A nação brasileira gosta das
respostas, mas é preciso tirar o saldo negativo da goleada.
Luciano Henrique
Hoje pela manhã, o Brasil247
publicou uma resposta de Dilma à afirmação de Eduardo Cunha. Ela rebatia a ótima estocada dada pelo presidente da Câmara ontem,
19/10.
É claro que Dilma iria ter que
rebater, principalmente por esperar que Cunha entrasse no ritmo “Aécio nas
eleições 2014”, que avançava, apanhava, e depois recuava sem motivo. Ela disse: “Não é meu governo que está sendo acusado”.
Em resposta, Cunha afirmou:
“Ué, não sabia que a Petrobrás não era do governo”. Leitores me perguntam se a
resposta foi boa. A resposta é sim, mas poderia ser melhor. Digamos que foi um
gol de quem está tomando uma goleada e precisa reverter o placar.
Lembremos que hoje um dos cães
de guarda do PT, Wadih Damours (PT-RJ), disse: “É engraçado isso, a presidenta Dilma sendo julgada
por um presidente da Câmara dos deputados que tem contas na Suíça, que mente na
CPI e, em breve, estará encarcerado”. Ele ainda encaixou outro golpe
espetacular: “Uma presidenta da República eleita por milhões de brasileiros
pode vir a ser julgada por esse tipo de gente”.
Isto sim é um ataque! E
ataques deste tipo não podem ser combatidos com discurso frouxo, caso contrário
nem o adversário o respeita, como principalmente muitos daqueles que estão ao
seu lado. Como de costume, os petistas tem um linguajar político muito
superior. Junto ao pessoal do PSOL e do PCdoB, além de Roberto Requião (do
próprio PMDB) e Silvio Costa (do PSC), são os únicos políticos profissionais no
Brasil que parecem ter entendido o princípio de que “na guerra política o agressor
geralmente prevalece”.
Em um ataque efetivo, Cunha
deveria lembrar que é o governo do PT que tem um PGR (Passador Geral de Régua),
que atrasa as denúncias de políticos do PT, mesmo que existam toneladas de
evidências contra eles. Valeria a pena também dizer que a corrupção do PT é
muito mais podre do que a corrupção tradicional, pois é feita para manter poder
até solidificar uma ditadura, que nos levará a uma situação de miséria igual a
dos venezuelanos. Ou seja, nenhum outro partido na história se iguala em termos
de corrupção ao PT. E deve ser lembrado que, se os brasileiros estão assustados
com a corrupção do governo do PT, basta lembrar que isso são apenas trailers
dos filmes que estão por vir, pois em países onde as ditaduras bolivarianas e
socialistas se estabeleceram a coisa é muito pior.
Isto significaria o começo de
um real levantamento de tom, e o início de um linguajar político que os
petistas entendem (e que, de fato, é a linguagem política mesmo). Não pode ser
igual ao comportamento de Aécio nas eleições de 2014, quando, após ele ter dito
que Dilma “é leviana”, foi retribuído com acusações de ser “agressivo com
mulheres”. Ao invés de aumentar o tom, denunciando o cinismo e fingimento de
Dilma, afrouxou e perdeu vários pontos entre as mulheres, o que pode ter sido
decisivo na eleição. Afrouxar, diante de petistas, é pedir para perder.
Um leitor negacionista da
política disse: “O acordo já foi feito! isso é tudo uma encenação!“. No que
respondi: “Se é uma encenação, melhor ainda que ele aumente o tom, pois
valoriza seu passe. Não há motivo para não aumentar o tom“. O negacionista
seguiu: “Só consigo ver mais uma Pizza sendo preparada!Já estou cansando de
perder noite de sono preocupado com o cenário político do país e depois
perceber que, na verdade, não existe oposição no país, salvo raríssimas
exceções!”. Minha resposta: “Se é pizza, que saia caro ao PT. Não vejo onde
isso refuta minha sugestão“.
A criticidade disto acima não
pode ser desprezada. O discurso frouxo não apenas de Eduardo Cunha, como dos
tucanos, demistas e praticamente toda a oposição, anima os negacionistas da
política, que, em muitos casos, dependem de desanimar os que acreditam em uma
solução pela via política (exemplo: impeachment) para propor uma solução fora
dela (intervenção militar ou revolução civil). Este é mais um motivo para que
Cunha aumente o tom: além de atingir o PT, ele animaria os que crêem na
política, e deixaria de dar combustível aos negacionistas.
Eduardo Cunha fez dois bons
ataques. O de hoje foi inferior ao de ontem. Dá para melhorar muito. O Brasil
precisa que o PT deixe de ficar levando vantagem apenas por escolher a
linguagem adequada.
Go, Cunha, Go….
Por favor!
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