Aparecido Raimundo de Souza
Acreditem ou não, o mundo está irremediavelmente perdido.
Vivemos na era ou no tempo dos aplicativos. Hoje em dia temos ao alcance das
mãos, em nossos aparelhos celulares, a magia dessas tecnologias consideradas de
ponta, como antigamente dispúnhamos de um aparelho de telefone a manivela.
Lembrando que esses trambolhos nem eram móveis.
Vamos dar um breve passeio por algumas dessas engenharias
indicando apenas o que, cada um, em particular, nos oferece, de básico.
Existem aplicativos para não nos esquecermos de beber água,
acordar, tomar remédio, almoçar, jantar, e até dar um simples nó em gravata.
Estamos fazendo referência ao Water your
body. Outros mais sofisticados como o TeenSafe
(funciona como um espião nos celulares) ajudam a seguir os passos de nossos
filhos na escola, a sabermos por onde andam nossas esposas além daqueles que
fornecem os melhores motéis e restaurantes para casais de namorados e amantes.
Claro, levando em consideração os relativamente baratos e em conta para os
bolsos.
Imaginem senhoras e senhores, um aplicativo com dica de
gentilezas para o dia a dia. Essa belezura pode ser conferida e baixada no KindMe. O propósito do produto é tão
adiantado que permite a interação com outros membros já cadastrados na troca
dessas cortesias e amabilidades.
O mais interessante, é o que facilita a paquera. Contudo, é
preciso que se esteja conectado a um GPS, vez que utiliza a localização dos
usuários para mostrar os perfis dos futuros pretendentes, quer seja para
namoros, quer seja para relações amorosas, papos sérios, passatempos e até
casamentos.
Para que a coisa funcione cem por cento, é preciso que ambos
os interessados tenham se adicionado um o outro. É possível, inclusive, a
exposição de fotos, com extensão para nudez, sem que essas imbecilidades dos
“cabeças de ventos” vazem para estranhos.
Nessa linha, bombando nas redes sociais, em caso de morte,
podemos contar com o “ifidie”, cuja
tradução seria (E se eu morrer). A invenção protege contas de usuários em redes
sociais. Monitora o usuário a cada duas semanas através de e-mails. Se não
houver retorno, em três tentativas, o aplicativo entende que o usuário foi ter
um encontro marcado subitamente com o Eterno. A partir daí suas contas são
bloqueadas. O sistema entra em contato com três pessoas que o cidadão indicou
como de sua confiança, quando fez o cadastro, e essas criaturas, retornam
utilizando uma senha secreta de quatro dígitos.
É possível, nessa mesma linha, o cidadão ter descontos em
consultas médicas e outros serviços de bem-estar e saúde, como farmácias,
academias, etc. O que mais de um milhão de pessoas está usando é o “Mais Saúde
Brasil”. Pode ser acessado de graça, mas, há um porém. Para gozar de descontos
nos serviços, depende, evidentemente, de uma pequena mensalidade.
Nessa tecnologia estratrosbélica (louca, exagerada, fora do
comum), podemos contar também com aplicativos de pressão arterial. Eles ajudam
a melhorar os métodos de tratar a hipertensão. Segundo seus criadores, é
possível armazenar e analisar todas as medições das ditas pressões. Alguns são
tão primorosos, que geram, em tempo real, informações necessárias para tratar a
tensão arterial acima do normal, concebendo relatórios diretamente para os
médicos que assistem esses agregados.
Em caminho paralelo, podemos baixar aplicativos que reúnem
dados de saldo, extrato e pontos a vencer em um único lugar. Reformam
constantemente as informações de seus programas de fidelidade de companhias
aéreas, supermercados, postos de gasolina, cartões de crédito, hotéis e outros
bichos.
Por derradeiro, está em pleno funcionamento um app que ajuda
na compra de passagens aéreas e monitora as ofertas em companhias aéreas,
indicando aos usufrutuários as promoções e as ofertas de passagens sempre com o
melhor preço de mercado.
Às vezes nos perguntamos senhoras e senhores, como as
pessoas, antigamente, conseguiam viver, sem esses aplicativos. Coisa de louco,
diga-se de passagem. Todavia, apesar de nossa insistência ser um pouco acima do
normal, até o presente momento, não recebemos nenhuma resposta que satisfizesse
nosso ego.
Título
e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista. De Belo
Horizonte, nas Minas Gerais. 18-4-2017
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