que Deus entende quem morre por amor. Não estou obsidiada, estou muito ciente do que estou fazendo, minha vida se tornou uma mentira, e, vocês sabem, eu sempre optei pela verdade...”

Ao Doda:
“... Doda, que um dia Deus te perdoe pelo que você fez e faz comigo, com a Athina e com as crianças, tente ser alguém melhor, tenho pena da Athina... Essa nunca vai conhecer um homem de verdade, um amor. Eu sofro agora, no entanto, fui plenamente feliz ao lado do Gilberto, homem de verdade, que mostra a cara, que não mente, não dissimula, e, assim ele foi até o final. Ele pulou do prédio por vergonha de ter sido vencido pelas drogas… Uma pena. Quem devia se matar não se mata…”

Aos seus dois filhos:
“... Perdoem a mamãe, mas, a solidão é uma prisão terrível, é como se eu estivesse trancada dentro de mim mesma, estou cansada, sinto muito a falta de vocês, mas, confesso que com o Gilberto aqui era mais fácil suportar, eu o amo muito, não sei nem como posso continuar… Aqui em casa ficou frio, me sinto fora do meu corpo às vezes, e, isso me dá uma pausa na dor, só que depois volta em dose mais pesada. Faz algumas semanas que sinto uma leveza no corpo, como se eu estivesse já com um pouco de ausência do mundo terreno. (…) Amo vocês e estarei olhando vocês (…) meu sonho é encontrar o Gilberto em Aruanda e virar guia espiritual. Vivi ainda vamos nos encontrar em outras vidas, nunca te abandonei, seu pai fez um plano milionário para tirá-la de mim, não tive saída. Fé, idem… Vou estar torcendo por você no futebol, na realização de seus sonhos... O inacabado, o interrompido tem que ter um fim...”

Para seu noivo Gilberto que cometeu suicídio antes dela:
“... Meu amor Gilberto, vou te encontrar esteja onde você estiver no plano espiritual tenho chances de te ver, a famosa esperança, aqui, não. Senti você e ouvi sua voz inconfundível me pedindo o vídeo e já está no ar. Te amo meu amor, quero correr para os seus braços. Somo o Romeu e Julieta do mundo pós-moderno. Vamos continuar criando, quero ao seu lado dar aulas de teatro para crianças aí no plano espiritual. Vou cuidar delas como gostaria de ter cuidado da minha Vivi… Eu sempre te disse para não copiar autores famosos. Para criar e você criou! Mas, eu te copio com o maior prazer… Vou também em frente com dois anéis até o fim, tu és foi… Minha vertigem, meu oásis, minha eterna paixão...”

 Para seu sepultamento:
“... QUERO SER ENTERRADA NO MESMO JAZIGO DO Gilberto. Não usei nenhuma droga, apenas calmantes e o antietanol… Por favor, quero ser velada em São Paulo e enterrada no mesmo jazigo do Gilberto. Quero meu caixão em cima do dele...”.

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Título e texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista. De São Paulo – Capital. 28-3-2017
    
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