Aparecido Raimundo de Souza
Gente, pelo amor de Deus.
Estão querendo matar nossos animais de estimação, especificamente os que estão
prestando relevantes serviços à pátria, lá no Senado Federal e na Câmara. Não
podemos deixar que nossos oitenta e um malandros da melhor espécie sejam assim
assassinados brutalmente. Afinal de
contas, eles, coitados, vivem de trabalhos “onestos”, quais sejam, surrupiarem
até à exaustão, os coitadinhos do Zés Carentes.
Percebam que fazem leis e as
aprovam, para se beneficiarem a si mesmos. Paralelo ao lado das caras porcas
sustentam projetos que beneficiam a todos nós, os Manés integrantes dessa
sociedade sem manchas, sem deformidades, sem borbulhas e desabonos.
Nossos homens, amadas e
amados, são os melhores e mais cristalinos arquétipos de transparências sem
precedentes para que o mundo inteiro se volte, e querendo, se espelhem em
nossos atos de bravura, nos copiando como um exemplo indubitável de probidade
acima de qualquer suspeita.
Notem, senhoras e senhores que
os oitenta e um membros nunca nos deixaram nas mãos. Ou a ver navios onde só
existia mar aberto. Os elegantes, os impolutos, estão sempre do nosso lado, nos
defendendo com unhas e dentes. Jamais usaram seus poderes para promoverem a
bel-prazer, aquele expediente conhecido por oportunismo sem eira nem beira.
Mesma coisa na Câmara. Temos
naquela porra, aquartelados, mamando, em nossos colhões, dia e noite,
quinhentos e treze filhos da puta, igualmente lutando, pelejando, dando o cu,
perdão, amigos e amigas, dando o sangue para que todos nós, pobres e humildes,
fodidos e descamisados, assalariados e sem teto, tenhamos dias melhores e
possamos criar nossos filhos com dignidade. Afinal de contas, nosso querido
rincão faz parte de uma confederação igual (ou melhor) que o da Suíça e,
atentem, caros leitores, com uma constituição de 1874.
Igual trilhar, mantermos
nossas famílias e fazermos desse Brasil, um país de TOLOS. O Brasil desde 1500,
quando foi descoberto, se tornou um PAÍS DE TOLOS. Perguntarão os senhores:
quem seriam os tolos?! Precisamos realmente responder a essa indagação? A coisa
é muito simples. Basta que cada um de
nós se olhe no espelho de nossa consciência, na hora em que formos fazer a
barba ou dar um jeito nos cabelos.
De qualquer forma, não
podemos, por essas e outras razões, deixar que meia dúzia de covardes,
pilantras, safados e picaretas acabe com a porca vergonha (desculpem...) com a
pouca-vergonha que é Brasília. Os de língua solta, os sem noção, os Mários e
Joaquinas apelidaram o Planalto Central de puteiro. O que é isso, meu povo?!
Brasília, como a bandeira e seu lema positivista “Desordem e retrocesso”, o
Hino Nacional, e outras quinquilharias nada têm a ver com puteiro.
Pelo contrário, Brasília é uma
linda latrina cheia de merdas a céu aberto, com sua Torre de Televisão, legando
a quem quiser se dar ao trabalho de descortinar, se defrontar com vistas
maravilhosas. Temos também o majestoso Lago Paranoá, a “Exporrada dos
Ministérios”, a Ponte Juscelino Kubriuochek (que estava sem fundos, mas
Juscelino resgatu o borrachudo), Praça dos Três “Podreres”, Catedral
Metropolitana, Templo da Boa Vontade, Estádio Mané Relincha, Templo Budista da
Terra Pura, (onde só entram os cândidos e níveos) sem mencionarmos os palácios
intocáveis, Itamaraty, Planalto e Alvorada, onde qualquer da ralé tem livre
acesso, bastando, para tanto, apresentar a carteirinha de cidadão brasileiro
provando ter mais de cento e vinte anos.
Outro dia, o ilustre chefe da
nação, doutor Michel Jacson Temer nos convidou (e a nossa família), para irmos
almoçar no Palácio Janucú. Janucú ou Jaburu, nos falha a memória agora, em face
da empolgação do convite. Não pudemos comparecer. Uma pena!
Queríamos aproveitar para
darmos uma volta pelas águas tranquilas e mansas do lago Paranoá, aboletados na
Chavascana (mil perdões, amados, na Chalana) do deputado Wilder Morais, aquele
palacete flutuante onde o sinistro Alexandre de Morais deu explicações (numa
sabatina informal) antes de assumir a vaga no STF (Supremo Tribunal das
Falcatruas) tapando, tamponando ou tampando, o buraco, do antigo ocupante
relator da Lava Gatos, Terroriza a Vasp.
