Aparecido Raimundo de Souza
“AMAR
UMA MULHER É COMO AMAR O UNIVERSO EM TODA SUA COMPLEXIDADE”.
Tompson de Panasco
Ser mulher é se dar sem dar o corpo e sem ter que vender o
que as peças íntimas escondem. Ser mulher é chupar picolé até o palito aparecer
entre os dedos e calçar sapatos apertados sem reclamar se eles lhe fizerem
calos nos calcanhares.
Ser mulher é falar da vida alheia sem fofocar e cair no
ridículo. É beijar sem morder a língua, é tomar banho quente sem permanecer
muito tempo embaixo do chuveiro para não aumentar a conta de luz no final do
mês.
Ser mulher é comer o pão – não o que o diabo amassou - mas o
que chegou à sua mesa por méritos próprios, sem ter vergonha de se olhar no
espelho e nele ver refletida a figura safada de uma mundana que ganhava a vida
expondo o corpo às visitações libidinosas.
Ser mulher é voar sem sair do chão, cair sem bater a cabeça
na calçada, levantar a moral sem pisar seus semelhantes, acender uma luz onde
só a escuridão impera com a sua presença medonha. Ser mulher é beber sem se
embriagar. Andar na chuva sem molhar os cabelos. Ver além das aparências
efêmeras o que está do outro lado da rua ou oculto dentro de um coração
solitário.
Ser mulher é apresentar respostas imediatas e soluções
instantâneas a problemas que pareçam insolúveis. É encarar as pessoas de frente, gritar e
responder à altura, sem baixar o nível de educação. Ser mulher é saber dosar o
grau de arrogância – e se acaso tiver que extrapolar limites - não se sentir
intimidada ou acuada e, em razão disso, se fechar num silêncio constrangedor.
Ser mulher é buscar sonhos não sonhados, pisar caminhos
ainda não percorridos, se impor com a sua magia sem, no entanto, se achar uma
princesa intocável dessas saídas dos contos de fadas.
Ser mulher é lutar sem descanso por dias melhores. É tratar
de descobrir, a cada minuto, uma esperança nova, um desvio onde a estrada da
vida insista em permanecer interrompida. Ser mulher é correr atrás do amanhã
sem pisar no agora e sem perder de vista o hoje que passa lá fora.
Ser mulher é, sobretudo, não perder a alimentação que vem de
dentro da alma. É estender as mãos e dar abrigo aos que clamam por carinho e
não se desligar, jamais, da comunhão com o Supremo, nem pisar (ainda que de
mansinho), no coração do homem amado.
Ser mulher é fortalecer a base familiar. Cuidar para que as
chamas do amor permaneçam sempre acesas e velar dia e noite para que vento
nenhum (por mais valente que seja), venha e apague o ardor dessa paixão.
Ser mulher é torcer pela Seleção, chutar para gol, agarrar
todos os pênaltis e, no final dos noventa minutos, levantar, com orgulho, a
taça da vitória. Ser mulher é viver constantemente em busca do eterno. Sondar
os mistérios que emanam, como dádivas benignas da face do Senhor de todas as
coisas e as glorificar.
Ser mulher é se transformar na mãe zelosa que acaricia com
ternura infinda os seus filhotes, é ser a tábua da salvação que aparece em alto
mar para salvar o náufrago diante da morte que o espreita. Ser mulher é ter o
universo inteiro na ponta dos dedos, saber o momento exato de girar as chaves
que abrirão as portas secretas que levarão às saídas necessárias, notadamente
no instante em que tudo parecer perdido.
Ser mulher é ter a faculdade de contemplar o céu em sentido
amplo, enxergar além dos horizontes distantes e buscar a paz sonhada. Ser
mulher é igualmente, se entregar ao desconhecido, sem temer as consequências,
galgar degraus cada vez mais sólidos sem se importar se a escada cairá por não
reunir forças suficientes para aguentar seu peso.
Ser mulher é tomar refrigerante barato como se fosse uma
bebida rara, comer um PF com arroz e ovo, no bar da esquina, como se o conteúdo
do prato estivesse na lista das guloseimas mais sofisticadas de um restaurante
grã-fino. Ser mulher é carregar nas costas a humildade dos fracos, na mente à
sabedoria dos inteligentes e, no coração, a benignidade de saber perdoar.
Ser mulher é ter consigo a virtude da Mãe de Deus. É ser a
santa de todos nós, indistintamente, sem se importar em ter um altar numa
igreja de periferia. Ser mulher é ter a dádiva de gerar nove meses a sublimação
do amor e depois desse período conceber divinamente a vida plena.
Em resumo, ser mulher, faz do sexo frágil, a melhor e a mais
cobiçada obra criada pelo Altíssimo. Talvez, por isso - como tal - e do alto da
sua santa piedade, seja ela, indubitavelmente, o sustentáculo desse mundo
maravilhoso em que vivemos.
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PANFLETADO E DISTRIBUÍDO NAS SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUÍ-LO EM MEU PRÓXIMO LIVRO
“LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
Título e
texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista. Do Sítio ”Shangri-La” – Um lugar perdido no meio do nada. 4-3-2017
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Aplausos!!!
ResponderExcluirBelíssima crônica em homenagem à Mulher.