Cesar Maia
1. A economia mundial já entrou na “primavera”, depois de “seis
anos com um crescimento econômico decepcionante”, disse, esta semana, Christine
Lagarde, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, numa conferência em
Bruxelas. Essa é “a boa notícia”, frisou, para logo a seguir apontar os riscos
imediatos e as tendências negativas que podem colocar em causa a retoma em
curso.
2. Ela antecipou a tripla mensagem que o FMI vai transmitir na
assembleia geral da primavera que se realiza no final dessa semana: é preciso
apoiar o crescimento, dando atenção ao abrandamento da produtividade
particularmente nas economias desenvolvidas; é necessário distribuir os
benefícios da globalização e da revolução tecnológica de um modo mais
equitativo; e é indispensável cooperar internacionalmente, continuando a
apostar num “enquadramento multilateral que tem servido bem o mundo”.
3. A questão da cooperação internacional mereceu-lhe uma ênfase
especial. Lagarde recordou que foi a cooperação — nomeadamente entre os
principais bancos centrais e através de orientações comuns conseguidas nas
cimeiras de líderes do G20 desde novembro de 2008 — que impediu a transformação
do colapso financeiro global de 2008 e da Grande Recessão de 2009 numa Grande
Depressão prolongada (como nos anos 1930). “Estamos todos sentados no mesmo
barco, em sentido figurado”, disse, repetindo, depois, um aviso que já fizera
no início do ano após a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e face ao
ascenso dos populismos na Europa: “Temos de evitar erros de política, ou, como
eu já os descrevi, ferimentos auto infligidos”.
4. Nessas autopunições, Lagarde chama a atenção para os riscos do
unilateralismo, minando a cooperação internacional, razão de ser do próprio
FMI. O protecionismo, defendido na retórica eleitoral de Trump ou pelos
movimentos populistas na Europa, associa-se à “incerteza política”, sobretudo
derivada do calendário eleitoral em economias chave da zona euro.
5. São riscos imediatos que podem colocar em causa a “primavera”
econômica mundial. A diretora-geral não antecipou em Bruxelas as projeções que
o World Economic Outlook do FMI irá
apresentar na próxima semana para o crescimento mundial. Em janeiro, quando o
FMI atualizou as previsões do outono anterior, apontou para uma taxa de
crescimento em trajetória ascendente neste quinquênio, com uma aceleração em
2017 para 3,4% e atingindo 3,8% em 2021.
6. A francesa recordou quem é o motor desta “primavera”: as
economias emergentes e em desenvolvimento “vão continuar a contribuir mais de
3/4 do crescimento global em 2017”. Olhando para os dados do último trimestre
de 2016, Índia, China e Indonésia lideram no crescimento. A própria exuberância
bolsista coloca em destaque a valorização do índice para o conjunto das economias
emergentes desde início do ano.
Título e Texto: Cesar Maia, 20.4-2017
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