Rodrigo Constantino
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Ilustração: Angelo ABU |
O Politicamente Correto é uma
praga. E uma praga que vem se alastrando e tomando conta de tudo que é lugar,
especialmente das universidades, que deveriam ser locais sagrados para a livre
expressão de ideias, mesmo as mais estranhas.
Mas como todos podemos
perceber, não se trata de uma postura imposta pela maioria, e sim por uma
minoria intransigente, organizada, histérica, e que pensa falar em nome dos
“fracos e oprimidos”.
Essa turma mimada e
autoritária seria órfã do comunismo. É o que argumenta João Pereira Coutinho em
sua coluna de
hoje, com base em entrevista do professor Jonathan Haidt, da Universidade de
Nova York, ao WSJ. Diz Coutinho:
As nossas universidades não
são universidades –centros de aprendizagem, ou seja, de alguma violência
intelectual para abrir cabeças usualmente fechadas. São estufas de sensibilidade
e ressentimento. Como explicar isso?
[…]
A maioria é pacífica, diz ele.
A maioria quer aprender. A maioria não tem problemas com ideias heterodoxas. O
problema, acrescenta, é a minoria: uma minoria intolerante e agressiva que
–atenção, atenção– se comporta como as antigas seitas religiosas.
Para esses crentes, as
universidades devem ser “espaços sagrados” onde as “vítimas”, ou as supostas
“vítimas” (negros, gays, mulheres etc.), são deuses reverenciais. Quando alguém
ameaça alterar a ordem divina, chovem críticas, ameaças, vidros quebrados. E
coquetéis Molotov.
E para justificar o fenômeno,
Coutinho lança mão da excelente análise de Raymond Aron sobre as “religiões
seculares”, as seitas políticas totalitárias que prometem o paraíso terrestre.
Nazismo, comunismo e fascismo são todos variações do mesmo tema.
Com a queda dessas utopias do
século XX, porém, criou-se um “vazio espiritual”, que foi logo preenchido pelo
Politicamente Correto. Por isso mesmo essa praga foi espalhada pelos
“intelectuais”, pela intelligentsia, a mesma que, antes, flertava
com os três monstros utópicos acima. Coutinho conclui:
Os órfãos de Moscou não
sobrevivem sem uma fé. E uma fé não sobrevive sem santos e pecadores. Os santos
são as minorias várias que ocupam hoje o lugar do antigo proletariado. Os
pecadores são todos aqueles que sofrem de “preconceito inconsciente”, uma nova
versão da “falsa consciência” que Marx e Lênin deixaram aos seus herdeiros.
Muitas universidades,
sobretudo no mundo anglo-saxônico (as restantes são apenas cópias do produto
original), tornaram-se o último bastião dos derrotados. Incapazes de implantar
“cá fora” os seus projetos de dominação social e econômica, resta aos
intelectuais viciados no ópio das ideologias manipular o que se passa “lá
dentro”: jovens com cabeças simplórias que são apenas marionetes de uma
história que os transcende.
Título e Texto: Rodrigo Constantino, Blog,
4-4-2017
Já se foi tempo em que a cultura se limitava a elite e esta elite esclarecida priorizava um Brasil livre.
ResponderExcluirO tempo passa, as nuvens mudam de lugar e de forma, ficam diferentes, dependendo da quantidade de luz, da inclinação da incidência de luz, da estação do ano, da velocidade dos ventos, enfim, Se o indivíduo se prende a uma imagem que já não existe mais, além de não enxergar o novo panorama, ele fica parecendo um maluco que que fala de coisas que só ele 'vê'.
Circe