Como é do saber geral,
Terroriza a Vasp (só para lembrar) faleceu de morte morrida (ou seria de morte
matada??!!) em Paraty, no longínquo e distante dezenove de janeiro desse ano,
em face do avião em que viajava (um bimotor King Air C90GT Prefixo PR-SOM) ter
sido mordido por um macaco contaminado, e, via de consequência, acometido da
maldita febre amarela.
Já que (o estripador??!!),
desculpem, de novo, uma vez que mencionamos o fatídico jatinho do ministro,
Brasília para quem não sabe, é um imenso aeroplano (possivelmente, pelo ano em
que foi fundada, 1960, um DC-10, antigo, aquela aeronave em que subiam cinco
pessoas a bordo, e, logo em seguida, desciam dez.
Talvez um Foker 100, adaptado
depois para um Boeing 737-300 pousado em direção a um futuro eminentemente
promissor, com alternativas de voos infinitas podendo ser abastecido nos
aeródromos em rotas que cortem as fogueiras alvissareiras dos quintos do
inferno.
Não decolou, ainda, o imenso
asa de ferro, do solo Candanguense, em face do piloto experimentadíssimo, por
sinal, um profissional de alto gabarito e ponta, um nobre que atende pelo nome
de Miguel Piroca ter metido o cacete no seu indestrutível Jato Avro Regional
Jet 85 com as cores da LaMia e jogado o infeliz no meio do mato sem uma gota de
combustível para sobreviver.
Infelizmente, em face dessa
tragédia, agora o Jet 85, não mia mais, nem Lá, nem Cá. Falecido mortalmente
quando fazia uma viagem fretada de Santa Cruz de La Sierra com destino a
Medellín, Miguel Piroca aproveitou para se foder na Colômbia, juntamente com
toda a delegação da Chapecoense. E pasmem, amigos, levou junto, de roldão, o
coitado do Jet 85.
Resumindo, senhoras e
senhores, não podemos deixar que nossos emissários, dito de outra forma, nossos
homens de fé, de caráter inabalável, de coração aberto, verdadeiros pais que
nos abrigam, que nos dão carinho e amor, sejam tratados como animais
quadrúpedes prontos para serem abatidos. Vamos unir nossas forças.
Necessitamos promover para que
tal hecatombe não aconteça, uma imensa passeata (nas dimensões das realizadas
pelas galeras do LGBT (Logo Ganharemos Brasília no Tapa), em direção ao poleiro,
nosso querido paraíso, Brasília, indubitavelmente o berço das grandes
indecisões internacionais). Precisamos mais, proteger nossos mandatários,
nossos senadores, nossos deputados, nosso governador, e, claro, nosso
idolatrado e auspicioso presidente.
Vamos à Brasília. Um país
paralelo e inconsequente dentro desse Brasil de meu Deus. Como o Vaticano
dentro de Roma, onde quem manda e dita as ordens é o papa. Voemos para
Brasília, com panelaços, apitaços, buzinaços, caralhaços, bocetaços, enfim,
senhoras e senhores, precisamos, sem mais delongas, nos unirmos, em força
total, com paus, pedras, estilingues, metralhadoras, revolverezinhos de
brinquedo dos nossos filhos, para defendermos a “onra” a moral, os brios, as
virtudes e as castidades dos nossos argutos e maquiavélicos políticos.
Sem eles, amadas e amados,
estamos manietados. Sem eles, o país não anda. Capenga, se torna aleijado,
coxo, manquitola. Para que isso não aconteça, saltemos adiante, meu povo.
Brasília, o prostíbulo dos corvos e urubus infames, nos espera. Vamos salvar os nossos melhores ladrões, para
que continuem a nos roubar.
AVISO AOS NAVEGANTES:
SE O FACEBOOK, CÃO QUE FUMA, PARA LER E PENSAR OU OUTRO SITE
QUE REPUBLICA NOSSOS TEXTOS, POR QUALQUER MOTIVO QUE SEJA, VIEREM A SER
RETIRADOS DO AR, APAGADOS OU CENSURADOS PELAS REDES SOCIAIS, O PRESENTE ARTIGO
(COMO OS DEMAIS QUE FOREM PRODUZIDOS), SERÁ PANFLETADO E DISTRIBUÍDO NAS
SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUÍ-LO EM NOSSO PRÓXIMO LIVRO “LINHAS MALDITAS” VOLUME
3.
Título e texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista. De
Interlagos, São Paulo – diretamente do “Lollapalooza”, 27-3-2017
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